14/Fev/2022
A tendência é de preços sustentados para o milho, com viés altista nos mercados externo e interno. Com as quebras na América do Sul, as cotações futuras em Chicago estão em tendência de alta, sustentadas no patamar dos US$ 6,50/bushel. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras para os vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 6,00 e US$ 6,50 por bushel. A alta dos preços do petróleo, que segue próximo dos US$ 90 por barril do tipo Brent, impulsiona as cotações do etanol de milho, que absorve cerca de 40% da produção do grão nos Estados Unidos. Os preços poderão ceder a partir do 2º semestre deste ano, em caso de confirmação de um recorde de produção na 2ª safra de 2022. A quebra na 1ª safra de milho 2021/2022 no Brasil está estimada preliminarmente pela nossa Consultoria em 6,7 milhões de toneladas (-23%), para 22,5 milhões de toneladas, ante 29,2 milhões de toneladas na comparação com a projeção inicial. Para a produção total de milho nas três safras nacionais de 2021/2022, a projeção da nossa Consultoria foi revisada de 120,8 milhões de toneladas previstas inicialmente, para 113,7 milhões de toneladas, uma redução de 6%.
Para tanto, estamos projetando a 1ª safra (verão) em 22,5 milhões de toneladas, a 2ª safra (inverno) em 89,3 milhões de toneladas, com 1,9 milhão de toneladas na 3ª safra. A confirmação de uma safra recorde de milho em 2021/2022 dependerá da 2ª safra. Mesmo com recentes estimativas indicando redução na produção brasileira de milho da atual temporada, os preços internos do cereal seguem praticamente na maior parte das regiões. Esse cenário se deve ao enfraquecimento da demanda. Os vendedores, por sua vez, estão concentrados na colheita de soja e sem necessidade de fazer caixa. Assim, os valores estão estabilizados até mesmo em regiões que vinham em alta nas últimas semanas, como as localidades da Região Sul do País. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra leve avanço de 0,3% nos últimos sete dias, cotado a R$ 97,05 por saca de 60 Kg. Nessa região, que é marcada por grande número de demandantes, os compradores relatam estoques confortáveis. Nos últimos sete dias, os preços do cereal se mantêm estáveis no mercado de balcão (preço pago ao produtor).
Na B3, acompanhando as altas externas e as preocupações com a oferta na América do Sul, os vencimentos estão em alta. Os contratos Março/2022 e Maio/2022 apresentam valorização de 1,7% e 2,2% nos últimos sete dias, respectivamente, a R$ 98,45 por saca de 60 Kg e R$ 96,04 por saca de 60 Kg. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgaram novos ajustes para as produções na América do Sul, influenciados sobretudo pela redução na produção da safra de verão (1ª safra 2021/2022) no Brasil, que teve a produtividade prejudicada pela seca entre novembro e dezembro, período de enchimento de grãos. No entanto, com o retorno das chuvas, a 2ª safra de 2022 e a 3ª safras de 2022 podem ser beneficiadas, recuperando a produção brasileira. Segundo relatório divulgado na quinta-feira (10/02), a Conab indicou safra brasileira 2020/2021 em 112,3 milhões de toneladas, queda de 600 mil toneladas em relação ao relatório anterior, mas ainda a maior safra da história. Para a safra de milho de verão (1ª safra 2021/2022), a expectativa é de produção de 24,4 milhões de toneladas, 1,2% inferior à da temporada passada.
Para a 2ª safra de 2022, também houve diminuição de 200 mil toneladas frente ao relatório anterior, agora estimada em 86,1 milhões de toneladas, mas essa quantidade ainda é 41,7% superior à da temporada passada. Já a 3ª safra de 2022, entre janeiro e fevereiro, se manteve em 1,85 milhão de toneladas, com alta de 17% em relação à safra 2020/2021. Vale lembrar que a redução na produção da safra de verão (1ª safra 2021/2022) se deve à falta de chuvas durante o desenvolvimento da temporada. Para as duas outras safras, a perspectiva de maior produção está relacionada ao aumento de área e a expectativas de clima favorável. O consumo nacional passou a ser estimado em 76,75 milhões de toneladas, e a exportação está projetada em 40 milhões de toneladas. Quanto às estimativas de oferta e demanda mundiais, em relatório divulgado no dia 9 de fevereiro, o USDA indicou produção mundial de 1,205 bilhão de toneladas, aumento de 7,3% frente à temporada anterior. O USDA revisou para baixo a produção brasileira de milho da safra 2021/2022, agora estimada em 114 milhões de toneladas.
Para Estados Unidos e Argentina, as produções seguem estimadas em 383 milhões de toneladas e 54 milhões de toneladas, mas a colheita argentina deve ficar abaixo de 50 milhões de toneladas. O consumo mundial agora é previsto em 1,19 bilhão de toneladas, o que resultaria em estoques finais de 302,2 milhões de toneladas, uma relação estoque/consumo de 25%, semelhante ao da temporada anterior, mas os menores desde 2013/2014. No campo, a colheita e a semeadura seguem em todas as regiões brasileiras, com as chuvas intercaladas de sol beneficiando as lavouras. No Paraná, a colheita da safra de verão já alcança 19%, enquanto a semeadura da 2ª safra de 2022 totalizou 19% da área até o dia 7 de fevereiro. No Rio Grande do Sul, por mais uma semana, chuvas foram observadas, permitindo a melhora da umidade dos solos. Até o dia 10 de fevereiro, haviam sido colhidos 48% da área estadual. Na Região Centro-Oeste, as semeaduras em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul somavam, até o final da semana anterior, 41,9% e 5,4% das respectivas áreas esperadas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.