02/Mai/2022
A tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados nos curto e longo prazos. A previsão de forte recuo (-4,1%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é altista para os preços futuros nos curto e longo prazos. O conflito Rússia x Ucrânia – países que respondem, juntos, por 20% das exportações globais – e os preços elevados do petróleo – que impulsionam a produção de etanol de milho nos EUA – são altistas para o grão. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 7,50 e US$ 8,30 por bushel e para 2023 de US$ 6,70 a US$ 7,50 por bushel. Nos Estados Unidos, os vencimentos seguem operando nos patamares mais elevados desde 2012. O contrato Maio/2022 na Bolsa de Chicago registra valorização de 2,1% nos últimos sete dias, indo para US$ 8,18 por bushel. O contrato Julho/2022 apresenta alta de 2,3% no mesmo período, a US$ 8,13 por bushel.
Além de preocupações com o atraso da semeadura nos Estados Unidos, os futuros também estão sendo impulsionados pela melhora na demanda chinesa e pelos dados de produção e de estoques de etanol. No dia 28 de abril, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou que exportadores venderam 1,08 milhão de toneladas para a China. No dia 27 de abril, a Administração de Informação de Energia relatou que os estoques norte-americanos de etanol ficaram 1,2% menores na semana encerrada em 22 de abril, com 24 milhões de barris, o menor volume desde janeiro. A expectativa de uma 2ª safra recorde no Brasil em 2022 poderá ampliar a oferta interna e conter uma alta de preços mais intensa no 2º semestre de 2022. Os agentes do setor de milho seguem atentos ao clima desfavorável à semeadura nos Estados Unidos e ao desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2022 no Brasil, contexto que vem limitando a liquidez no spot nacional.
Parte dos consumidores relata ter estoques confortáveis, enquanto os vendedores analisam a necessidade de realização de caixa e/ou de liberar espaços nos armazéns. Nos Estados Unidos, desde o início da temporada, as baixas temperaturas têm atrapalhado a semeadura, que está em ritmo lento frente ao esperado pelo mercado ou mesmo na comparação com o ano anterior. Até o dia 24 de abril, apenas 7% da área estimada para ser ocupada com milho havia sido semeada, contra 16% no mesmo período de 2021 e 15% na média de 2017 a 2021, segundo apontam dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Por enquanto, a produção norte-americana é estimada pelo USDA em 383,94 milhões de toneladas, e, caso a produtividade caia diante de previsões de clima frio e úmido, a demanda pelo milho brasileiro pode crescer. Vale lembrar que outros importantes fornecedores do cereal, como Ucrânia e Argentina, também enfrentam problemas na atual temporada.
Na Ucrânia, além das interrupções nos embarques no Mar Negro, a semeadura prevista para abril e maio pode não acontecer da maneira ideal, diante de dificuldades no transporte dos insumos. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima que serão produzidas 3,5 milhões de toneladas a menos nesta temporada, totalizando 49 milhões de toneladas em 2021/2022. Até o dia 28 de abril, 24,6% das lavouras do país haviam sido colhidas, avanço semanal de apenas 1,4%, pois foi limitado pela colheita da soja. No Brasil, a semeadura da 2ª safra de 2022 foi finalizada e o desenvolvimento das lavouras está satisfatório na maior parte das regiões. No entanto, os produtores de algumas localidades da Região Centro-Oeste estão em alerta, porque não chove há mais de duas semanas. No Paraná, um temporal com granizo no início da semana passada danificou algumas plantações. Ainda assim, no geral, as estimativas são positivas para a temporada brasileira em 2021/2022.
A produção está estimada em um recorde de 16 milhões de toneladas no Paraná, 100 mil toneladas a mais que o volume apontado no relatório anterior e três vezes mais que na safra 2020/2021, quando apenas 5,7 milhões de toneladas de milho foram colhidas. A produção brasileira da 2ª safra de 2022 segue estimada pela nossa Consultoria em 91,0 milhões de toneladas, um recorde. Quanto à safra de verão (1ª safra 2021/2022), a colheita somava, até o dia 23 de abril, 66% da área plantada. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra avanço de 0,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 88,38 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços do milho apresentam avanço de 2,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Nos portos, a demanda está mais aquecida, principalmente para o segundo semestre, com os preços chegando a patamares superiores aos praticados no mercado interno. Para agosto e setembro, as médias dos preços em abril foi de R$ 93,66 por saca de 60 Kg e R$ 93,22 por saca de 60 Kg, respectivamente, acimas dos atuais valores no spot e superiores aos praticados na B3, onde o contrato Setembro/2022 teve média de R$ 90,92 por saca de 60 Kg em abril. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.