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16/Mai/2022

Tendência é de alta do milho com o clima adverso

A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com os futuros em alta em Chicago, a alta do dólar e as adversidades climáticas que têm assolado a 2ª safra de milho no Brasil, as quais poderão reduzir a produção em relação à expectativa inicial. O dólar fechou a sexta-feira (13/05) em R$ 5,05, em baixa de 1,6%, o que levou a moeda a encerrar a semana passada em leve queda (-0,3%), após ter subido 2,8% na semana anterior. Com isso, os ganhos do dólar em maio agora são de 2,3%. Em 2022, a divisa acumula perdas de 9,3%. Apesar da expectativa de safra recorde no Brasil, os valores do milho estão em alta, interrompendo, portanto, o movimento de queda diária que vinha sendo verificado desde o encerramento de abril. Os preços domésticos são influenciados pela apreensão de agentes com a chegada de uma frente fria em parte das regiões produtoras, que pode trazer geadas e, consequentemente, prejudicar o atual bom desenvolvimento das lavouras.

Esse cenário tem limitado o ritmo de negócios internos. Além disso, as cotações também estão sendo impulsionadas pelas altas externas do cereal, que, por sua vez, subiram diante de estimativas oficiais indicando possível queda na produção mundial, devido ao clima desfavorável nos Estados Unidos e a dificuldades diante da guerra na Ucrânia. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), apesar do aumento da produção na América do Sul, a oferta e os estoques mundiais de milho devem cair na safra 2022/2023. Os Estados Unidos e a Ucrânia devem produzir 367,3 milhões de toneladas e 19,5 milhões de toneladas, respetivamente, quedas de 4% e de fortes 53% em comparação com a temporada 2021/2022. Para o Brasil e a Argentina, os aumentos são de 8% e de 4%, totalizando 126 milhões de toneladas e 55 milhões de toneladas, na mesma ordem. Com a menor produção global e a demanda praticamente estável entre as temporadas (redução de apenas 0,3%), os estoques finais devem recuar 1,3%.

Porém, ao se analisar a relação estoque/demanda, ainda representarão 25,9%, se mantendo próximos da média das últimas cinco safras, de 27%. No Brasil, a Conab estima a safra atual (2021/2022) em 114,5 milhões de toneladas, alta de 31,6% em relação à temporada anterior, mas queda de 1% na comparação com o relatório de abril. Esse recuo foi decorrente de ajustes nas produções da safra de verão (1ª safra 2021/2022) e 2ª safra de 2022, agora indicadas em 24,7 milhões de toneladas e em 87,7 milhões de toneladas, respectivamente. O consumo interno passou a ser estimado em 77,1 milhões de toneladas, 7% acima da temporada passada. Neste cenário, os estoques ao final da temporada passaram a ser estimados em 9,8 milhões de toneladas, 965 mil toneladas abaixo da estimativa de abril. Isso segue indicando um cenário mais confortável em termos de disponibilidade interna de milho. Por enquanto, as exportações estão estimadas pela Conab em 37 milhões de toneladas.

Na Bolsa de Chicago, o vencimento Maio/2022 registra avanço de 1,21% nos últimos sete dias, a US$ 8,13 por bushel. No Brasil, nos últimos sete dias, há aumento de 0,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na região de Campinas (SP), apesar da baixa demanda, os vendedores estão limitando as ofertas, e os preços voltaram a registrar altas a partir do dia 11 de maio. Mas, ainda assim, nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F apresenta queda de 1,2%, a R$ 86,40 por saca de 60 Kg. Na B3, os contratos para o segundo semestre deste ano estão se valorizando, influenciados por notícias de clima frio no Brasil e pela possibilidade de maior demanda externa pelo cereal nacional, devido à menor oferta na Ucrânia e ao atraso da safra dos Estados Unidos. Os contratos Julho/2022 e Setembro/2022 apresentam valorização de 3,8% e 4,0%, respectivamente, a R$ 96,49 por saca de 60 Kg e a R$ 98,81 por saca de 60 Kg. O contrato Maio/2022, que se encerra nesta semana, tem recuo de 2,1% nos últimos sete dias, a R$ 86,98 por saca de 60 Kg.

A demanda internacional mais aquecida tem elevado o ritmo de negócios nos portos para entrega a partir de junho e impulsionado os preços do cereal. Os fechamentos são realizados a até R$ 98,00 por saca de 60 Kg, para pagamento entre o final de junho e/ou início de julho. No spot, apesar das valorizações externa e do dólar, a comercialização ainda é pontual. No Porto de Paranaguá (PR), os preços registram baixa de 1,3% nos últimos sete dias, a R$ 92,55 por saca de 60 Kg. A semeadura de milho nos Estados Unidos segue avançando, mas em ritmo muito abaixo das últimas temporadas. Segundo o USDA, apenas 22% da área havia sido semeada até o dia 8 de maio, contra 64% no mesmo período do ano passado e 50% na média dos últimos cinco anos. No Brasil, apesar do clima seco na Região Centro-Oeste nas últimas semanas e de temporais no Paraná, agentes não relatam impactos do clima sobre a produtividade e o desenvolvimento das lavouras. Segundo a Conab, a colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022) chegou a 76% da área nacional. Quanto à 2ª safra de 2022, a colheita em Mato Grosso pode começar em algumas áreas. No Paraná, o desenvolvimento está satisfatório. A qualidade das lavouras do Estado está superior à da temporada anterior, com 88% em boas condições, 10%, em medianas e 2%, em ruins. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.