27/Set/2021
A tendência é baixista para os preços do milho no mercado brasileiro com avanço do ingresso de importações, retirada das alíquotas de PIS/Cofins sobre o produto importado, cotações externas estáveis na Bolsa de Chicago, fracas exportações brasileiras ao longo de 2021 e compradores retraídos. O dólar firme e a quebra da 2ª safra de 2021 impedem uma pressão baixista mais acentuada sobre as cotações domésticas. A retirada da cobrança de PIS/Cofins representará uma redução de 9,25% no custo de importação do milho. As cotações futuras do milho na Bolsa de Chicago para os contratos com vencimentos em 2022 oscilam entre US$ 5,00 e US$ 5,40 por bushel. Mesmo após as confirmações de queda na oferta, devido ao clima desfavorável, e de estoques enxutos, as cotações do milho seguem em queda em muitas regiões.
A pressão vem sobretudo da retração de compradores, mas também do avanço da colheita da 2ª safra de 2021, da redução das exportações e, mais recentemente, do andamento da semeadura da temporada de verão (1ª safra 2021/2022). Nesse cenário, muitos demandantes negociam apenas lotes pontuais, enquanto os vendedores estão mais flexíveis nos valores, especialmente os que precisam fazer caixa para pagar dívidas de custeio. Em São Paulo, especificamente, o movimento de queda acaba sendo reforçado pela oferta da Região Centro-Oeste e pelo crescimento na disponibilidade de caminhões. Com isso, na parcial de setembro, a média do Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) do milho está em R$ 92,81 por saca de 60 Kg, a menor desde junho deste ano. Em termos reais, é o menor patamar desde fevereiro/2021, quando a média foi de R$ 91,88 por saca de 60 Kg (valores deflacionados pelo IGP-DI). Nos últimos sete dias, o Indicador registra queda de 3,3%, cotado a R$ 90,47 por saca de 60 Kg.
No Paraná, com as negociações pontuais e o clima favorável à safra de verão (1ª safra 2021/2022), os consumidores se mantêm afastados. Nas regiões do Centro-Oeste, as quedas são menos intensas se comparadas ao Paraná. Nos últimos sete dias, há queda de 0,8% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Neste caso, o fato de o produtor ter baixo estoque sustenta os valores no balcão. Na B3, os contratos estão recuando, influenciados pela maior oferta atual. O vencimento Novembro/2021 está cotado a R$ 91,73 por saca de 60 Kg, queda de 1,4% nos últimos sete dias. No mesmo período, o contrato Janeiro/2022 também apresenta queda de 1,0%, cotado a R$ 93,23 por saca de 60 Kg. No campo, os produtores da Região Sul do País aproveitaram as precipitações e a melhora da umidade do solo para avançar com os trabalhos de campo.
Na Região Centro-Oeste, apesar das chuvas, a colheita também avançou. No Paraná, restam apenas 2% da área da 2ª safra de 2021 para ser colhida. Em Mato Grosso do Sul, 98,8% da área havia sido colhida até o dia 17 de setembro. Assim, caso o clima favoreça, as atividades devem ser encerradas nos próximos dias. Em São Paulo e em Minas Gerais, até o dia 18 de setembro, as áreas colhidas somavam 95% e 93%, respectivamente. Em relação à safra 2021/2022, o plantio avança no Paraná, mas foi interrompido em algumas áreas do Rio Grande do Sul devido às chuvas. No Paraná, houve avanço de 17%, com 45% da área estimada semanada até o dia 20. Praticamente todas as lavouras estão em boas condições (98%). A safra de verão (1ª safra 2021/2022) pode totalizar 4,113 milhões de toneladas, 32% acima da temporada 2020/2021.
No Rio Grande do Sul, chuvas e alta umidade do solo dificultaram o semeio do milho na semana passada. Essas precipitações, entretanto, beneficiam o desenvolvimento das lavouras já implantadas. Em Santa Catarina, as atividades de campo foram iniciadas e agentes estão otimistas. Caso o clima siga favorável, a produção de milho no estado pode chegar a 2,7 milhões de toneladas, alta de 51,2% em relação à temporada anterior. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 8,5% da área prevista para o milho para a safra 2021/2022 na Argentina, de 7,1 milhões de hectares, havia sido cultivada até o dia 23 de setembro, atraso de 2,5% em relação ao mesmo período da temporada passada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que 10% da área estimada para o país havia sido colhida até o dia 20 de setembro, contra 9% na média dos últimos cinco anos e de 4% na semana passada. Das lavouras, 59% apresentavam condições boas ou excelentes, frente a 58% na semana anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.