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21/Jun/2021

1ª usina de etanol de milho com carbono negativo

A FS Bioenergia, maior produtora de etanol à base de milho do Brasil, investirá R$ 250 milhões para implementar um sistema de bioenergia com captura e estocagem de carbono (BECCS) em sua fábrica de Lucas do Rio Verde (MT). Com isso, a unidade será a primeira do Brasil a ter pegada de carbono negativa, ou seja, vai estocar mais carbono do que emite. Na estimativa da companhia, o BECCS eliminará 400 mil toneladas de carbono por ano. O projeto deve ficar pronto em três a quatro anos. A FS vai capturar, comprimir e transportar o carbono produzido na unidade até um local de armazenamento subterrâneo. A empresa contratou estudos geológicos e sísmicos para definir qual será a localização exata da injeção de carbono. Foi feita a primeira etapa de viabilidade, que determinou que a condição geológica da região das plantas é boa. Agora, estão sendo realizados estudos sísmicos para garantir que o local é viável. Este ano a viabilidade será mais detalhada para avançar na construção do projeto.

Esta será a primeira vez que o CCS será usado para esse propósito no Brasil. A Petrobras tem um projeto semelhante, mas o foco é retirar petróleo e o volume de carbono que permanece no solo é baixo. No caso da FS, o carbono fica estocado para sempre e são monitorados os poços para garantir que não haja vazamentos. A companhia espera conseguir estocar todo o carbono da fermentação de etanol produzido pela planta nos próximos 30 anos ou mais. O carbono que será capturado na unidade tem alto grau de pureza. A empresa espera conseguir receitas com esse projeto por meio da venda de créditos de carbono, tanto no Brasil, pelo RenovaBio, quanto no exterior, em programas como o Low Carbon Fuel Standard (LCFS), da Califórnia (EUA). O plano da FS é emitir 32 milhões de Créditos de Descarbonização (CBios), os títulos emitidos no âmbito do RenovaBio, entre 2020 e 2030. Com o projeto de captura e armazenagem de carbono, a companhia ganhará prêmio na nota de eficiência ambiental, o que permitirá que a empresa emita um volume maior de CBios por litro produzido.

O volume arrecadado com isso vai depender do preço desses créditos. A expectativa é de que, ao longo dos anos, eles se valorizem. O combustível já tem a menor pegada de carbono, e agora a empresa busca reduzir mais ainda, por dois motivos: primeiramente, porque acredita ser uma contribuição para reduzir as mudanças climáticas. O segundo motivo é que está se formando um mercado de carbono cada vez mais atrativo. Há 60 mercados de carbono no mundo, e algumas empresas adquirem crédito voluntariamente, como a Microsoft. A maior parte dos créditos negociados deve ser de CBios, mas as exportações também devem ter papel importante, principalmente porque a tonelada do carbono é negociada a um preço expressivamente mais alto no exterior. No Brasil, o preço médio do CBio (que representa uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida) entre janeiro e maio deste ano foi de R$ 27,12, enquanto na Califórnia o preço médio do crédito em maio foi de US$ 190,00, mais de R$ 950,00.

A estimativa de investimento de R$ 250 milhões pode mudar a depender do câmbio e dos detalhes da formação rochosa. Pode variar cerca de 15%, mas não deve ficar longe disso, o que está bem em linha com os patamares internacionais. Pode ser possível instalar um projeto parecido na usina da FS em Sorriso, também em Mato Grosso. Os estudos iniciais da ANP iam até a entrada de Sorriso. A empresa não teve acesso ao que acontece depois da entrada, pois a fábrica fica um pouco depois da divisa. Então, o foco inicialmente é em Lucas do Rio Verde, porque o gasto em estudos sísmicos é grande. Esse tipo de projeto também pode ser escalável para as regiões produtoras de etanol de cana-de-açúcar. A formação geológica do Brasil permite, e seria muito positivo se o mercado premiasse a retenção de carbono e isso pudesse se tornar um projeto de amplitude nacional. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.