11/Jul/2022
As cotações futuras do milho estão recuando na Bolsa de Chicago, tanto para os contratos com vencimentos em 2022, como para os de 2023. O USDA reduziu a projeção de recuo na área de plantio nos EUA em 2022/2023 de -4,1% para -3,7%, o que elevará o potencial produtivo da atual safra. Em Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam entre US$ 5,80 e US$ 6,30 por bushel, já abaixo da faixa de US$ 6,35 a US$ 7,80 por bushel de 2022. No Brasil, a confirmação de um recorde na 2ª safra, o avanço da colheita e a alta dos fretes internos provocam pressão baixista sobre os preços. No entanto, os preços atuais já estão alinhados à paridade de exportação e o dólar está em patamares mais altos, o que deverá travar baixas mais acentuadas de preços no mercado interno. O dólar fechou em queda na sexta-feira (08/07), no segundo dia seguido de perdas após as fortes altas recentes. A moeda norte-americana encerrou a semana vendida a R$ 5,2678, em queda de 1,42%.
Com o resultado, encerrou a semana com queda de 0,99%. No mês, a alta acumulada é de 0,67%. No ano, ainda tem desvalorização de 5,51% frente ao Real. Com o avanço da colheita na maior parte dos Estados e diante de novas estimativas oficiais indicando oferta recorde na temporada 2021/2022, os preços do milho seguem em queda, já operando, em algumas regiões, nos menores patamares desde o início do ano passado. Nem mesmo as exportações aquecidas ao longo de junho e as valorizações externas a partir de meados da última semana são suficientes para interromper o movimento de queda nas cotações domésticas. À espera de novas desvalorizações, os compradores diminuem o ritmo de aquisição de novos lotes. Além do avanço na colheita, esses agentes estão atentos à necessidade de vendas por parte de alguns agricultores, que começam a não ter espaço nos armazéns, pois muitos ainda detêm parte da soja.
Assim, os vendedores estão mais flexíveis nos valores de negociação, sobretudo os da Região Centro-Oeste. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está cotado a R$ 81,68 por saca de 60 Kg, queda de 2,2% nos últimos sete dias e o menor patamar nominal desde 5 de janeiro de 2021. Nos últimos sete dias, as baixas são de 1,8% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 3,1% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). As quedas semanais mais expressivas são registradas em Goiás e Mato Grosso. Na região de Rio Verde (GO) e Sorriso (MT), as desvalorizações são de 6,7% e de 4,0%, respectivamente. Na B3, os contratos futuros seguem pressionados pela colheita. O contrato Julho/2022 registra queda de 2,2% nos últimos sete dias, a R$ 82,82 por saca de 60 Kg e o Setembro/2022 tem recuo de 1,2% no mesmo período, a R$ 86,06 por saca de 60 Kg. Nos portos brasileiros, os valores seguem em queda, apesar de algumas ofertas terem sido realizadas a preços maiores.
O milho negociado no Porto de Paranaguá (PR) apresenta desvalorização de 4% nos últimos sete dias; no Porto de Santos (SP), a queda é de 4,5%. Quanto às exportações, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), somaram 1,05 milhão de toneladas em junho, forte aumento frente às 92 mil toneladas escoadas no mesmo mês de 2021. Para julho, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) prevê que os embarques somem 5,4 milhões de toneladas. Do lado das importações, totalizaram 151 mil toneladas, 30% superior ao volume de junho/2021. Em relatório divulgado no dia 7 de julho, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou novamente a oferta de milho da 2ª safra de 2022 frente aos dados apontados em junho, e praticamente manteve os números da safra de verão (1ª safra 2021/2022) e da 3ª safra de 2022. Para a 2ª safra de 2022, o aumento da estimativa se deve aos elevados preços do cereal e da antecipação da colheita de soja, que permitiu a semeadura de uma área maior de milho dentro da janela considerada ideal.
Assim, a produção está estimada em 88,4 milhões de toneladas na 2ª safra de 2022. A safra de verão (1ª safra 2021/2022) e a 3ª safra de 2022 são apontadas em, respectivamente, 24,8 milhões de toneladas e 2,4 milhões de toneladas. No agregado, a produção brasileira na temporada 2021/2022 deve somar 115,6 milhões de toneladas, 33% acima da oferta de 2020/2021 e um recorde. A demanda segue estimada em 77,2 milhões de toneladas e as exportações, em 37,5 milhões de toneladas. O excedente interno é previsto em 46 milhões de toneladas. Caso as estimativas se confirmem, restarão ao final da temporada, em janeiro/2023, 10,4 milhões de toneladas, 35% acima da temporada anterior, mas ainda 11% menor que a média dos últimos cinco anos no campo, o clima mais seco em boa parte do País – especialmente na Região Centro-Oeste – continua favorecendo a colheita.
No Paraná, apesar das baixas temperaturas registradas nos últimos dias, os atuais estágios das lavouras diminuem as chances de perdas. A colheita no estado totalizava 10% da área até o dia 5 de julho, avanços de 4% na semana e de 7% no ano. Em Mato Grosso, a colheita de milho da 2ª safra avançou 18,9% na última semana e alcançou 74,4% da área plantada no Estado, ante 55,5% uma semana antes. O percentual supera o apurado em igual período do ano passado, de 35,5%. As estimativas de produção seguem em 39,160 milhões de toneladas, mas podem ser alteradas com a colheita das áreas que foram prejudicadas pela estiagem entre abril e maio. Em Mato Grosso do Sul, 5,7% das lavouras foram colhidas até o dia 1º de julho. Nos estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, até o dia 2 de julho, os trabalhos chegaram a 12%, 13% e 7% nessa ordem. No Brasil, a média da área colhida é de 28%. Na Argentina, a colheita começou a se acelerar na maior parte das regiões produtoras e, com o clima seco, os trabalhos avançaram 5,5%, totalizando, até o dia 7 de julho, 53% da área nacional. Fonte: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.