29/Out/2021
O etanol como combustível para automóveis é uma alternativa sustentável à mobilidade urbana, sendo uma resposta mais rápida e eficaz ao processo de descarbonização. O uso do produto é considerado primordial para que se alcancem as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa com as quais o Brasil se comprometeu em acordos internacionais. Para a safra 2021/2022, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma produção de 29,2 bilhões de litros de etanol. No Brasil, o biocombustível, além de utilizar a cana-de-açúcar como matéria-prima, avança no uso do milho. São 3,36 bilhões de litros de etanol de milho estimados pela Conab para a temporada, aumento de 29,7% em relação ao período anterior, demonstrando o interesse das usinas em utilizar a matéria-prima, abundante no País, principalmente na Região Centro-Oeste. E a tendência é de um aumento ainda maior nos próximos anos.
Nesta quinta-feira (28/10), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, esteve em Sorriso (MT) participando da inauguração da expansão da Usina de Etanol de Milho FS Unidade Sorriso. Agora, a capacidade de produção da planta passará de 530 milhões de litros para 880 milhões de litros de etanol de milho por ano. A indústria é a maior produtora de etanol do Brasil que utiliza 100% do milho na fabricação de seus produtos, somando ao etanol 212 mil toneladas de farelo de milho; 28 mil toneladas de óleo de milho e 190 mil MWh por ano de cogeração de energia. Na avaliação de Tereza Cristina, esse modelo agrega valor para os produtos agropecuários. O milho, que antes era um produto de baixíssimo valor, hoje tem um mercado firme não só para alimentação, mas também para a produção desse combustível limpo que é tão importante hoje para essa pauta de sustentabilidade.
Esse é um exemplo das boas coisas que o Brasil vem fazendo na agricultura, afirmou a ministra. Apesar de representar ainda 8% da produção total desse biocombustível, o etanol de milho veio para ficar, na visão de Tereza Cristina. A complementariedade do etanol de milho é excelente para a agropecuária brasileira, porque produz o etanol, o DDG para uso em confinamento bovino e a biomassa para geração de energia. Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), entidade que representa 90% da produção do biocombustível no Brasil, a produção deve alcançar, em 2030, 9,65 bilhões de litros. O avanço significaria 185% a mais do que será produzido nesta safra. A previsão é feita com base em anúncios de investimentos em novas plantas de etanol de milho ou de expansão das já existentes como é o caso da indústria de Sorriso (MT). O crescimento previsto na produção de etanol de milho para esta safra é de 29,7% sobre os 2,59 bilhões de litros produzidos na temporada anterior, 2020/2021.
Em 2020, quando o País registrou a maior produção de etanol da história, a participação do etanol à base de milho mais que dobrou, saindo de 791,4 milhões de litros em 2018/2019 para 1,61 bilhão de litros na temporada 2019/2020. Daí para frente, o número registra avanço contínuo e vai ao encontro do interesse de grupos já consolidados na produção de etanol combustível que veem como principal vantagem na produção de etanol de milho o baixo investimento, uma vez que não há a necessidade de cultivar a matéria-prima como na lavoura da cana-de-açúcar. Ou seja, essa indústria apenas adquire a matéria-prima, no caso o milho, não se preocupando com a parte produtiva. Nos últimos anos, grandes grupos realizaram investimentos pesados ao perceber a oportunidade de uso de uma matéria-prima que se encontrava em abundância na Região Centro-Oeste, principalmente em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e cujo custo de escoamento se apresenta muito elevado.
Com a produção de etanol de milho, há a agregação de valor em todo o processo desta indústria. Essa é outra vantagem identificada pela indústria de etanol de milho. Os resíduos decorrentes do processo de esmagamento do milho, conhecidos como DDG ou WDG, também são aproveitados pelo próprio agronegócio para a nutrição dos animais, assim como o óleo de milho. O DDG é o grão de milho seco por destilação que resulta em um farelo com alto teor de proteína (26% a 30%). Esse subproduto do etanol de milho é utilizado, há anos, por pecuaristas em países como Estados Unidos, Argentina e Paraguai. Com a expansão do mercado do etanol de milho no Brasil, o DDG começa a ser ofertado também no mercado nacional com importante relevância para a nutrição do gado de corte.
A previsão é que a produção de DDG no Brasil ultrapasse 2 milhões de toneladas em 2021/2022, valor 60% maior que as 1,3 milhão toneladas produzidas na safra anterior, de acordo com a Unem. A entidade também projeta alcançar 6 milhões de toneladas do farelo proteico até 2029. A ministra Tereza Cristina também participou da cerimônia do lançamento oficial da safra 2021/2022, em Sorriso (MT). Reconhecida como capital do agronegócio, Sorriso soma uma área produtiva de 600 mil hectares no meio-norte do estado de Mato Grosso. A produção local se destaca pelas commodities como soja, milho e algodão, com estimativa de 2,1 milhões de toneladas, 3,5 milhões de toneladas e 167 mil toneladas, respectivamente, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Mato Grosso é o maior produtor de soja do País, com cerca de 35 milhões de toneladas por safra. Fonte: Ministério da Agricultura. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.