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21/Mar/2022

Tendência é altista para preços do milho no Brasil

A tendência é altista para os preços do milho no mercado interno, com a forte alta das cotações futuras do trigo nas últimas semanas no mercado externo, quebras na safra de verão no Brasil (1ª safra 2021/2022) e na Argentina, forte alta da cotação do petróleo – que impulsiona a produção de etanol de milho nos EUA – e expectativa de redução da área plantada nos EUA na safra 2022/2023. Ucrânia e Rússia, juntos, respondem por 16% das exportações globais de milho e 29% do comércio global de trigo: milho e trigo têm preços correlatos no mercado internacional. As quebras na safra da América do Sul, os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia e a forte alta da cotação do petróleo já estão precificados nos futuros da Bolsa de Chicago. Em Chicago, há um largo spread entre vencimentos mais curtos e mais longos: os futuros com vencimentos em 2022 oscilam entre US$ 6,40 a US$ 7,50/bushel, enquanto os contratos para 2023 operam entre US$ 5,70 a US$ 6,40/bushel.

A confirmação da 2ª safra recorde no Brasil pode conter o viés de alta a partir do 2º semestre/2022. As cotações do milho no Porto de Paranaguá (PR) vêm avançando significativamente neste mês, impulsionadas pela maior demanda internacional e pelos aumentos nos preços externos, que vêm sendo repassados parcialmente ao mercado interno. No acumulado da parcial deste mês, o milho negociado no Porto de Paranaguá (PR) registra valorização de fortes 19,3%. A maior demanda externa, por sua vez, se deve ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que estão entre os cinco maiores exportadores mundiais de milho. Além disso, o governo argentino sinaliza diminuir o volume exportado, visando preservar a oferta interna. As exportações brasileiras ainda estão lentas. Nos oito primeiros dias úteis de março, o Brasil exportou apenas 2,8 mil toneladas, representando 1% do embarcado em todo o mês de março de 2021. No entanto, na semana passada, os compradores estiveram ativos no Porto de Paranaguá (PR), com negócios sendo realizados a preços acima dos praticados no interior do País.

Considerando-se as médias da parcial deste mês, o milho é comercializado no Porto de Paranaguá (PR) a R$ 6,00 por saca de 60 Kg saca acima do Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP), a R$ 5,80 por saca de 60 Kg superior à média do norte do Paraná e R$ 4,70 por saca de 60 Kg acima do preço de Ponta Grossa. Ressalta-se que, até fevereiro, os preços nos portos estavam inferiores aos destas mesmas regiões. A partir do dia 17 de março, especificamente, alguns vendedores começaram a mostrar menor interesse, indicando ter realizado boa parte das compras de março e uma parcela também para abril. Assim, os preços no Porto de Paranaguá (PR) registram leve recuo de 1% nos últimos sete dias, com média de R$ 108,39 por saca de 60 Kg. Os consumidores brasileiros, por sua vez, relatam dificuldades na compra de novos lotes, já que os vendedores, observando os preços maiores nos portos, estão elevando suas indicações por novos lotes.

Nos últimos sete dias, há uma alta de 1,0% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No dia 14 de março, especificamente, o Indicador ESALQ/BM&F chegou a atingir novo recorde nominal da série histórica, ao fechar a R$ 103,90 por saca de 60 Kg, mas recuou nos dias seguintes. No dia 17 de março, o Indicador fechou a R$ 103,57 por saca de 60 Kg, alta de 2,1% em relação ao dia 10 de março. Na B3, os contratos futuros estão em baixa, refletindo o clima favorável à 2ª safra de 2022. O vencimento Maio/2022 apresenta recuo de 1,5% nos últimos sete dias, indo para R$ 102,47 por saca de 60 Kg; e o contrato Julho/2022 tem queda de 0,8% no mesmo comparativo, a R$ 98,02 por saca de 60 Kg. Chuvas na maior parte das regiões produtoras de 2ª safra animam os produtores, que seguem com os trabalhos a todo vapor. No Rio Grande do Sul, os produtores já colheram 68% das lavouras da safra de verão (1ª safra 2021/2022), pequeno avanço na comparação com a semana anterior. No Paraná, 75% da safra de verão (1ª safra 2021/2022) foi colhida até o dia 14 de março.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 11 de março, a colheita havia atingido 33,7% da área nacional. Quanto à 2ª safra de 2022 de Mato Grosso, a semeadura de milho somava 98% da área prevista, avanço de 4% em relação à semana anterior. No Paraná e em Mato Grosso do Sul, as respectivas semeaduras da segunda safra representavam 87% e 71,8% das áreas esperadas. Para a Conab, até o dia 12 de março, os trabalhos envolvendo a 2ª safra de 2022 no Brasil somavam 87,4% da área estimada. Na Argentina, a colheita do milho segue em ritmo lento, com avanço de apenas 1,2% na semana passada, somando 6,9% da área. A projeção para a safra ainda é mantida para 51 milhões de toneladas, mas pode ser revisada, pois os rendimentos seguem abaixo das expectativas iniciais. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.