25/Jul/2022
Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras do milho seguem recuando, se distanciando cada vez mais do pico registrado no início do ano e acumulando baixa de 31,1% em 2022. O contrato com vencimento maio/2023, por exemplo, recuou do pico de US$ 7,66 por bushel em maio/2022, para US$ 5,73 por bushel na sexta-feira (22/07), acumulando uma baixa de 25,2%. No relatório de julho/2022, o USDA elevou a projeção de produção dos EUA na safra 2022/2023, de 367,3 milhões de toneladas (junho), para 368,4 milhões de toneladas. Em Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam entre US$ 5,40 e US$ 5,80 por bushel, já abaixo da faixa de US$ 5,60 a US$ 5,75 por bushel para os vencimentos de 2022. A queda acentuada dos futuros do trigo e o recuo dos preços do petróleo – que reduz a competitividade do etanol de milho nos EUA – provocam mais pressão baixista nos futuros do milho. Também pesará no mercado a notícia da sexta-feira (22/07) de que Rússia e a Ucrânia concordaram, na sexta-feira (22/07), em retomar as exportações do Mar Negro. Esta é a primeira negociação dos países desde o início da guerra.
O acordo é válido por um período de 120 dias e poderá ser renovado, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A medida estabelece que a Ucrânia exportará cerca de 5 milhões de toneladas de grãos por mês, o equivalente ao seu nível anterior à guerra. A Ucrânia é o 4º maior exportador global de milho. No Brasil, a colheita da 2ª safra recorde, a falta de espaços para armazenagem, com milho sendo deixado a “céu aberto” e a alta dos fretes internos provocam pressão baixista sobre os preços, que recuaram 18,9% entre março e julho de 2022. As cotações do milho seguem recuando nos mercados interno e externo. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F está cotado a R$ 80,85 por saca de 60 Kg, queda de 2,1% nos últimos sete dias e o menor valor nominal desde 30 de dezembro de 2020. As desvalorizações estão atreladas ao avanço da colheita da 2ª safra de 2022, que tem mantido consumidores retraídos, apostando em maiores desvalorizações. Além disso, a melhora do clima nos Estados Unidos pressiona os vencimentos futuros, que, por sua vez, reduzem os valores nos portos brasileiros. Os compradores estão atentos à limitação de armazenagem.
Relatos já indicam armazéns lotados na Região Sudeste e produto a céu aberto na Região Centro-Oeste, cenário que pode reduzir a qualidade do grão. Do lado vendedor, uma menor parte que tem estrutura de armazenagem própria e que possui capital para custear os investimentos nos próximos meses resiste em negociar o milho nos atuais valores, à espera de recuperação nos preços, fundamentados na expectativa de aumento na demanda da exportação. Por enquanto, as negociações no spot para exportação estão desaquecidas, visto que muitos produtores acabaram por esperar a proximidade da safra, mas agora esbarram nos baixos preços praticados. Paraná e Mato Grosso, que, juntos, somam mais de 60% da produção nesta temporada, estão com 6% e 63,5%, respectivamente, da produção negociada, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) e do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em 2021, esses percentuais eram de 23% e 80%, na mesma ordem. Até o momento, as estimativas de produção para esses Estados se mantêm em 15,44 milhões de toneladas no Paraná e em 39,15 milhões em Mato Grosso.
No mercado spot, os movimentos de baixa também são expressivos e ocorrem na maior parte das regiões. Nos últimos sete dias, os preços apresentam recuo de 3,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos portos, apesar da baixa dos preços externos, o dólar ainda em alta limita as desvalorizações. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), os preços registram baixa de apenas 0,1% e 0,9%, nos últimos sete dias, com média de R$ 85,29 por saca de 60 Kg e R$ 84,73 por saca de 60 Kg. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques brasileiros, até a terceira semana de julho, totalizaram 1,92 milhão de toneladas, se aproximando das 1,99 milhão de todo o mês de julho de 2021. As importações também já estão superiores em quase 10 mil toneladas, somando neste ano 152 mil toneladas. Na B3, os contratos também estão em baixa, acompanhando os movimentos dos mercados interno e externo. O contrato Setembro/2022 tem desvalorização de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 83,65 por saca de 60 Kg. O vencimento Novembro/2022 registra baixa de 1,3%, indo para R$ 86,13 por saca de 60 Kg. Com o clima favorecendo os trabalhos de campo, a colheita avança. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 16 de julho, 49,2% da área nacional havia sido colhida, contra 39,8% na semana anterior e 30% em 2021.
Especificamente em Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), até o dia 16 de julho, o Estado já havia colhido 85,3% da área estimada para esta safra, avanços de 11% em relação à semana anterior e de 33% frente à safra passada. No Paraná, até o dia 18 de julho, a colheita havia atingido 30% da área estimada, progresso de 10%, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). Em Mato Grosso do Sul, até o dia 15 de julho, 12,2% da área foi colhida, conforme dados da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Nos Estados Unidos, a manutenção das boas condições das lavouras somada à expectativa do retorno das chuvas nas próximas semanas pressiona as cotações na Bolsa de Chicago. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que as lavouras em boas condições seguem em 64%. Assim, os contratos Setembro/2022 e Dezembro/2022 registram recuo de 4% nos últimos sete dias, a US$ 5,75 por bushel e a US$ 5,73 por bushel, respectivamente. O contrato Março/2023 está cotado a US$ 5,80 por bushel, queda de 4,6% no mesmo período. Na Argentina, as atividades estão em bom ritmo. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que, até o dia 20 de julho, a colheita havia alcançado 67,2% da área estimada, aumento de 9,1%. na semana. A estimativa da produção se mantém em 49 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.