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23/Jul/2021

Preços do milho firmes e divergência entre agentes

Os valores do milho continuam sustentados no mercado interno, mas não atraem o vendedor. A perspectiva de quebra na 2ª de 2021 inibe o produtor da venda por dois motivos: o receio de faltar cereal para o cumprimento de contratos fechados anteriormente e a expectativa de que os preços possam subir ainda mais. Na contramão desse cenário, as indicações de compradores se mantêm estáveis nas principais regiões produtoras, abaixo das indicações de venda.

Em Goiás, na região de Rio Verde, os produtores estão distantes da mesa de negócios e não cedem na pedida. Fábricas locais e de São Paulo indicam R$ 87,00 por saca de 60 Kg FOB, para retirada e pagamento imediatos. Os vendedores indicam R$ 92,00 por saca de 60 Kg, nos mesmos prazos. Os produtores buscam mensurar o tamanho das perdas na 2ª safra de 2021. Para exportação, a comercialização ainda é mais lenta em virtude dos preços maiores pagos pelos processadores domésticos. Tradings estão revertendo milho de exportação para mercado interno. Mesmo assim, tudo indica que vai faltar milho no mercado. Para a negociação antecipada da 2ª safra de 2022 também há disputa entre comprador e vendedor sobre preço. Os compradores indicam US$ 11,00 por saca de 60 Kg FOB, para julho do ano que vem, enquanto produtor indica US$ 14,00 por saca de 60 Kg. O mercado está bem parado.

No Paraná, as geadas generalizadas registradas nesta semana tendem a agravar as perdas da 2ª safra de 2021. Na região dos Campos Gerais, a indicação de compra está entre R$ 97,00 e R$ 98,00 por saca de 60 Kg, para pagamento imediato e carregamento após o pagamento. A demanda vem de compradores de menor porte da região e de Santa Catarina, que adquirem milho da mão para a boca enquanto esperam crescer o volume colhido da 2ª safra de 2021. Os vendedores, contudo, buscam valores mais remuneradores. O comprador que tiver necessidade terá que aceitar os valores indicados pelo vendedor em virtude da menor oferta no Estado em consequência das perdas da 2ª safra de 2021 por seca e geadas. O fator que pode barrar novas altas é o acesso a milho importado.

As fábricas de maior porte estão fora das negociações no disponível, argumentando que o milho importado chegaria entre R$ 90,00 e R$ 91,00 por saca de 60 Kg. Esses compradores já importaram mais desde as primeiras geadas que causaram prejuízos à 2ª safra e, como o fenômeno voltou a ocorrer nesta semana, tendem a comprar mais do exterior. Na região norte do Paraná, a oferta é escassa. Quanto à negociação antecipada da safra de verão (1ª safra 2021/2022), os compradores indicam entre R$ 88,00 e R$ 90,00 por saca de 60 Kg para milho limpo e seco, com entrega em fevereiro e pagamento em março na região dos Campos Gerais, ou R$ 80,00 por saca de 60 Kg por milho úmido. Os vendedores, atentos à possibilidade de valores mais altos mais adiante em decorrência das perdas cada vez maiores da 2ª safra de 2021, indicam valores mais altos.

Diante da quebra na produção local, as indústrias de ração da Região Sul têm recorrido à Argentina e ao Paraguai para garantir o abastecimento. Contudo, que as lavouras de milho no Paraguai também foram afetadas pelo clima seco e pelas geadas, o que pode afetar as exportações de milho do país para o Brasil. Os Estados da Região Sul podem ter que aumentar as compras da Região Centro-Oeste se a oferta de milho diminuir no Paraguai. A Região Sul, onde está concentrada a indústria de proteína animal, frequentemente importa milho do Paraguai e da Argentina, já que o custo é menor do que transportar cereal da região Centro-Oeste do Brasil. Com redução da produção paraguaia, esse fluxo pode sofrer alterações.