22/Nov/2021
A tendência é baixista para os preços no Brasil, tanto neste final de entressafra 2020/2021, como para a próxima temporada 2021/2022, em decorrência das fracas exportações brasileiras ao longo de 2021 – resultante da disparidade de preços no interior e nos portos –, da demanda enfraquecida, do aumento das importações no 2º semestre de 2021 e da necessidade de venda por parte dos produtores, a fim de abrir espaços para a armazenagem da nova safra de grãos 2021/2022. Para 2022, a projeção é de safra recorde no Brasil, estimada pela nossa Consultoria em 120,8 milhões de toneladas, o que deverá gerar excedentes de mais de 55 milhões de toneladas e potencial de exportação superior a 40 milhões de toneladas, caso não ocorram quebras na 1ª e/ou na 2ª safras do próximo ano. Em Chicago, os contratos futuros para o 1º semestre de 2022 oscilam entre US$ 5,70 e US$ 5,85/bushel. Já para o 2º semestre de 2022, as cotações futuras oscilam entre US$ 5,50 e US$ 5,85/bushel. As cotações futuras para os contratos com vencimentos em 2022 na Bolsa de Chicago estão situadas em patamares bem acima da média histórica de US$ 4,09 por bushel dos últimos 5 anos.
O ritmo enfraquecido das exportações de milho na atual temporada e o bom andamento da semeadura da safra de verão (1ª safra 2021/2022) seguem pressionando as cotações internas do cereal. Os compradores, à espera de continuidade das quedas, se mantêm afastados das negociações, ao passo que alguns vendedores, com necessidade de liberar espaços nos armazéns, negociam o milho a preços mais baixos. Na parcial de novembro, o Indicador ESALQ/BM&F (região de Campinas/SP) registra média de R$ 84,68 por saca de 60 Kg, a menor, em termos reais, desde setembro de 2020 (médias mensais deflacionadas pelo IGP-DI de outubro/2021). Nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F registra recuo de 1,5%, cotado a R$ 82,34 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços apresentam baixa de 2% no mercado de balcão (preço pago pelo produtor) e de 1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, o primeiro contrato (Janeiro/2022) registra leve alta de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 85,09 por saca de 60 Kg, influenciado pelo dólar. Já o vencimento Março/2022 apresenta desvalorização de 0,1%, a R$ 85,39 por saca de 60 Kg.
O milho negociado no Porto de Paranaguá (PR) tem alta de 1,1% nos últimos sete dias. No Porto de Santos (SP), há pequena queda de 0,7% no preço no mesmo período. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nas duas primeiras semanas de novembro, o Brasil exportou 1,07 milhão de toneladas de milho, com ritmo diário de 134 mil toneladas, abaixo das 1,79 milhão de toneladas em outubro/2021. O volume embarcado até o momento representa apenas 25% do escoado em todo o mês de novembro/20 (4,7 milhões de toneladas). No acumulado da temporada (fevereiro/2021 a novembro/2021), o Brasil exportou 13,4 milhões de toneladas de milho, 53% abaixo da quantidade escoada no mesmo período da temporada 2019/2020. Por ora, a estimativa é de que serão exportadas 18 milhões de toneladas, o que implica em envios de praticamente 5 milhões de toneladas entre o final de novembro e janeiro/2022. Até o momento, o relato é de que as negociações nos portos estão mais aquecidas para a soja.
As importações, por sua vez, somam 278,6 mil toneladas na parcial de novembro, 33% acima do volume recebido em todo mês de novembro/2020. A safra de verão (1ª safra 2021/2022) apresenta bom desenvolvimento nas principais regiões produtoras do País. No caso da soja, as áreas foram semeadas dentro da janela ideal, o que pode favorecer a posterior semeadura do milho 2ª safra de 2022 e, consequentemente, a produtividade. No Paraná, a semeadura da safra de verão (1ª safra 2021/2022) foi finalizada, e as estimativas indicam produção de 4,13 milhões de toneladas, 33% acima da safra 2020/2021. No Rio Grande do Sul, 85% da área destinada à safra de verão (1ª safra 2021/2022) já havia sido semeada até o dia 18 de novembro, avanço de apenas 3% na comparação com a semana anterior. Os trabalhos de campo foram mais lentos na última semana, devido à baixa umidade do solo. Em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás, 97%, 70%, 94% e 80% das respectivas áreas estaduais haviam sido implantadas até o dia 13 de novembro.
Na Argentina, com o retorno das chuvas, houve melhora das reservas hídricas, mas o ritmo dos trabalhos de campo foi menor. Relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta que, até o dia 17 de novembro, pouco mais de 29% da área nacional estimada havia sido semeada, progresso de apenas 0,2%. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados, até o dia 14 de novembro, a colheita do milho no país alcançava 91% da área estimada, avanço semanal de 7%, mas 3% inferior ao verificado na temporada passada. Quanto aos preços, apesar do bom andamento da colheita, acumulam altas nos últimos dias, impulsionados sobretudo pela redução dos estoques de etanol nos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2021 registra avanço de 0,61% nos últimos sete dias, a US$ 5,73 por bushel. Os vencimentos Março/2022 e Maio/2022 apresentam valorização de 0,2%, a US$ 5,79 por bushel e a US$ 5,83 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.