04/Out/2021
A tendência é de maior sustentação para os preços do milho no mercado brasileiro, com o patamar mais elevado do dólar, que provoca aumento do custo do produto importado, agora isento de PIS/Cofins. As cotações futuras estão firmes na Bolsa de Chicago. No Brasil, os vendedores estão retraídos, mas a fraqueza das exportações também não permite que ocorram altas acentuadas de preços no mercado interno. No acumulado do ano, o País enviou ao exterior 12,836 milhões de toneladas de milho, 35% menos do que as 19,838 milhões de toneladas embarcadas entre janeiro a setembro de 2020. O dólar à vista caiu 1,47% na sexta-feira (01/10), para R$ 5,3696. A queda do dólar no dia apenas amenizou a alta acumulada na última semana, que ficou em 0,47% - a quarta semana consecutiva de ganhos. Em 2021, o dólar sobe 3,43%. Os preços futuros do milho encerraram a semana em baixa na B3. O vencimento novembro/2021 foi cotado à R$ 91,10 por saca de 60 Kg, janeiro/2022 fechou em R$ 92,05 por saca de 60 Kg e março/2022 foi negociado a R$ 92,12 por saca de 60 Kg.
No acumulado da última semana de setembro, os contratos acumularam quedas de 0,23% para janeiro/2022 e de 0,08% para maio/2022. A comercialização de milho segue enfraquecida no Brasil, tanto no mercado spot quanto a termo. Esse cenário se deve à retração de vendedores, que se afastam das negociações, na perspectiva de melhores oportunidades nas próximas semanas. A demanda, por sua vez, está um pouco mais aquecida, mas muitos consumidores ainda se mostram abastecidos. No geral, as atenções estão voltadas à semeadura da safra de verão (1ª safra 2021/2022) e às condições climáticas. Por enquanto, as chuvas seguem irregulares e abaixo da média. Além disso, os agentes estão preocupados com a possível ocorrência de La Niña, que pode limitar o volume de precipitações e elevar as temperaturas nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Neste contexto, na região consumidora de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F registra alta de 1,1% nos últimos sete dias, para R$ 91,83 por saca de 60 Kg.
No mês de setembro, contudo, o Indicador recuou 3,1%. A média mensal de setembro, de R$ 92,44 por saca de 60 Kg, ficou 6% inferior à de agosto/2021. O movimento de queda ainda é observado em algumas regiões, mas em menor intensidade. Nestes casos, a pressão vem da necessidade de alguns produtores de fazer caixa. Nos últimos sete dias, há estabilidade no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e leve baixa de 0,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No acumulado de setembro, as quedas foram de 3,9% e 4,0%, respectivamente. Nos portos, a forte valorização do dólar nos últimos dias, eleva os valores de negociação do cereal, à medida que sustenta a paridade de exportação. Assim, as recentes altas são observadas mesmo com os embarques de milho desaquecidos e com os preços domésticos ainda bem superiores aos praticados nos Estados Unidos. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), os preços apresentam alta de 0,5% e 4,0%, respectivamente, a R$ 75,60 por saca de 60 Kg e a R$ 78,16 por saca de 60 Kg.
Focados na semeadura da safra de verão (1ª safra 2021/2022), os produtores avançam os trabalhos conforme as chuvas aumentam. No Paraná, as atividades se mantêm estáveis nos últimos sete dias, somando 45% da área estimada já semeada. No Rio Grande do Sul, a semeadura do cereal está intensa. Com poucas chuvas no Estado e a presença de uma massa de ar seco, os avanços foram significativos nas regiões de Ijuí, Soledade, Frederico Westphalen e Erechim. Na região de Santa Rosa, os produtores já finalizaram a semeadura. Até o momento, o desenvolvimento é bom. Na Argentina, também são aguardados maiores volumes de chuvas para recompor a umidade do solo. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 30 de setembro, a semeadura chegou a 16,8% da área nacional, 8,3% acima do observado na semana passada e ainda 1,4% maior que o ano anterior. Em relação aos Estados Unidos, o tempo seco tem auxiliado a colheita. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou que, até o dia 27 de setembro, 18% da área havia sido colhida, avanço de 8% na comparação com a semana anterior e ainda 3% acima da média dos últimos anos.
Os valores do milho subiram nos Estados Unidos na maior parte da semana passada, impulsionados pela demanda mais aquecida, uma vez que as exportações daquele país somaram 517,5 mil toneladas até o dia 23 de setembro, alta de 28% em relação à semana anterior. Além disso, a valorização do petróleo e preocupações com os problemas logísticos na região do Golfo do Estados Unidos também influenciam os preços externos. O mercado também aguardava as informações do relatório trimestral de estoques nos Estados Unidos, que foi divulgado no dia 30 de setembro. Segundo o USDA, os estoques norte-americanos, até o dia 1º de setembro, eram de 31,39 milhões de toneladas, bem abaixo dos 48,74 milhões de toneladas de 2020. Porém, o mercado aguardava um número menor, de 29,64 milhões de toneladas, cenário que limitou os avanços nos preços. Assim, na Bolsa de Chicago o contrato Dezembro/2021 apresenta avanço de 1,4% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,36 por bushel. O vencimento Março/2022 registra alta de 1,4% no mesmo comparativo, a US$ 5,44 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.