16/Ago/2021
A tendência é de sustentação dos preços no Brasil, com fortes quebras na 2ª safra 2021 e cotações externas firmes, com a redução da estimativa de produção na safra 2021/2022 dos EUA. A 2ª safra de 2021 foi revisada pela nossa Consultoria em 57,6 milhões de toneladas, quebra de 30% em relação à estimativa inicial, que era de uma colheita de 82,6 milhões de toneladas. Com isso, a produção total nas 3 safras de 2021 está estimada em 83,9 milhões de toneladas, 18% abaixo da temporada passada, o que reduzirá expressivamente o potencial de exportações este ano. Por outro lado, a paridade de importação da Argentina segue com cotações inferiores às praticadas no Brasil, o que pode atuar como limitante à alta dos preços internos ao longo deste 2º semestre. Em Chicago, os contratos para o 2º semestre de 2021 oscilam entre US$ 5,60 e US$ 5,75/bushel, enquanto os vencimentos para o 1º semestre de 2022 oscilam entre US$ 5,70 e US$ 5,85/bushel. Os contratos para o 2º semestre de 2022 oscilam entre US$ 5,20 e US$ 5,80/bushel.
A tendência é de preços sustentados em níveis elevados no 2º semestre de 2021 e em 2022. O movimento de queda nos preços do milho, que vinha sendo observado em muitas regiões, perdeu força nos últimos dias. Isso porque estimativas confirmam quedas nas ofertas nacional e externa. No Brasil, dados evidenciam que as secas e geadas reduziram com certa intensidade a produtividade das lavouras da 2ª safra de 2021. Nos Estados Unidos, a seca em determinadas regiões também prejudicou a produção. Diante disso, os negócios no mercado nacional são pontuais. Os compradores aguardam a entrega de lotes e/ou o avanço da colheita e adquirem no spot apenas quando há necessidade. Os vendedores se atentam ao campo e à queda na produtividade, ofertando lotes com cautela, visando também aproveitar os atuais patamares de preços. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra recuo de 1,3% nos últimos sete dias, cotado a R$ 98,87 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os preços apresentam alta de 0,1% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor), mas recuo de 0,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, os contratos estão sendo impulsionados por estimativas indicando redução na oferta. Nos últimos sete dias, o contrato Setembro/2021 acumula valorização de 2,3%, a R$ 100,03 por saca de 60 Kg; o Novembro/2021 tem avanço de 2,1%, a R$ 100,42 por saca de 60 Kg; e o Janeiro/2022 apresenta incremento de 1,3%, a R$ 101,45 por saca de 60 Kg. No Brasil, o clima adverso durante a maior parte do desenvolvimento das lavouras, especialmente para a 2ª safra, reduziu fortemente a produtividade das lavouras. A produção das 3 safras agora está estimada pela nossa Consultoria em 83,9 milhões de toneladas de milho na temporada 2020/2021, consolidando a quebra de 18% em relação ao ano anterior (2019/2020) e a menor colheita desde 2017/2018, quando foram produzidas 80,7 milhões de toneladas.
Com as atuais reduções na produção, foi elevada a estimativa de importação para atender à demanda interna, agora prevista em 4,0 milhões de toneladas entre fevereiro/2021 e janeiro/2022, bem acima das 1,45 milhão importadas em 2019/2020. Até o momento, os números de importações seguem surpreendendo. O consumo interno está previsto em 70,9 milhões de toneladas, impulsionado pelo setor pecuário. Também houve ajuste na estimativa de exportação, para 18,0 milhões de toneladas. Neste cenário, de forte redução na produção brasileira, o estoque final seria de 9,7 milhões de toneladas em janeiro/2022, o menor das últimas temporadas. Esse cenário gera expectativa de que os preços se sustentem até o início da próxima safra. Para a safra 2021/2022, em termos mundiais, a menor produção e o aumento de consumo devem resultar em estoque final global de 284,6 milhões de toneladas, alta de apenas 4 milhões de toneladas em relação a 2020/2021. Assim, a relação estoque/consumo passa a ser de 24,3% na temporada 2021/2022, a menor desde 2013/2014.
O tempo seco possibilitou o bom andamento da colheita do milho no Brasil. No Paraná, os trabalhos de campo avançaram 12%, chegando a 22% da área até o dia 9 de agosto. As lavouras seguem apresentando menor qualidade neste ano. Em Mato Grosso, a colheita havia atingido 93,5% da área, progresso de 9,3% em uma semana. Em Mato Grosso do Sul, a colheita havia atingido 20,1% da área até o dia 6 de agosto, avanço de 10,5% em sete dias. Em São Paulo, Goiás e Minas Gerais, até o dia 7 de agosto, a colheita chegou a 25%, 61% e 37% das respectivas áreas. Na Argentina, a colheita chegou a 94,7%, avanço de 5,5% em relação à semana anterior. Nos Estados Unidos, o USDA apontou que, até o dia 8 de agosto, 64% das lavouras apresentavam boas condições, frente a 62% na semana anterior e a 71% no mesmo período de 2020. Na Bolsa de Chicago, os futuros estão em alta, impulsionados por preocupações com a oferta em 2021/2022. O contrato Setembro/2021 apresenta alta de 2,0% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,67 por bushel; e o Dezembro/2021, 3,6%, a US$ 5,73 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.