24/Mai/2021
A pressão é baixista sobre os preços do milho em algumas regiões do País, diante da queda do dólar para níveis mais baixos, melhora das condições climáticas sobre boa parte das regiões produtoras de 2ª safra no Brasil, recuo das cotações futuras na Bolsa de Chicago e fraco ritmo de exportações brasileiras nas últimas semanas. Além disso, com a alíquota de importação de milho (TEC – Tarifa Externa Comum) zerada até o final deste ano, e diante do recuo das cotações internacionais, o custo de importação de milho vem recuando e, em algumas regiões, o produto de outros países já se mostra competitivo com o grão produzido no Brasil. Os preços do milho apresentam comportamentos distintos no mercado interno. Quedas mais intensas são observadas no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Além da expectativa de melhora do clima no Brasil, a baixa dos preços na Argentina e a desvalorização do dólar levaram uma parcela dos compradores domésticos a retomar as compras no mercado internacional. Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, por outro lado, os preços registram leve alta. Algumas regiões nesses Estados produzem apenas safra de verão (1ª safra), o que tem feito com que os produtores limitem o volume disponível para negócios.
Nos últimos sete dias, os recuos nos preços são de 5,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Por outro lado, considerando-se os negócios no mercado de lotes na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F registra leve alta de 0,3% nos últimos sete dias, indo para R$ 102,06 por saca de 60 Kg. Na Argentina, desde o início deste mês, os preços recuaram 8,7%. Neste cenário, a liquidez segue baixa no mercado brasileiro. Boa parte dos produtores já quitou as dívidas e não tem necessidade imediata de caixa, fazendo com que muitos aguardem valorizações mais significativas para vender novos lotes. Porém, alguns produtores já consideram possíveis quedas, devido à previsão de chuvas em boa parte das regiões produtoras de 2ª safra nos próximos dias. Do lado dos consumidores, muitos estão preferindo consumir estoques, apostando na previsão de chuvas para os próximos dias, o que deve melhorar o desenvolvimento das lavouras e, consequentemente, a produtividade, aumentando a oferta. O volume de importações esteve maior nos últimos dias. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros 10 dias úteis de maio, 34,8 mil toneladas do cereal foram recebidas nos portos brasileiros, volume quatro vezes maior que o registrado em todo o mês de maio/2020.
Quanto às exportações, seguem enfraquecidas, devido à baixa liquidez nos portos. Até o momento, apenas 1,2 mil toneladas foram embarcadas. Nos últimos sete dias, os preços registram queda de 2,6% no Porto de Paranaguá (PR), a R$ 85,60 por saca de 60 Kg. No mercado futuro, as expectativas do início da colheita em algumas regiões do Centro-Oeste e de melhora no clima para o desenvolvimento da 2ª safra de 2021 estão pressionando levemente o contrato Julho/2021 na B3, que apresenta recuo de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 97,19 por saca de 60 Kg. O vencimento Setembro/2021, por outro lado, registra avanço de 0,8%, passando para R$ 95,91 por saca de 60 Kg. No Rio Grande do Sul, 88% das áreas da safra de verão (1ª safra 2020/2021) foram colhidas. Do que está no campo, 9% estão em maturação e 3%, em enchimento de grãos. Como a colheita de soja está adiantada, a expectativa é de intensificação dos trabalhos com o cereal. No Paraná, até o dia 17 de maio, 99% da área da safra de verão (1ª safra 2020/2021) havia sido colhida. O cereal que ainda está no campo está 100% em fase de maturação.
Quanto à 2ª safra 2021 no Paraná, 98% da área foi cultivada, sendo que 23% estão em boas condições, 46%, em condição média e 31%, em situação ruim. Na Argentina, até o dia 20 de maio, 27,6% da área havia sido colhida, atraso de 15,9% em relação ao ano passado. A produtividade média está em 8,5 toneladas por hectare, o que ainda permite estimar produção de 46 milhões de toneladas, 5,5 milhões de toneladas a menos que na temporada 2019/2020. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 80% da área destinada ao cereal havia sido semeada nos Estados Unidos até o dia 16 de maio, avanço semanal de 13%. Além disso, 61% das lavouras emergiram, acima dos 42% registrados no ano passado. Na Bolsa de Chicago, as cotações seguem influenciadas pela previsão de estoques mais confortáveis, além da melhora do clima no cinturão produtivo dos Estados Unidos. As quedas, porém, são limitadas pela demanda aquecida da China. Na última semana, a China adquiriu 5,6 milhões de toneladas para o ano comercial 2021/2022. O contrato Julho/2021 registra recuo de 1,5% nos últimos sete dias, caindo para US$ 6,64 por bushel; o contrato Setembro/2021 apresenta desvalorização de 0,7% no mesmo comparativo, para US$ 5,79 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.