10/Mai/2021
Com as quebras já se consolidando na 2ª safra brasileira de milho de 2021 e cotações futuras em patamares elevados em Chicago, a tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro. Na última semana, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) do milho atingiu a marca histórica de R$ 100,00 por saca de 60 Kg. A baixa oferta do cereal no mercado spot nacional é o principal fator de sustentação. Apesar de a colheita da safra verão (1ª safra 2020/2021) estar na reta final, muitos produtores estão afastados das vendas, preocupados com o desenvolvimento das lavouras de segunda temporada, que pode ser prejudicada pelo clima seco. Os compradores mostram necessidade de recompor estoques. O Indicador ESALQ/BM&F registra alta de 1,1% nos últimos sete dias, cotado a R$ 100,90 por saca de 60 Kg.
Neste caso, as altas só não foram mais intensas devido à colheita de algumas lavouras semeadas após a finalização da safra de feijão no em São Paulo, sobretudo nas regiões de Itapeva. No Paraná, a disputa pelo grão está acirrada e, em alguns casos, as intenções de venda atingem R$ 110,00 por saca de 60 Kg. Em Santa Catarina, na região de Campos Novos; no Paraná, na região oeste; e em Pernambuco, na região de Recife, o milho é negociado a R$ 102,16 por saca de 60 Kg; R$ 105,67 por saca de 60 Kg; e R$ 100,68 por saca de 60 Kg, respectivamente. Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,8% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No mercado futuro da B3, após baterem recordes consecutivos, os vencimentos avançam com menos intensidade. O vencimento Maio/2021 está cotado a R$ 102,32 por saca de 60 Kg, alta de 0,8% nos últimos sete dias.
Os contratos Julho/2021 e Setembro/2021 estão cotados a R$ 103,27 por saca de 60 Kg e a R$ 100,28 por saca de 60 Kg, valorizações de 0,5% e 0,4% nos últimos sete dias, respectivamente. Ainda que de forma menos intensa, os valores dos negócios antecipados para exportação no Porto de Paranaguá (PR) também estão em alta. No geral, o ritmo de fechamentos está mais lento, visto que produtores estão com receio de comercializar novos lotes enquanto as lavouras são prejudicadas pela falta de chuvas. Os negócios realizados e/ou ofertas de compra e de venda neste início de maio, para entrega do milho em agosto e setembro no Porto de Paranaguá, estão próximos de R$ 89,00 por saca de 60 Kg, ou seja, acima dos R$ 82,00 por saca de 60 Kg registrados em abril. No mercado internacional, os preços também atingem patamares altos, sendo influenciados pelas preocupações com o clima na América do Sul. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2021 registra alta de 8,2%, indo para US$ 7,59 por bushel.
O vencimento Julho/2021 apresenta avanço de 10,9%, a US$ 7,18 por bushel. Em Mato Grosso, há quedas na produtividade e, consequentemente, na produção. Essa redução é reflexo da semeadura fora da janela ideal e do atual cenário climático de baixo volume de chuvas. Agora, a produtividade é estimada em 101,4 sacas de 60 Kg por hectare, e a produção, em 34,6 milhões de toneladas, respectivas diminuições de 7,0% e de 2,4%, frente à safra anterior. No Paraná, a redução estimada é de 4,6% na produtividade, mas o aumento de 8% na área, deve resultar em produção de 12,23 milhões de toneladas, 3% a mais que na temporada passada. Porém, esse volume está 1,2 milhão de toneladas abaixo do estimado em março. Em Mato Grosso do Sul, apesar de a semeadura de 44% das lavouras ter ocorrido fora da janela ideal, o aumento de 5,7% da área pode levar a produção estadual para 9 milhões de toneladas, 4% maior que a da temporada 2019/2020.
No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) relata que a colheita chegou a 98% da área da safra de verão (1ª safra 2020/2021). Para a 2ª safra de 2021, a semeadura está em 99% da área. Com o clima seco, por mais uma semana, as lavouras apresentaram queda na qualidade. Até o dia 3 de maio, apenas 28% das lavouras estavam em boas condições (o pior cenário desde o início dos trabalhos de campo). Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta que a colheita do milho segue lenta, com 22,7% da área colhida até o dia 6 de maio, avanço de 3,2% em relação à semana anterior. Agentes brasileiros também estão atentos ao clima nos Estados Unidos. De acordo com relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 46% da safra norte-americana de milho já foi semeada, contra 17% até o dia 25 de abril e 36% na média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.