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06/Out/2021

Quebra na 2ª safra 2021 reduziu oferta de milho

25 milhões de toneladas de milho deixaram de chegar ao mercado neste ano por causa de quebra de safra no Brasil. A previsão inicial para a colheita da 2ª safra de 2021, em fevereiro, era de 82,4 milhões de toneladas. Para a safra total, era de 110 milhões de toneladas. Além do plantio tardio da 2ª safra de 2021, as intempéries climáticas este ano, com estiagem e geadas em algumas regiões, resultaram em redução na projeção para 54,2 milhões e 86 milhões de toneladas, respectivamente. Ou seja, deixaram de chegar ao mercado em torno de 25 milhões de toneladas de milho, o que contribuiu para a situação dos estoques apertados no País e para a alta nas cotações do milho, tanto internas e externas. Em função da menor disponibilidade do grão, o Brasil também exportou bem menos milho na safra 2020/2021 em relação às duas anteriores.

Entre fevereiro e setembro, o País vendeu ao exterior apenas 10 milhões de toneladas de milho, ante 17,8 milhões de toneladas em igual período de 2019/2020 e 24,6 milhões de toneladas entre 2018/2019. Mesmo assim, apesar de um cenário altista, tanto no mercado interno quanto externo, principalmente por causa do consumo maior de milho por parte da China para alimentar seus plantéis de suínos, que estão sendo recompostos após a crise de peste suína africana (PSA), recentemente os preços do grão cederam no Brasil e no mercado externo. Entre agosto de 2020 e setembro de 2021, a China importou o equivalente a 21,4 milhões de toneladas de milho. Mas, os preços cederam recentemente em função de dois fatores: a entrada da 2ª safra de 2021 no mercado e porque a colheita de milho na Argentina ficou acima do inicialmente esperado.

Assim, apesar da quebra de safra no Brasil, a cotação foi pressionada na colheita da 2ª safra de 2021. No caso da Argentina, a expectativa inicial da Bolsa de Cereais de Buenos Aires era de 46 milhões de toneladas em 2020/2021, mas subiu para 50,5 milhões de toneladas. Isso também contribuiu, recentemente, para a redução das cotações. Além disso, há otimismo em relação a uma produção mais robusta de milho nos Estados Unidos. Os estoques finais no país poderiam ficar em torno de 37 milhões de toneladas, ante a última estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de 35,8 milhões de toneladas. Estoques um pouco mais confortáveis também contribuíram para as quedas recentes na cotação do milho. Os Estados Unidos devem exportar menos milho nesta safra, passando de 69,7 milhões de toneladas em 2020/2021 para 62,9 milhões de toneladas em 2021/2022. No caso dos Estados Unidos, a queda não se dá por quebra de safra, mas por causa de fatores externos, como maior competição internacional.

Outro motivo de redução nos embarques externos, pelo menos no curto prazo, foi a passagem, em setembro, do furacão Ida nos Estados Unidos, que afetou as operações no Golfo norte-americano, o principal local de embarques externos de milho do país. Foi algo pontual, cujos efeitos foram sanados, mas também contribuiu para reduzir os embarques externos. Assim, a expectativa é de que, com a retomada das operações no Golfo dos Estados Unidos, as exportações fluam melhor, dando suporte novamente às cotações na Bolsa de Chicago. As importações de milho por parte da China devem continuar elevadas. O USDA projeta 26 milhões de toneladas adquiridas pelo país asiático, mas alguns pontos começam a ser levantados. O principal deles é a queda nos preços dos suínos na China, com aumento expressivo do rebanho.

Como as margens dos pecuaristas diminuem, é possível que haja menor procura de milho para uso na ração. Quanto ao plantio do milho no Brasil, da safra de verão (1ª safra 2021/2022), está bastante acelerado. O clima contribuiu com os trabalhos de campo e a expectativa, por enquanto, é favorável. Entretanto, as condições climáticas devem se manter benéficas, para que a safra seja bem-sucedida. De todo modo, a safra de verão (1ª safra) representa 25% do total no Brasil. O que vai, de fato, recompor estoques no Brasil é a 2ª safra de 2022. Aí, será possível ver se o País terá condições de exportar até 40 milhões de toneladas de milho este ano. Seguem no radar também, para formação de preços principalmente internacionais, a safra na Ucrânia (importante produtor do cereal e que vende bastante milho para a China), o avanço da colheita nos Estados Unidos e a preocupação com o fenômeno climático La Niña. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.