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27/Jun/2022

Pressão baixista volta a afetar os preços do milho

No mercado interno de milho, a pressão baixista voltou a se impor sobre os preços do grão, com a queda dos futuros em Chicago e o avanço da colheita da 2ª safra recorde no Brasil. Na Bolsa de Chicago, o contrato com vencimento julho/2022 recuou de US$ 8,15 por bushel no dia 29 de abril para US$ 7,49 por bushel na sexta-feira passada (24/06), uma expressiva queda de 8,1%, seguindo as perdas do trigo neste mesmo período. As fortes baixas também são influenciadas pelas previsões de clima mais favorável para as lavouras nos Estados Unidos para os próximos dias, além de preocupações com a desaceleração econômica mundial e notícias de novo lockdown na China. Por outro lado, a alta do dólar vem contendo quedas mais acentuadas no mercado interno. Entre o primeiro dia de abril e a última sexta-feira (24/06), o dólar subiu de R$ 4,65, para R$ 5,25, acumulando um avanço de 12,9% neste período.

Após as altas registradas na semana anterior, os preços do milho voltaram a cair, influenciados pelo avanço da colheita da segunda safra, que tem sido beneficiada pelo clima seco na maior parte das regiões produtoras, e pela consequente maior pressão de compradores. A Conab indica que a colheita da segunda safra alcançou os 11% até o dia 18 de junho, avanço frente aos 4,9% da semana anterior e os 3,6% observados no mesmo período da temporada 2020/21, com progresso mais representativo das atividades em Mato Grosso. Ao mesmo tempo, a baixa expressiva dos preços internacionais nesta semana fez com que vendedores reduzissem o interesse de negociar nos portos brasileiros, visto que esse cenário diminui a paridade de exportação. Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F fechou a semana a R$ 85,92 por saca de 60, acumulando um recuo de 0,4% em uma semana. Neste mês, o Indicador tem média de R$ 85,99 por saca de 60 kg, a menor, em termos reais (deflacionados com o IGP-DI de maio/2022), desde setembro de 2020.

No mercado spot, na média das regiões, os preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registraram queda de 3,6% e, no mercado disponível, (negociações entre as empresas), a baixa foi de 1,1% nos últimos sete dias. As desvalorizações mais significativas foram observadas nas regiões que avançaram mais com a colheita, como os estados de Mato Grosso e Paraná. Nas praças de Campo Novo do Parecis (MT) e Norte do Paraná, as quedas no mercado disponível foram de 7,2% e 5,2%, respectivamente, no mesmo período. As cotações recuaram até mesmo em regiões consumidoras, como Recife (PE), onde a baixa foi de 1,6% nos últimos sete dias. Na B3, os contratos de milho também registraram baixa, acompanhando o mercado físico, que, por sua vez, recuam com a expectativa de segunda safra recorde no Brasil. Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2022 recuou 3,7%, para R$ 86,70 por saca de 60 kg, e o contrato Setembro/2022 se desvalorizou significativos 4,1% no mesmo período, para R$ 88,96 por saca de 60 kg.

Nos portos, apesar do ritmo de embarques superior ao observado no mesmo período da temporada passada, as novas negociações estiveram lentas, e os preços, em queda, mesmo com a valorização da moeda norte-americana. Os preços do milho disponível (negociações entre empresas) nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) recuaram 0,1% e 6,6% nos últimos sete dias, para R$ 93,02 por saca de 60 kg e a R$ 88,04 por saca de 60 kg, respectivamente. Segundo a Secex, no acumulado de junho (12 dias úteis), o Brasil embarcou 431 mil toneladas do grão, quase quatro vezes superior ao exportado em todo o mês de junho de 2021. Com o ritmo diário atual de 35 mil toneladas, o total no mês pode chegar a 754,93 mil toneladas. No campo, o clima seco favoreceu avanços significativos das atividades no Centro-Oeste. Em Mato Grosso, a colheita segue acelerada, e produtores já indicam problemas para armazenar a nova safra. As regiões médio-norte e nordeste de MT seguem com as atividades mais avançadas.

No Paraná, a colheita da segunda safra ainda está em ritmo lento devido às chuvas dos últimos dias, que deixaram as lavouras com alta umidade. A maioria das lavouras (75%) está em boas condições. Em Mato Grosso do Sul, com área de 1,9 milhão de hectares semeados, a estimava para essa temporada é de produzir 9,34 milhões de toneladas. Até o dia 17 de junho, 0,6% da área total havia sido colhida. Na Argentina, a colheita do milho avançou com a melhora da umidade e a finalização dos trabalhos de campo da soja. Até o dia 23, 42,3% da área havia sido colhida, com rendimento médio de 7 toneladas/hectare. Nos Estados Unidos, as lavouras de milho apresentaram leve piora nas condições de desenvolvimento, em decorrência do clima adverso no começo do mês. Segundo relatório do USDA, até o dia 19, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 70% da área, 2 pontos percentuais abaixo do registrado na semana anterior, mas 5 pontos percentuais maior que no mesmo período de 2021. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.