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09/Mai/2022

Tendência de pressão baixista sobre preço do milho

Os preços do milho seguem em queda em parte das regiões brasileiras, influenciados pela menor demanda. Os compradores se mostram abastecidos e atentos às boas perspectivas quanto à 2ª safra de 2022. Nem mesmo as altas nos preços externos e do dólar foram suficientes para interromper o movimento de queda no spot nacional. Além disso, os produtores também têm interesse em negociar, seja para “fazer caixa” ou para liberar espaços nos armazéns. Neste contexto, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra baixa de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 86,63 por saca de 60 Kg, um dos menores patamares deste ano. Nos últimos sete dias, os valores apresentam recuo de 1,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). No mercado externo, a tendência é de cotações futuras sustentadas nos curto e longo prazos.

A previsão de forte recuo (-4,1%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é altista para os preços futuros nos curto e longo prazos. O conflito Rússia x Ucrânia – países que respondem, juntos, por 20% das exportações globais – e os preços elevados do petróleo – que impulsionam a produção de etanol de milho nos EUA – são fatores de sustentação. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 7,20 e US$ 8,00 por bushel. A expectativa é de uma 2ª safra recorde no Brasil em 2022 e que poderá ampliar a oferta interna, contendo uma recuperação dos preços no 2º semestre de 2022. Porém, há um risco climático para a 2ª safra, que passa por um período prolongado de seca no Centro-Oeste. Além disso, o dólar emendou o segundo dia de alta firme no mercado doméstico na sessão de sexta-feira (06/05), superando a barreira de R$ 5,10 nos momentos de maior pressão, e encerrou a primeira semana de maio com valorização de 2,68%, vindo de uma escalada de 3,81% em abril. No fim da sessão, o dólar fechou cotado a R$ 5,07, em alta de 1,17%.

Portanto, no médio prazo, os preços poderão retomar a tendência altista no Brasil. Ao contrário do spot, o mercado futuro apresenta um cenário mais positivo, mesmo diante da expectativa de bom volume na 2ª safra de 2022. Isso se deve a preocupações com as safras nos Estados Unidos, na Ucrânia e na Argentina, que vêm apresentando problemas na semeadura e no desenvolvimento das lavouras. Assim, na B3, os vencimentos de curto prazo, como Maio/2022 e Jul/2022, apresentam respectivos fechamentos de R$ 88,88 por saca de 60 Kg e de R$ 93,00 por saca de 60 Kg. Já os três últimos contratos de 2022 estão mais elevados, com Setembro/20022 a R$ 95,03 por saca de 60 Kg e Novembro/2022, a R$ 97,46 por saca de 60 Kg. Nos portos, os valores também estão em sustentação. No Porto de Paranaguá (PR), as médias das intenções de compra e de venda para agosto e setembro são de R$ 94,50 por saca de 60 Kg e de R$ 95,30 por saca de 60 Kg, ao passo que, no mesmo período de 2021, não foram observadas tantas negociações.

Além disso, os preços do milho nos portos brasileiros estão acima dos do interior do País, o que evidencia a vantagem de se exportar milho. Na parcial de maio (quatro primeiros dias úteis), a média no Porto de Paranaguá (PR) está R$ 6,00 por saca de 60 Kg acima do Indicador, contra diferença de R$ 1,70 por saca de 60 Kg em abril. No campo brasileiro, os trabalhos seguem favorecidos pelo clima. Na semana passada, choveu em boa parte das regiões produtoras, o que deve beneficiar o desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2022. No entanto, precipitações atrapalharam a finalização da colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022) em parte da Região Sul do País. Quanto à 2ª safra de 2022, com a semeadura finalizada, as atenções se voltam ao desenvolvimento. No Paraná, a estimativa é de produção recorde, de 16 milhões de toneladas.

Em Mato Grosso, há uma revisão das estimativas de produção para o Estado, indicando colheita de 30,35 milhões de toneladas, 3% abaixo dos dados do mês anterior, mas ainda 21% superior à da temporada passada. Apesar do adiantamento da semeadura, o baixo volume de chuvas em abril prejudicou a produtividade das lavouras. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta produção de 49 milhões de toneladas, 3,5 milhões de toneladas inferior à safra anterior. Até o dia 5 de maio, 25% da área nacional foi colhida. Nos Estados Unidos, o clima desfavorável (frio e alta umidade no Meio Oeste) tem atrasado o cultivo da nova safra (2021/2022), o que resulta em alta nos preços em parte da semana passada. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 14% da safra norte-americana de milho 2021/2022 foi semeada até o dia 1º de maio, contra 42% no mesmo período de 2021 e 33% na média dos últimos cinco anos. Com isso, no início da semana passada, os preços avançaram de maneira expressiva. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.