13/Jun/2022
No mercado externo, a tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados. O conflito na Ucrânia reduz a oferta de milho para exportação e a alta do petróleo impulsiona a produção de etanol de milho nos EUA. A previsão de forte recuo (-4,1%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é altista para os preços futuros nos curto e longo prazos. Entretanto, as baixas nos futuros do trigo provocaram uma acomodação dos preços praticados para o milho em Chicago. Na Bolsa de Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 7,20 e US$ 7,80 por bushel e para 2023 de US$ 6,50 a US$ 7,25 por bushel. Mesmo com quedas pontuais na 2ª safra de 2022, a estimativa da nossa Consultoria é de recorde de 113,9 milhões de toneladas na safra 2021/2022 (+30,8% sobre 2020/2021) e de um novo recorde, de 130,4 milhões de toneladas no total das 3 safras de 2022/2023 (+14,4% sobre a 2021/2022). O avanço da colheita da 2ª safra recorde no Brasil em 2022 está ampliando a oferta interna e vinha provocando uma pressão baixista sobre os preços domésticos.
Porém, há um limite de baixa dos preços internos, que é a paridade de exportação no 2º semestre de 2022. Impulsionados pela demanda mais aquecida e pelas valorizações do dólar e externa, os preços do milho subiram nos portos brasileiros. Diante disso, os valores do cereal no interior do País também reagiram, interrompendo, portanto, o movimento de queda diária consecutiva que vinha sendo verificado desde meados de maio. Nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), os preços do milho subiram 2,7% e 3,4% de 2 a 9 de junho, fechando a R$ 92,83 por saca de 60 Kg e a R$ 93,31 por saca de 60 Kg, respectivamente. Para entregas entre julho e agosto, negócios chegaram a ser realizados em até R$ 95,00 por saca de 60 Kg. O dólar voltou a se aproximar do patamar de R$ 5. Considerando-se a média das regiões pesquisadas, nos últimos sete dias, o aumento no preço foi de 1,8% no mercado de balcão (ao produtor); já no mercado de lotes (negociação entre empresas), os valores se mantiveram estáveis.
Apesar da recente reação e do maior interesse vendedor em negociar nos portos, compradores aguardam o andamento da colheita e a possibilidade de safra recorde para retornar as aquisições. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) teve alta de 0,4% em sete dias, para R$ 85,42 por saca de 60 Kg. Os compradores se mantiveram afastados na maior parte da semana, limitando as altas nos preços. Na B3, apesar das previsões de safra recorde, as elevações nos preços externos e nos portos impulsionaram as cotações futuras nos últimos sete dias. Os contratos Julho/2022 e Setembro/2022 se valorizaram 3,5% e 3,7%, respectivamente, indo para R$ 89,60 por saca de 60 Kg e R$ 92,74 por saca de 60 Kg. As altas externas estiveram atreladas a preocupações com a oferta mundial do cereal, tendo em vista que boa parte do suprimento europeu ainda está na região de conflito do Mar Negro. Além disso, há preocupações com a safra dos Estados Unidos – apesar da recente melhora das lavouras, produtores estão atentos ao clima quente e seco no Centro-Oeste daquele país.
Dados divulgados no dia 6 pelo USDA indicam que 73% da safra norte-americana apresentava condição entre boa e excelente, próximo dos 72% no ano anterior. Relatório da Conab divulgado no dia 8 indicou que a produção da 2ª safra deve totalizar 88 milhões de toneladas, crescimento de 45% sobre a temporada anterior e um recorde para uma segunda temporada, considerando-se desde o início do acompanhamento da Conab, em 1976/1977. Adicionando-se a safra de verão e a terceira safra, a oferta da temporada 2021/2022 deve chegar a 115,2 milhões de toneladas, um recorde. O consumo interno continua estimado em 77,1 milhões, e as exportações foram apontadas para chegar a 37 milhões de toneladas. As importações estão estimadas em 1,7 milhão de toneladas. Os trabalhos de campo envolvendo a 2ª safra seguem lentos, ocorrendo com mais intensidade em Goiás e Mato Grosso. No Paraná, as chuvas pontuais ainda atrapalham o avanço da colheita, que se concentra nas regiões de Cascavel, Ponta Grossa e Maringá e que não chegou a 1% da área estadual.
Em Mato Grosso, até a primeira semana de junho, 5,9% da área cultivada com milho 2ª safra havia sido colhida no estado. A falta de chuvas desde abril reduziu a produtividade, que caiu 1,6% neste mês frente ao relatório anterior. Agora, a estimativa de produção é de 39,3 milhões de toneladas. Em Goiás, até 4 de junho, 2% da área estadual havia sido colhida. A média nacional está em 3%, 2,2 pontos percentuais acima da temporada anterior. Para a safra de verão, a Conab indica que o percentual colhido é de 86,7%, restando apenas os estados do Maranhão, Piauí, da Bahia e do Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, a alta umidade no campo fez com que colheita avançasse pouco, apenas 3 pontos percentuais em uma semana, totalizando 95% da área até o dia 9. Na Argentina, à medida que a colheita de soja chega ao final, produtores intensificam os trabalhos envolvendo o milho. 34% das lavouras foram colhidas, 2 pontos percentuais acima da semana anterior, segundo os dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.