10/Jan/2022
A tendência é altista para os preços do milho no Brasil em 2022, com as quebras na safra da América do Sul. Os contratos futuros com vencimento em 2022 na Bolsa de Chicago oscilam entre US$ 5,50 a US$ 6,00/bushel. Já os contratos futuros com vencimentos em 2023 oscilam entre US$ 5,20 a US$ 5,65/bushel. Apesar disso, a alta de custos e a escassez de insumos poderão provocar redução da área plantada em 2022/2023 nos Estados Unidos, reforçando ainda mais a tendência altista para os preços no Brasil. A expectativa é de que a área plantada e a produção dos Estados Unidos serão significativamente menores no próximo ano-safra (2022/2023) em virtude da falta de fertilizantes disponíveis e do elevado custo de produção. Esse quadro geral do milho é altista para os preços do produto no mercado brasileiro. A quebra na 1ª safra (verão) de milho 2021/2022 no Brasil está estimada preliminarmente pela nossa Consultoria em 6,2 milhões de toneladas (-20,5%), para 23,2 milhões de toneladas, ante 29,2 milhões de toneladas na comparação com nossa projeção de novembro/2021.
Para a produção total de milho nas três safras nacionais de 2021/2022, a projeção da nossa Consultoria foi revisada de 120,8 milhões de toneladas em novembro/2021, para 114,7 milhões de toneladas em janeiro/2022, uma redução de 5%. Para tanto, estamos projetando a 1ª safra (verão) em 23,19 milhões de toneladas, a 2ª safra (inverno) em 89,59 milhões de toneladas e 1,96 milhão de toneladas da 3ª safra. Vale destacar que, se as precipitações continuarem abaixo do normal no Sul do País, aprofundando a seca e mantendo a reserva de água no solo baixa, essas projeções deverão sofrer novas reduções. Com as quebras na 1ª safra 2021/2022, os preços internos estão acima da média histórica. No primeiro semestre de 2022, os baixos estoques, a oferta mais curta da 1ª safra e a demanda firme devem limitar a possibilidade de quedas expressivas nas cotações.
Por outro lado, se as quebras forem maiores do que as previstas atualmente e as cotações futuras seguirem sustentadas em patamares elevados em Chicago, com o dólar firme no Brasil, o viés será altista para os preços internos do milho. Na segunda metade do ano, pode haver certa pressão sobre os valores, caso se consolidem as projeções de oferta de 2ª safra elevada. Por enquanto, as estimativas oficiais indicam produção e exportações recordes no Brasil e no mundo. Para a 2ª safra de 2022, o cultivo da soja mais acelerado e dentro do período considerado ideal deve favorecer a colheita da oleaginosa, permitindo a semeadura de milho na janela mais adequada para o desenvolvimento das lavouras. A depender do clima nos primeiros meses de 2022, a produtividade do milho 2ª safra deste ano poderá ser satisfatória. No Brasil, o consumo segue crescente, estimado em 76,8 milhões de toneladas em 2022, 6% superior à temporada passada e 12% acima da média das últimas três temporadas.
O aumento no consumo reflete o maior interesse do setor pecuário e, também, da acelerada expansão do segmento de etanol de milho do Centro-Oeste. As exportações devem ser favorecidas pelo dólar valorizado e pelo maior excedente doméstico. Os preços do milho voltaram a avançar neste início de ano nos mercados nacional e externo. No Brasil, as altas estão atreladas à retração de vendedores, que estão atentos ao clima predominante seco no Sul do País, e ao maior interesse de compradores, que precisam recompor seus estoques. No entanto, a liquidez ainda está baixa. No geral, as preocupações de agentes com o desenvolvimento das lavouras se intensificaram nas últimas semanas. O cenário de ajustes negativos na oferta da safra de verão (1ª safra 2021/2022) fazem com que vendedores sigam apostando em novas altas nos preços do milho, pelo menos no curto prazo.
Diante disso, na primeira semana de janeiro, na média das regiões, os preços subiram 3,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 3,8% no de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F, referente à região de Campinas/SP, voltou aos patamares observados em setembro de 2021, avançando 3,2% na primeira semana de janeiro, para R$ 93,52 por saca de 60 Kg. Na B3, no mesmo período, todos os contratos se valorizaram com expressividade. O vencimento Janeiro/2022 subiu 5,5%, para R$ 94,16 por saca de 60 Kg. O contrato Março/2022 registrou alta de 3,7%, para R$ 97,49 por saca de 60 Kg, e Maio/2022 subiu 6,3%, para R$ 93,60 por saca de 60 Kg. Mesmo com as exportações aquecidas neste mês de janeiro, os preços nos portos seguem apenas referenciais, com as negociações no spot concentradas em outros produtos. Na primeira semana de janeiro, no Porto de Paranaguá (PR), houve alta de 1,2%, para R$ 88,83 por saca de 60 Kg. O impulso aos valores veio das valorizações externa e do dólar.
As indicações de compras para negócios antecipados para exportação de milho por Paranaguá nos meses de agosto e setembro também estão mais elevadas, superando, em alguns dias, os R$ 80,00 por saca de 60 Kg. Os produtores do Sul do País já iniciaram a colheita da safra de verão, mas, com o andamento dos trabalhos de campo, começam também a calcular os danos da forte estiagem na região sobre a produção de milho. Já no Sudeste e no Centro-Oeste, as chuvas mais frequentes favorecem as lavouras. Na Argentina, a falta de chuvas tem prejudicado a semeadura. O atual clima na América do Sul também tem influenciado as cotações e as negociações nos Estados Unidos, com os futuros acumulando valorizações. As altas só não foram mais significativas devido aos dados divulgados pelos Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA) na quarta-feira passada (05/01), indicando que os estoques de etanol no final de dezembro apresentaram aumento, chegando ao maior volume desde agosto. Fontes: Cogo Inteligência em Agronegócio e Cepea.