18/Jul/2022
Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras seguem acima da média histórica dos últimos 10 anos, mas se distanciam do pico registrado no início do ano, acumulando baixa de 25% em 2022. O contrato com vencimento maio/2023, por exemplo, recuou do pico de US$ 7,66 por bushel em maio/2022, para US$ 6,08 por bushel na 1ª quinzena de julho – baixa de 21%. No relatório de julho/2022, o USDA elevou a projeção de produção dos EUA na safra 2022/2023, de 367,3 milhões de toneladas (junho), para 368,4 milhões de toneladas. Em Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam entre US$ 5,60 e US$ 6,10 por bushel, já abaixo da faixa de US$ 6,00 a US$ 7,00 por bushel para os vencimentos de 2022. A queda acentuada dos futuros do trigo e o forte recuo dos preços do petróleo – que reduz a competitividade do etanol de milho nos EUA – provocam pressão baixista nos futuros do milho. No Brasil, a colheita da 2ª safra recorde, a falta de espaços para armazenagem e a alta dos fretes internos provocam pressão baixista sobre os preços, que recuaram 6% no acumulado de 2022.
No entanto, os preços atuais já estão alinhados à paridade de exportação e o dólar está em patamares mais altos, o que deverá travar baixas mais acentuadas de preços no mercado interno. Os preços do milho voltaram a recuar nos últimos dias, sobretudo nos portos. Essas recentes quedas têm feito com que os valores nos portos se aproximem dos patamares praticados no mercado interno. Em junho, a média dos preços no Porto de Paranaguá (PR) estava R$ 6,00 por saca de 60 Kg superior à média do Indicador, enquanto, nesta parcial de julho, a diferença caiu para apenas R$ 2,74 por saca de 60 Kg. O mesmo cenário é verificado no Porto de Santos (SP), com a diferença passando de R$ 5,50 por saca de 60 Kg em junho para R$ 2,82 por saca de 60 Kg no atual mês, com vantagem para o porto. Vale lembrar que, em julho do ano passado, a situação era a oposta da observado atualmente, com os preços no mercado interno superando em mais de R$ 20,00 por saca de 60 Kg a média nos portos de Paranaguá e de Santos.
Apesar das recentes desvalorizações, os embarques brasileiros seguem aquecidos neste início de segunda temporada. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, apenas nos primeiros seis dias úteis de julho, o Brasil embarcou 953,3 mil toneladas de milho, praticamente metade do volume exportado no mesmo mês de 2021 (considerando-se os 22 dias úteis). Caso o ritmo diário, de 158 mil toneladas, se mantenha até o encerramento de julho, a quantidade escoada pode somar 3 milhões de toneladas. No início da semana passada, os preços no Brasil tiveram sustentação da valorização externa, diante de preocupações com o clima quente e seco nos Estados Unidos, que poderia atrapalhar o desenvolvimento das lavouras. Mas, a divulgação de dados de oferta e demanda do Estados Unidos voltou a pressionar as cotações internacionais e, consequentemente, as brasileiras. As quedas internas estão sendo acentuadas pelo bom ritmo da colheita da 2ª safra de 2022, que faz com que os produtores fiquem mais flexíveis nas negociações, especialmente na Região Centro-Oeste, onde as atividades estão mais intensas.
Do lado dos consumidores, muitos se mostram abastecidos ou no aguardo de recebimento de lotes adquiridos antecipadamente. Diante disso, as negociações seguem limitadas no spot. Em julho, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) recuou de R$ 83,55 por saca de 60 Kg, para R$ 82,58 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a baixa é de 0,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No mês, as desvalorizações são de 2,2% e de 4,3%, respectivamente. Na B3, os contratos de milho também iniciaram a semana passada em alta, mas foram recuando diante de notícias sobre a disponibilidade mundial e do avanço da colheita brasileira. O vencimento Julho/2022 está cotado a R$ 82,54 por saca de 60 Kg, recuo de 0,3% nos últimos sete dias. Os contratos Setembro/2022 e Novembro/2022 estão cotados a R$ 85,20 por saca de 60 Kg e a R$ 87,23 por saca de 60 Kg, com quedas de 1,0% e de 0,3% no mesmo período.
Em relatório divulgado no dia 12 de julho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que os estoques norte-americanos serão de 37,3 milhões de toneladas no encerramento da safra 2022/2023, aumento de praticamente 3 milhões de toneladas frente ao divulgado no mês anterior. Além disso, a produção norte-americana também foi elevada, passando de 367,3 milhões de toneladas em junho para 368,4 milhões de toneladas neste mês. Em termos mundiais, tanto a produção quanto o consumo seguem estimados em 1,18 bilhão de toneladas em 2022/2023. Os estoques finais mundiais subiram para 312,0 milhões de toneladas, contra 310,4 milhões de toneladas estimadas no mês anterior. No campo brasileiro, a colheita segue acelerada na maior parte das regiões.
Paralisações pontuais foram observadas no oeste e sudoeste do Paraná, devido a chuvas no começo da semana passada. Em Mato Grosso, 74,4% da área estimada havia sido colhida até o dia 8 de julho, forte avanço semanal de 19%. Em Mato Grosso do Sul, 9% das lavouras foram colhidas até a o dia 8 de julho. Apesar de geadas em maio e junho, as lavouras em desenvolvimento não foram prejudicadas e a estimativa de produção segue em 9,3 milhões de toneladas. No Paraná, até o dia 11 de julho, a colheita havia alcançado 20% da área total estimada. No Brasil, até o dia 9 de julho, 40% da área nacional havia sido colhida, com avanços mais representativos em Mato Grosso e Tocantins. Além das notícias indicando maior produção nos Estados Unidos, o enfraquecimento dos preços do petróleo reforça a pressão sobre os valores internacionais. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.