01/Nov/2021
Os compradores seguem afastados das aquisições de milho no spot nacional, contexto que mantém em queda os preços do cereal na maior parte das regiões. Esses demandantes sinalizam estar abastecidos e atentos ao fraco ritmo de exportações, ao bom desenvolvimento da safra verão (1ª safra 2021/2022) no Brasil e ao andamento da colheita nos Estados Unidos. Parte dos vendedores, por sua vez, está mais flexível, tendo em vista que muitos ainda detêm estoques e precisam negociar com a chegada da safra verão (1ª safra 2021/2022). O Indicador do milho ESALQ/BM&F (Campinas/SP) teve média de R$ 90,09 por saca de 60 Kg em outubro, a menor média desde fevereiro deste ano, em termos nominais. Nos últimos sete dias, especificamente, o recuo no Indicador é de 2,4%, fechando outubro a R$ 86,89 por saca de 60 Kg, o menor valor desde junho deste ano. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), as quedas são de 2,7% nos últimos sete dias e de 5,4% no acumulado de outubro.
No mercado de lotes (negociação entre empresas), as baixas são de respectivos 1,8% e 4,3%. Com essas novas desvalorizações, a média do milho no interior do País se aproxima ainda mais das cotações nos portos. Porém, a preferência continua sendo negociar no mercado interno. Assim, o ritmo de exportação segue enfraquecido. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até o dia 22 de outubro (15 dias úteis), os embarques de milho somaram 1,4 milhão de toneladas, metade do volume embarcado nas três primeiras semanas de outubro do ano passado. As importações, por outro lado, totalizam 436 mil toneladas em outubro, já superando em 129% toda a quantidade adquirida em outubro de 2020. As exportações devem se manter fracas nas próximas semanas, já que muitas empresas aproveitaram as altas dos meses anteriores e negociaram lotes que eram destinados para exportação no mercado interno.
As importações podem seguir aquecidas, especialmente para suprir a demanda dos Estados da Região Sul do País, que tiveram problemas com a produção da 2ª safra de 2021 e estão com baixos estoques. Na B3, os fundamentos baixistas, como oferta acima da demanda, bom desenvolvimento de plantio no Brasil e colheita nos Estados Unidos, pressionam as cotações. Nos últimos sete dias, os vencimentos Novembro/2020 e Janeiro/2021 registram recuo de 0,7% e 0,5%, a R$ 87,90 por saca de 60 Kg e a R$ 88,00 por saca de 60 Kg, respectivamente. O clima de chuvas intercaladas com sol durante o dia tem mantido o ritmo acelerado de plantio e a expectativa de produção elevada. No Paraná, a semeadura da safra de verão (1ª safra 2021/2022) atingiu 93% da área estimada até o dia 25 de outubro, contra 88% na comparação com a semana anterior. A área de milho da 1ª safra 2021/2022 deve ter aumento de 14%, passando de 372,7 mil hectares em 2020 para 423,7 mil hectares neste ano. A produção é estimada para ser 33% maior na comparação com a da safra anterior, para 4,13 milhões de toneladas.
No Rio Grande do Sul, dados da Emater-RS indicam que 75% da área destinada ao cereal do milho da safra de verão (1ª safra 2021/2022) já havia sido semeada até o dia 28 de outubro. O relatório aponta que as lavouras do Estado seguem com desenvolvimento vegetativo satisfatório. Na Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na Região Centro-Oeste, a semeadura em Goiás atingiu 15% da área até o dia 23 de outubro. Em São Paulo e Minas Gerais, os trabalhos de campo totalizaram 55% e 10% da área até o dia 25 de outubro. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura da safra 2021/2022 continua avançando, sobretudo em áreas onde a umidade é maior, chegando a 27,6% da área nacional estimada até o dia 28 de outubro, progresso de apenas 1,3% relação à semana anterior.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que 66% da safra de milho do país havia sido colhida até o dia 25 de outubro, contra 52% na semana anterior e bem acima da média dos últimos cinco anos, de 53%. Quantos aos preços, estão avançando, mesmo com o bom andamento da colheita e a consequente elevação na oferta. O impulso vem das valorizações do trigo, substituto na ração animal, e do aumento na produção de etanol nos Estados Unidos (o biocombustível no país norte-americano é feito principalmente com o milho). Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2021 registra forte alta de 5,7% nos últimos sete dias, indo para US$ 5,62 por bushel. O contrato Março/2022 apresenta valorização de 5,49%, passando para US$ 5,71 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.