21/Set/2021
A pressão é baixista sobre os preços no mercado brasileiro, com as cotações futuras na Bolsa de Chicago entre US$ 5,10 e US$ 5,30 por bushel, se distanciando das máximas do ano, quando se aproximaram de US$ 7 por bushel, após o relatório de setembro do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) ter elevado a estimativa da safra 2021/2022 nos Estados Unidos para 380,9 milhões de toneladas, ante as 374,7 milhões de toneladas estimadas em agosto. Os vencimentos de 2022 na Bolsa de Chicago estão em uma faixa entre US$ 5,00 a US$ 5,30 por bushel, muito acima da média histórica dos últimos 5 anos para período de colheita nos Estados Unidos. Mesmo com a quebra expressiva de 29% na 2ª safra de 2021, a oferta elevada no disponível e o aumento do ingresso de milho importado mantêm a pressão baixista sobre os preços internos. A projeção é de forte recuo das exportações brasileiras em 2021, o que deve mitigar as quebras na 2ª safra de 2021 e manter o mercado abastecido até a chegada da 1ª safra de 2021/2022 (verão).
Para 2022, a tendência é de preços médios mais baixos do que os praticados ao longo de 2021. Os preços do milho apresentam comportamentos distintos dentre as regiões, reflexo das diferentes condições de oferta e demanda e do clima. No entanto, de modo geral, as quedas ainda prevalecem. A liquidez segue lenta, com muitos compradores ausentes do mercado. Estes agentes sinalizam ter estoques, pelo menos para curto prazo, e estão à espera de novas desvalorizações. Na Região Centro-Oeste, apesar da redução da oferta na atual temporada, com a finalização da colheita e ausência de compradores e exportadores, os produtores aceitam negociar o milho a valores mais baixos. Assim, nos últimos sete dias, o preço do milho registra recuo de 3,1% em Rio Verde (GO) e de 1,9% em Rondonópolis (MT). Em regiões produtoras de safra de verão (1ª safra), a melhora do clima e a possibilidade de avanço nos trabalhos de campo pressionam as cotações, e de forma mais intensa.
Em Santa Rosa (RS) e em Ponta Grossa (PR), os recuos nos preços nos últimos sete dias são de 6,6% e de 3,3%, respectivamente. Por outro lado, em Minas Gerais e em São Paulo, os produtores estão limitando o volume ofertado, sobretudo em São Paulo, onde predomina o clima seco. Muitos destes produtores têm voltado as atenções à oleaginosa, que, além de apresentar valores atrativos de comercialização, terá a semeadura iniciada em breve. Apesar do atual cenário de baixa demanda, parte dos produtores opta por deixar a mercadoria nos armazéns, aguardando novas valorizações. Neste contexto, em Unaí (MG) e no Triângulo Mineiro (MG), os preços do milho registram alta de 0,8% e de 1,3%, nesta ordem, nos últimos sete dias. Em São Paulo, as valorizações são de 2,2% na região da Mogiana e de 2,8% na Sorocabana. Na região consumidora de Campinas/SP, o Indicador ESALQ/BM&F, registra avanço de 1,7%, a R$ 93,67 por saca de 60 Kg. No geral, a melhora no clima acabou diminuindo a pressão sobre as cotações em algumas regiões.
Nos últimos sete dias, o recuo é de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,6% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). As cotações na Bolsa de Chicago subiram, impulsionando os preços nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Nos últimos sete dias, as altas são de respectivos 7,8% e 1,0%. Ainda assim, os valores médios no Brasil ainda estão bem acima dos verificados nos Estados Unidos. Nos primeiros dias de setembro, as exportações brasileiras estiveram em ritmo lento e abaixo das registradas na temporada passada. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana do mês (sete dias úteis), saíram dos portos brasileiros 1,25 milhão de toneladas de milho. Esse ritmo de embarques está 9% menor que o registrado em agosto. No campo, os agentes seguem atentos à finalização da colheita no Paraná.
Em Mato Grosso do Sul, as atividades se aproximam da reta final, alcançando 96% da área total. Para São Paulo e Minas Gerais, as atividades somam 85% e 93%, respectivamente, da área estimada. Em Goiás, a colheita foi finalizada. As atenções também se voltam à semeadura da safra de verão (1ª safra 2021/2022), que foi favorecida pelo maior volume de chuvas na Região Sul do País. A semeadura no Paraná havia alcançado 28% da área estimada até o dia 10 de setembro. Destas, 99% estão em boas condições, e apenas 1%, em ruins. No Rio Grande do Sul, as chuvas ajudaram a melhorar a umidade do solo, permitindo a intensificação da semeadura na maior parte do Estado, sobretudo nas regiões de Santa Rosa, Frederico Westphalen e Erechim. Nas regiões de Ijuí e Porto Alegre, as chuvas em excesso atrasaram os trabalhos de campo. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, com o retorno das chuvas na Argentina, a semeadura da temporada 2021/2022 ganhou ritmo, totalizando 2,3% da área nacional, que está estimada em 7,1 milhões de hectares. Nos Estados Unidos, a colheita teve início e totaliza 4% da área, apenas 1% abaixo da média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.