ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Jul/2021

Setor de proteínas deve seguir importando milho

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o movimento de importação de milho da Argentina e do Paraguai por indústrias de carnes brasileiras é consistente e deve persistir nos próximos meses. Esta tem sido uma estratégia para as empresas garantirem o cereal a preços mais baixos do que os praticados no mercado doméstico, especialmente após a quebra na 2ª safra de 2021 de milho nas regiões mais afetadas pela estiagem e, mais recentemente, pelas geadas. As empresas já entenderam que o patamar de preços atual é a nova realidade e que provavelmente o mercado só vai se regular na chegada da 2ª safra de 2022. Por enquanto, basta procurar preços mais adequados ou repassar esses custos aos produtos finais. Os preços mais adequados, no momento, se encontram nos países vizinhos.

Até agora, já foram relatadas compras equivalentes a 30 navios carregados com milho da Argentina pela JBS, além de 3 outros navios que já estariam fechados para a BRF e um adicional para outro grupo frigorífico. Há, ainda, as compras que chegam ao País por transporte terrestre, com caminhões vindos do Paraguai para o Paraná. Há relatos de duas grandes cooperativas do Paraná que fecharam importação de 250 mil toneladas de milho do Paraguai na semana. Outro fornecedor que entra na lista de avaliação da indústria são os Estados Unidos, uma vez que a tarifa externa comum segue zerada para compra do cereal de países de fora do Mercosul. Contudo, a compra compensa apenas para poucas empresas. Existem companhias se preparando para a importação do milho norte-americano, principalmente no Espírito Santo e na Região Nordeste. Porém, o setor aguarda que o Ministério da Economia e o governo federal acatem o pedido da ABPA para que seja retirada a taxa do PIS/Cofins para pequenos produtores cuja produção é voltada ao mercado local.

A referência de preço no Porto de Rio Grande (RS) para o milho dos Estados Unidos estava em R$ 85,00 por saca de 60 Kg, para agosto ou setembro, R$ 89,00 por saca de 60 Kg para outubro e novembro e R$ 90,00 por saca de 60 Kg para dezembro. Esses valores se somam à cobrança do PIS/Cofins. Com o dólar a R$ 5,16, a compra dos Estados Unidos já começa a ser mais viável para os produtores que têm o regime de drawback, mas o milho é mais atrativo no próprio Mercosul. Não deve haver descolamento da paridade de preços do interior para os do Porto, a exemplo do que houve no ano passado. Além das importações de milho, as indústrias de carne de frango e suína têm iniciado uma substituição de cereais, com aumento de compras de grãos de inverno, como o trigo. Há relatos de uma única empresa, por exemplo, ter adquirido 35 mil toneladas do trigo argentino para utilizar na engorda de suínos.

Em relação à disponibilidade de milho, a percepção é de que não se está na iminência de escassez do produto, porém isso não significa que há uma oferta integral. O que vai definir a estratégia de compra das empresas nos próximos meses são os recortes de preços e oferta locais. Como exemplo, a ABPA cita a produção volumosa de milho no Maranhão, Tocantins e Piauí, mas lembra das perdas em áreas de Mato Grosso do Sul, onde a chegada da massa de ar polar pode acentuar os problemas das lavouras. O mercado deve monitorar, entretanto, a reação dos produtores de milho com o aumento das importações das agroindústrias brasileiras. Não é descartado um recuo no preço do milho. Todas as empresas estão avaliando a situação com cautela. Enquanto isso, a entidade segue pedindo ao governo mais informação e liberdade de exportação e importação. O setor de carnes, assim como o de milho, quer aumentar a produção do cereal para suprir o mercado interno e exportar o excedente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.