24/Jan/2022
A tendência é altista para os preços do milho no Brasil, em decorrência das quebras acentuadas na 1ª safra 2021/2022, do dólar sustentado em patamares elevados, dos baixos estoques disponíveis no País neste primeiro semestre de 2022 e das cotações futuras em Chicago em viés altista. As projeções da nossa Consultoria indicam uma quebra expressiva na 1ª safra da Região Sul do Brasil e em Mato Grosso do Sul, agora estimada em 23,2 milhões de toneladas, 6 milhões de toneladas abaixo da estimativa inicial, devido ao clima seco e quente. No entanto, para a 2ª e 3ª safras, as estimativas são de recuperação na produção em 2021/2022, impulsionada pelo aumento de área, devido aos elevados preços e à expectativa de clima favorável. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros com vencimentos em 2022 oscilam entre US$ 5,65 a US$ 6,20/bushel, enquanto os contratos para 2023 operam entre US$ 5,35 a US$ 5,75/bushel. As fortes altas dos insumos poderão provocar redução da área plantada de milho nos EUA na safra 2022/2023, o que levaria a uma intensificação do cenário altista para os preços futuros do grão.
Os preços do milho continuam em alta no mercado físico, mesmo com o início da colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022) na Região Sul. O volume disponibilizado ainda é pequeno, visto que os trabalhos estão no começo. Vale lembrar também que a produção deve ser menor que o esperado devido ao clima adverso durante o desenvolvimento da safra. O movimento de altas consecutivas tem preocupado os compradores, que encontram dificuldades para recomposição dos estoques do cereal. Nos últimos sete dias, as elevações são de 1,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,9% no de mercado de lotes (negociação entre empresas). Em São Paulo, mesmo com o aumento da oferta da Região Centro-Oeste, os compradores têm preferência por novos negócios do cereal local, que estava nos armazéns desde a colheita da 2ª safra de 2021. Porém, as negociações têm sido realizadas com menor volume, a preços maiores, mas com entrega mais rápida.
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra avanço de 1,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 98,33 por saca de 60 Kg, acumulando 15 dias de altas consecutivas e voltando aos patamares de agosto de 2021. Na B3, todos os contratos registram valorização nos últimos sete dias, chegando a R$ 100,00 por saca de 60 Kg em alguns dias. O avanço é reflexo do interesse de compradores e da posição mais cautelosa de vendedores, que avaliam o cenário de menor produção da safra verão (1ª safra 2021/2022). O contrato Março/2022 apresenta alta de 1,2%, a R$ 99,32 por saca de 60 Kg; Maio/2022, 2,9%, a R$ 96,72 por saca de 60 Kg; e Julho/2022, 1,1%, para R$ 89,69 por saca de 60 Kg. Nos portos brasileiros, apesar da típica diminuição da procura pelo cereal a partir de janeiro, algumas demandas pontuais são observadas com preços maiores. No entanto, as negociações estão sendo limitadas pela grande diferença entre os valores no interior do País e no porto.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de janeiro (dez dias úteis), os embarques nacionais de milho totalizaram 980 mil toneladas, com média diária de 98 mil toneladas, abaixo das 117,3 mil toneladas diárias registradas em janeiro/2021. Quanto aos valores do produto posto no Porto de Paranaguá (PR), estão firmes, com alta de 0,8% nos últimos sete dias, para R$ 88,11 por saca de 60 Kg. Os compradores já começam a aumentar o interesse pelo grão da safra 2021/2022 para exportação no segundo semestre. Para agosto e setembro, as intenções de compra superam R$ 80,00 por saca de 60 Kg. As importações, por sua vez, também estão em menor ritmo neste ano. Até a segunda semana de janeiro, chegaram aos portos brasileiros 48,5 mil toneladas de milho, praticamente 20% do importado em todo o mês de janeiro de 2021.
No campo, com o avanço da colheita na Região Sul do País, os agentes têm constatado baixa produtividade média. As primeiras lavouras a serem colhidas foram as mais afetadas pelas altas temperaturas e pelo baixo volume de chuvas. Assim, o volume de oferta ainda pode ser reajustado no correr dos trabalhos de campo. No Rio Grande do Sul, o tempo seco prejudicou a maturação dos grãos. Parte dos produtores optou por não colher em algumas regiões, devido à baixa qualidade do cereal. Até o dia 20 de janeiro, a área colhida havia atingido 27%, avanço semanal de 7%. Em Santa Catarina, o percentual colhido é de 4,3% da área. No Paraná, 1% da área havia sido colhida até o dia 17 de janeiro. Ao mesmo tempo em que a colheita ganha ritmo, os trabalhos de semeadura da 2ª safra de 2022 se iniciaram. No Paraná, a semeadura evoluiu para 2% da área total na semana passada. Até o momento, a expectativa é de que a produção totalize 15 milhões de toneladas com área de 2,560 milhões de hectares.
Na Região Centro-Oeste, com o bom ritmo da colheita da soja, os produtores já começaram a semeadura da 2ª safra de 2022. Em Mato Grosso, 1,6% da área já foi semeada, e o avanço só não foi mais significativo devido às chuvas registradas na semana anterior. Notícias sobre a tensão entre a Rússia e os Estados Unidos impulsionaram as cotações. A Rússia tenta tomar um importante território na Ucrânia, que é produtor de trigo e milho, o que pode prejudicar as transações mundiais. Além disso, a seca na América do Sul também dá suporte aos futuros. Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, o contrato Março/2022 registra forte alta de 4%, a US$ 6,16 por bushel e o Maio/2022, 3,6%, a US$ 6,10 por bushel. Na Argentina, apesar do retorno das chuvas nas últimas semanas, algumas lavouras já registram perdas irreversíveis. Com isso, a semeadura do milho teve pouco avanço na semana passada, chegando a 87,9% da área total. Fontes: Cogo Inteligência em Agronegócio e Cepea.