18/Out/2021
A tendência é baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com compradores retraídos, oferta superior à demanda, fracas exportações brasileiras em 2021 e aumento das importações, após a retirada da TEC e da PIS/Cofins sobre o grão importado. Além disso, o recuo das cotações futuras na Bolsa de Chicago para próximo do patamar de US$ 5 por bushel reduz a paridade de exportação nos portos brasileiros e diminui o valor final do produto importado. Os preços do milho seguem em queda na maioria das regiões brasileiras, mas, nos portos, os valores têm subido com certa intensidade. No interior do País, apesar da quebra de produção na safra 2020/2021, os consumidores mantêm baixo o interesse de aquisição de novos lotes, de olho na melhora do clima, que tem favorecido a temporada de verão brasileira, e nas exportações desaquecidas. Além disso, os demandantes estão atentos à colheita e à expectativa de estoques maiores na atual temporada dos Estados Unidos. Parte dos vendedores brasileiros, por sua vez, precisa liberar armazéns para limpeza e organização da safra de verão (1ª safra 2021/2022) ou, em algumas regiões, para entrada do trigo.
Nos últimos sete dias, há queda de 1,0% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta desvalorização de 1,1%, a R$ 90,18 por saca de 60 Kg, o menor patamar desde 30 de junho deste ano. Nos portos, as cotações estão avançando, influenciadas pela valorização do dólar e por preocupações com a oferta em importantes países produtores, como Rússia (que teve sua estimativa de produção reduzida), Ucrânia (que deve limitar as exportações) e Argentina (que atravessa um cenário de incertezas políticas, que podem resultar em alterações nas atuais tributações praticadas para exportação). Nos últimos sete dias, os valores registram alta de 4,8% no Porto de Paranaguá (PR) e de expressivos 8,3% no Porto de Santos (SP). Apesar das recentes altas, as negociações têm sido pontuais. Entre fevereiro/2021 e os primeiros dias de outubro, o Brasil embarcou 11 milhões de toneladas de milho, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Quanto às importações, seguem intensas. Em apenas seis dias úteis de outubro, chegaram aos portos do Brasil 207,2 mil toneladas de milho, contra 190,8 mil toneladas em todo o mês de outubro de 2020. Na parcial desta temporada (de fevereiro/2021 até os primeiros de outubro), já foram importadas 1,5 milhão de toneladas. A estimativa da nossa Consultoria é de que 3 milhões de toneladas sejam compradas pelo Brasil no acumulado da safra 2020/2021. Na B3, os contratos apresentam baixa na maior parte dos últimos sete dias, pressionados pela demanda enfraquecida e por quedas no mercado internacional. Assim, o contrato Novembro/2021 registra leve alta de 0,2%, a R$ 88,82 por saca de 60 Kg. O contrato Janeiro/2021 apresenta desvalorização de 0,2%, para R$ 88,62 por saca de 60 Kg. No campo, chuvas têm sido verificadas nas Regiões Sul e Sudeste do País. Ainda que as chuvas cheguem a paralisar momentaneamente as atividades de campo, estas beneficiam as lavouras já implementadas. Apesar de ainda ser cedo, todos os cultivos devem ocorrer dentro da janela ideal, caso o clima siga beneficiando os trabalhos.
No Paraná, com um cenário mais favorável neste ano, 75% das lavouras de milho haviam sido semeadas até o início deste mês, sendo que, destas, 98% apresentam boas condições. Para São Paulo e Santa Catarina, até o dia 9 de outubro, as semeaduras haviam chegado a respectivos 30% e 76% da área estimada. Em Minas Gerais, Goiás e na Região Nordeste, as atividades ainda não foram iniciadas. No Rio Grande do Sul, o tempo favorável contribuiu para o avanço dos trabalhos de campo em regiões como Soledade, mas o excesso de chuvas impediu a evolução em Ijuí, Santa Rosa, Pelotas e Santa Maria. Mesmo com essas paralisações, o cultivo segue mais acelerado em relação a anos anteriores, alcançando 65% da área estimada, contra 60% no ano anterior e 58% na média de 2017 a 2021. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que, até o dia 10 de outubro, 41% das lavouras dos Estados Unidos haviam sido colhidas, contra 29% até o dia 3 de outubro.
Na mesma data do ano passado (10/10/2020), a colheita era de 39%, e a percentagem média dos últimos cinco anos é de 31%. Na Argentina, a semeadura avançou apenas 2,1% na semana passada, somando 23,2% da área, estimada em 7,1 milhões de hectares, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Na Bolsa de Chicago, as quedas se intensificam com o bom andamento da colheita e com previsões indicando estoques mundiais mais confortáveis, estas divulgadas na terça-feira pelo USDA. O vencimento Dezembro/2021 está cotado a US$ 5,16 por bushel, queda de 3,23% nos últimos sete dias. O contrato Março/2022 registra recuo de 3,18% no mesmo comparativo, a US$ 5,25 por bushel. No dia 12 de outubro, o USDA aumentou as estimativas de estoques finais dos Estados Unidos, China e México. Assim, os estoques mundiais passam de 297,62 milhões em setembro, para 301,74 milhões de toneladas em outubro. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.