17/Mai/2021
A tendência é de preços sustentados em níveis elevados para o milho no Brasil, com as cotações futuras em níveis altos na Bolsa de Chicago e com as quebras já consolidadas na 2ª safra de 2021. Na semana passada, chuvas foram registradas em algumas regiões produtoras de milho do País. As precipitações, no entanto, ainda ocorreram de forma insuficiente para sanar as preocupações quanto ao déficit hídrico, especialmente no Paraná, em Mato Grosso do Sul e em algumas áreas da Região Sudeste. Assim, os vendedores seguem atentos aos impactos do clima sobre a produtividade e, com isso, limitam a oferta de novos lotes no spot. Muitos compradores com necessidade de repor estoques de curto prazo, por sua vez, acabam cedendo aos maiores preços. Nesse cenário, os preços se mantêm em alta na maior parte das regiões. Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 0,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas).
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta alta de 0,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 101,79 por saca de 60 Kg. Em São Paulo, enquanto nas regiões de Sorocabana e Mogiana a posição firme de produtores tem mantido os preços em alta, na região sul do Estado, os produtores têm colhido e parte deles está mais flexível nos valores. As projeções da nossa Consultoria indicam uma produção de 102,5 milhões de toneladas na safra total de 2020/2021, praticamente o mesmo patamar do ano anterior, já contabilizadas as perdas parciais da 2ª safra, decorrentes do clima desfavorável. A produção da safra de verão (1ª safra 2020/2021) é estimada em 24,7 milhões de toneladas, 4% menor que a anterior, também refletindo os efeitos do clima adverso. Para a 2ª safra de 2021, a projeção de produção é de 75,8 milhões de toneladas, volume apenas 1% acima do da temporada anterior e 10 milhões de toneladas inferior à projeção inicial. Esses dados podem ser novamente reajustados, tendo em vista o clima desfavorável também em maio e o semeio de aproximadamente 35% das lavouras fora da janela considerada ideal.
Para 3ª safra de 2021, que tem o início da semeadura programado para este mês, a estimativa de produção é de 1,9 milhão de toneladas, alta de 5% em relação à temporada anterior. Esse aumento se deve à maior área. A demanda interna está estimada em um recorde de 72,1 milhões de toneladas e as exportações estão previstas em 35 milhões de toneladas. Assim, os estoques finais deverão recuar para 7,2 milhões de toneladas, 32% abaixo das 10,6 milhões de toneladas da temporada passada. No campo, o baixo volume de chuvas permitiu a manutenção dos trabalhos de campo. No Paraná, 99% da 2ª safra de 2021 havia sido semeada até o dia 10 de maio. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou a produção mundial da temporada 2021/2022 em 1,18 bilhão de toneladas, com crescimento de 5,4% sobre a temporada anterior. O consumo doméstico, por sua vez, deve ficar em 1,17 bilhão de toneladas, 2,3% maior que a da safra anterior. Com isso, os estoques de passagem estão estimados em 292 milhões de toneladas, 3,1% abaixo dos do ano anterior. Para Estados Unidos, os dados surpreenderam.
O USDA estimou produção norte-americana de 380,76 milhões de toneladas na safra 2021/2022, volume 5,7% maior que a anterior. Segundo o USDA, 67% da safra norte-americana de milho 2021/2022 havia sido plantada, contra 46% na semana anterior e 52% na comparação com a média dos últimos cinco anos. Na Argentina, os trabalhos de campo estão lentos, já que o produtor tem priorizado as atividades envolvendo a soja. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita do cereal chegou a 24,6% da área até o dia 13 de maio. Quanto aos preços internacionais, as preocupações com a safra brasileira e a demanda chinesa aquecida levaram os futuros a patamares recordes. No entanto, após a divulgação dos dados do USDA de estoques finais acima do esperado, os vencimentos recuaram. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2021 registra recuo de 5,3% nos últimos sete dias, cotado a US$ 7,19 por bushel. O vencimento Julho/2021 apresenta desvalorização de 6,1% no período, caindo para US$ 6,74 por bushel. O contrato Setembro/2021 tem baixa de 9,7%, cotado a US$ 5,83 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.