11/Out/2021
A tendência é baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com forte recuo das exportações e aumento das importações atenuando a quebra acentuada da 2ª safra de 2021. A retirada da TEC e do PIS/Cofins sobre as importações reduziu o valor final do produto originário da Argentina, Paraguai e Estados Unidos e coloca pressão sobre as cotações internas. Os compradores estão retraídos, sem problemas de falta de ofertas no mercado. Influenciadas pelo baixo ritmo de negócios, devido sobretudo ao afastamento de compradores, e pela melhora das condições climáticas para a safra verão (1ª safra 2021/2022), as cotações do milho estão recuando na maior parte das regiões. Já nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), os valores estão em alta, sustentados pela valorização do dólar frente ao Real. Esse cenário não eleva as cotações no interior do País, tendo em vista que os vendedores não têm interesse em negociar nos portos.
Nos últimos sete dias, há queda de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,9% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) registra baixa de 0,8% no mesmo período, a R$ 91,03 por saca de 60 Kg. Nos portos, apesar da baixa liquidez, os valores apresentam avanço de 2,0% no Porto de Santos (SP) e de 5,6% no Porto de Paranaguá (PR). Em setembro, as exportações brasileiras de milho somaram 2,855 milhões de toneladas, 34% a menos que em agosto e 55% abaixo do volume de setembro/2020. No acumulado de janeiro a setembro de 2021, as exportações brasileiras de milho atingiram 12,836 milhões de toneladas, forte queda de 35% frente às 19,834 milhões de toneladas embarcadas ao exterior no mesmo período do ano passado. As importações totalizaram 407,3 mil toneladas em setembro, altas de 179% na comparação mensal e de 176% na anual. Ressalta-se que o dólar elevado acaba limitando novas compras externas.
Na B3, os preços futuros estão recuando. Os contratos Novembro/2021 e Janeiro/2022 registram desvalorização de 3,6% e 4,4%, respectivamente, nos últimos sete dias, a R$ 88,64 por saca de 60 Kg e a R$ 88,83 por saca de 60 Kg. Com a atual melhora do clima, os agentes começam a ficar mais otimistas com a temporada 2021/2022. Para a safra de verão (1ª safra 2021/2022), a produção está estimada pela nossa Consultoria em 29,2 milhões de toneladas, alta de 18% em comparação com 2020/2021. Para as 2ª e 3ª safras, as estimativas também são de aumento na produção. A 2ª safra de 2022 deve crescer 48% frente à atual temporada, estimada pela nossa Consultoria em 89,9 milhões de toneladas. A 3ª safra de 2022 deve aumentar 18%, totalizando 1,8 milhão de toneladas. Assim, a produção agregada de milho para 2021/2022 é prevista em 120,9 milhões de toneladas, aumento de 39% em relação à da temporada anterior.
Nesse cenário de maior disponibilidade interna do cereal, o consumo interno deve atingir 73,7 milhões de toneladas, sustentado pelo setor de proteína animal. As exportações também devem crescer, estimadas em 42 milhões de toneladas. Mesmo com o aumento das exportações e do consumo, os estoques finais para janeiro/2023 são previstos em 17,9 milhões de toneladas. No campo, os produtores seguem animados com o retorno das chuvas, apesar das paralisações pontuais dos trabalhos em algumas localidades, sobretudo no Paraná. A semeadura no Estado soma 75% da área estimada até o dia 4 de outubro, avanço de 13% na semana. No Rio Grande do Sul, os produtores estão atentos à cigarrinha, que reduziu significativamente a produção na última safra. Até o dia 7 de outubro, o cultivo havia alcançado 62% do esperado. Em Santa Catarina e em São Paulo, as respectivas semeaduras somavam 67% e 10% até o dia 2 de outubro.
Na Argentina, com a melhora da umidade nas regiões de Córdoba, Santa Fé e Buenos Aires, os trabalhos de campo se intensificaram. 21% da área nacional foi implantada até o dia 7 de outubro, avanço semanal de 4,3%. Quanto às lavouras nos Estados Unidos, de acordo com o relatório semanal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país havia colhido 29% do total da área até o dia 3 de outubro, 7% acima da média dos últimos cinco anos e forte avanço de 11% em relação à semana passada. Os preços externos estão recuando, pressionados pelo bom ritmo de colheita nos Estados Unidos e por expectativas quanto à divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA, que será divulgado no dia 12 de outubro. Os contratos de Dezembro/2021 e Março/2022 registram recuo de 0,5% e 0,3%, a US$ 5,34 por bushel e a US$ 5,43 por bushel, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.