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04/Jul/2022

Pressão baixista se acentua sobre preços do milho

A tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados no curto prazo, mas o viés é baixista no longo prazo. O USDA reduziu a projeção de recuo na área de plantio nos EUA em 2022/2023 de -4,1% para -3,7%, o que elevará o potencial produtivo da atual safra. Em Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam entre US$ 5,75 e US$ 6,20/bushel, já abaixo da faixa de US$ 6,00 a US$ 7,50/bushel de 2022. No Brasil, a confirmação de um recorde na 2ª safra, o avanço da colheita e a alta dos fretes internos provocam pressão baixista sobre os preços. No entanto, os preços atuais já estão alinhados à paridade de exportação e o dólar está em patamares mais altos, o que deverá travar baixas mais acentuadas de preços no mercado interno. A alta do dólar atenua as quedas dos preços do milho no Brasil. Após encerrar junho com alta de 10,15%, o maior avanço mensal desde março de 2020, o dólar emendou o terceiro pregão seguido de valorização e fechou a sexta-feira (1º/07) acima da linha de R$ 5,30 pela primeira vez desde fevereiro, a R$ 5,32.

Os preços do milho seguem em queda no Brasil, pressionados pelo aumento na oferta, tendo em vista o avanço da colheita da 2ª safra de 2022. O movimento de queda é reforçado também por desvalorizações no mercado internacional. Nos Estados Unidos, as cotações estão sendo influenciadas por dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando aumento de estoques em relação à safra passada e maior área semeada na temporada 2022/2023 frente aos dados de março deste ano. Diante desse cenário, os compradores seguem afastados, na expectativa de adquirir lotes a valores menores nas próximas semanas. Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram baixa de 1,3%. No mercado de lotes (negociação entre empresas), a queda é de 3,0%. No mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra queda de 2,8%, a R$ 83,55 por saca de 60 Kg, e voltando aos patamares registrados em novembro de 2021. Na B3, o vencimento Julho/2022 tem desvalorização de 2,4% nos últimos sete dias, indo para R$ 84,64 por saca de 60 Kg. O contrato Setembro/2022 apresenta recuo de 2,1%, para R$ 87,10 por saca de 60 Kg.

Nos portos, a queda no preço externo está reforçando o movimento de baixa nos valores do milho no Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP). Nos últimos sete dias, as desvalorizações são de 7% no Porto de Paranaguá (PR) e de 1% no Porto de Santos (SP) e, no acumulado de junho, de 6% e de 3%, respectivamente. Nos Estados Unidos, relatório divulgado pelo USDA no dia 30 de junho, indicou que a área semeada com o cereal aumentou 0,4% frente ao relatório de março, indo para 36,38 milhões de hectares. Quanto aos estoques, até o dia 1º de junho, eram de 110,4 milhões de toneladas, contra 199,4 milhões de toneladas estimados em 1º de março. Na comparação com o ano anterior, a área é 3,7% menor, mas os estoques são 5,7% superiores. Na Bolsa de Chicago, em junho, o contrato Setembro/2022 tem recuo de 13%, para US$ 6,28 por bushel. As quedas nos preços externos só não foram mais intensas em função das preocupações com a piora das condições das lavouras norte-americanas de milho. O USDA relatou que 67% da safra 2022/2023 estava em condição entre boa e excelente até o dia 29 de junho, contra 70% na semana passada.

Além disso, 25% têm condição média e 8%, ruim e muito ruim. A formação de espiga está em 4% das lavouras, perceptual em linha com o mesmo período de 2021. No Brasil, o tempo seco e quente permitiu o avanço da colheita na Região Centro-Oeste. Em Mato Grosso, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 35,7% da área semeada havia sido colhida até o dia 24 de junho, contra apenas 9,71% no mesmo período do ano passado. Com a colheita evoluindo bem, aumentam os relatos de milho estocado a céu aberto, vale lembrar que o cereal mantido nestas condições pode ter a qualidade prejudicada. Os trabalhos também estão adiantados em Mato Grosso do Sul. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a área colhida até o dia 24 de junho somava 2,9%, contra 0,3% no ano anterior. O adiantamento ocorre devido ao fato de a semeadura ter sido realizada na janela considerada ideal.

No Paraná, a melhora do clima permitiu a retomada dos trabalhos em ritmo mais intenso. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) apontou que, até o dia 27 de junho, 6% da safra do Paraná havia sido colhida, avanço semanal de 2%. A oferta do Paraná deve somar 15,44 milhões de toneladas, 500 mil toneladas a menos que o indicado em maio. Em São Paulo e Goiás, a colheita foi iniciada, mas acabou sendo interrompida em algumas regiões, tendo em vista a alta umidade dos grãos. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a colheita em São Paulo totaliza 4% da área e em Goiás, 7%. Dados da Conab mostram que, na média do Brasil, a colheita somava 20,4% da área até o dia 25 de junho. Segundo dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, na Argentina, com a umidade dos grãos diminuindo, a colheita progrediu 4,2% em uma semana, atingindo 46,5% da área cultivada. Segundo dados da Emater-RS, divulgados no dia 30 de junho, a colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022) foi finalizada no Rio Grande do Sul, apesar da incidência de chuvas durante a semana passada. Para a Conab, a média nacional é de colheita de 93% da área até o dia 25 de junho. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.