12/Ago/2021
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as indústrias brasileiras de carnes de aves e suínos devem importar este ano 76,5% mais milho do que o verificado no ano passado. A perspectiva é de que a quantidade importada alcance 2,42 milhões de toneladas, ante 1,371 milhão de toneladas de 2020. O setor pode dobrar a importação de milho este ano, mas segue acompanhando os números referentes à 2ª safra de 2021 e acredita na afirmação da ministra (da Agricultura) Tereza Cristina, de que não vai faltar milho. A estimativa da ABPA vem em linha com a de consultorias que acompanham o mercado. De janeiro a julho, as empresas já importaram quase todo o volume do ano passado: 1,081 milhão de toneladas. Isso representa uma alta de 113% na comparação interanual, já que em igual período de 2020 foram importadas 508 mil toneladas.
O único mês em que as compras recuaram foi abril, com 77 mil toneladas adquiridas de outros países, ante 93 mil toneladas um ano antes. Mas, as importações se aceleraram mesmo em junho, com crescimento de 2.778%, de 4 mil toneladas de milho em 2020 para 117 mil toneladas este ano. O aumento coincide com a entrada do grão argentino no mercado, que contribuiu com 96 mil toneladas do total importado no mês. Em julho, as indústrias compraram 144 mil toneladas de milho, 13 mil toneladas do Paraguai e outras 131 mil toneladas da Argentina, o que equivale a 225% a mais do que em igual mês do ano anterior. A expectativa é de que esses embarques continuem crescendo nos próximos meses. Vale lembrar que algumas empresas, principalmente da Região Nordeste, seguem avaliando trazer o cereal dos Estados Unidos, com a isenção temporária da tarifa externa comum (TEC). Mas, isso envolve outra variável, que é a variação do dólar.
As empresas esperam importar mais 1,34 milhão de toneladas entre agosto e dezembro. Uma cooperativa do Paraná afirmou que vai importar 130 mil toneladas até dezembro, por meio de caminhões. O volume comprado de países vizinhos pode ser ainda maior do que essas projeções, porque nem todas as empresas participaram do levantamento. O movimento é resultado da conjuntura de aperto nas margens de lucro dos produtores de aves e suínos, em meio ao aumento histórico dos preços dos grãos, especialmente o milho, muito utilizado para nutrição animal. No último ano, o milho se valorizou 83,16% no País, de R$ 53,59 por saca de 60 Kg para R$ 98,16 por saca de 60 Kg, conforme dados do indicador do milho Cepea/Esalq/BM&F. Volumes chegaram aos portos entre R$ 82,00 e R$ 90,00 por saca de 60 Kg, entregue nas plantas. Então, a paridade está bem vantajosa.
Esses preços, porém, são possíveis apenas para produtores que utilizam o Regime Aduaneiro Especial de Drawback, que elimina impostos incidentes sobre as importações. O setor está pedindo a isenção do pagamento de PIS/Cofins para os pequenos produtores, que acabam forçados a pagar preços menos competitivos pelo cereal. A 2ª safra de 2021 iniciou o ciclo sofrendo os efeitos do atraso da colheita da soja, com parte da produção plantada fora da janela ideal. Nos meses seguintes, em abril e maio, a seca atingiu em cheio as lavouras, seguida pelas ondas de frio registradas em junho e julho, que provocaram geadas no Centro-Sul do País e intensificaram as perdas. O mercado tem acompanhado de perto as projeções de quebra da 2ª safra de 2021, que está sendo colhido nas regiões produtoras. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cortou mais uma vez a projeção de colheita do milho 2ª safra de 2021, para 60,32 milhões de toneladas, 19,6% a menos que a estimativa anterior, de 75,05 milhões de toneladas.
A queda na produtividade estimada é de 25,7%, uma previsão de 4.065 quilos por hectare. No seu 11º levantamento, a estatal destacou que a redução só não foi maior porque os altos preços do grão impulsionaram um aumento de área plantada em 8,1%, atingindo 14,87 milhões de hectares. Outra alternativa que vem sendo considerada pelo setor é a substituição do milho por cereais de inverno, como o trigo. Dependendo da variedade, a equivalência nutricional entre os grãos pode chegar a 100%. Tem algumas opções de trigo que são até melhores do que o milho, dependendo da fase do leitão, assim como o arroz quebrado, que é ainda mais barato. O que muda para as empresas, além de preço, é a receita e composição da alimentação, que precisa ser reavaliada. Isso está sendo feito hoje e tem até uma companhia que prevê comprar 34 mil toneladas de trigo para alimentar o rebanho de suínos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.