19/Abr/2021
A tendência é de alta dos preços no Brasil, com futuros em Chicago próximos do patamar de US$ 6/bushel, dólar em patamares elevados, elevado percentual da 2ª safra de 2021 já comercializados antecipadamente à colheita, aumento de área abaixo da expectativa na safra 2021/2022 dos Estados Unidos, forte expansão das importações chinesas, oferta interna restrita neste 1º semestre e vendedores retraídos. Para a 2ª safra de 2021, as adversidades climáticas poderão provocar perdas do potencial produtivo, com 45% da área em Mato Grosso e 25% no Paraná semeados fora da “janela” considerada ideal, com estiagens em algumas regiões produtoras, risco de escassez de chuvas ao longo do ciclo e previsão de baixas temperaturas no estágio final das lavouras, especialmente nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Para o 2º semestre de 2021, em caso de boa colheita na 2ª safra, as cotações na B3 deverão recuar dos patamares atuais acima de R$ 100 por saca de 60 Kg, para R$ 90 a R$ 94 – caso contrário, o viés altista sobre os preços poderá ganhar ainda mais força.
Para o 1º semestre de 2022, caso se confirme a projeção de uma safra recorde nos Estados Unidos em 2021/2022, o viés é baixista para os futuros, que recuariam para uma faixa entre US$ 4,80 a US$ 5,20/bushel. As chuvas ainda abaixo do esperado neste mês em importantes regiões produtoras de 2ª safra têm deixado os vendedores afastados das negociações. Neste atual período de desenvolvimento das lavouras, a falta de precipitação pode prejudicar a na produtividade. Esse cenário deverá levar à redução das estimativas que, atualmente, indicam safra recorde. Os compradores, por sua vez, precisam recompor estoques, cenário que mantém os preços em alta, renovando os recordes reais em muitas regiões. Nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F (base Campinas/SP) registra alta de 2,3%, cotado a R$ 97,88 por saca de 60 Kg, novo recorde real da série histórica do Cepea. Nos últimos sete dias, há alta de 4,0% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 3,8% no mercado de lotes (negociação entre empresas).
Em algumas regiões, os avanços nos preços são mais expressivos, e os vendedores indicam valores acima de R$ 100,00 por saca de 60 Kg. Em Mato Grosso do Sul, na região de Chapadão do Sul, o aumento na cotação é de expressivos 11% nos últimos sete dias, e, no Paraná, na região norte, de 7%. Em Mato Grosso, 70% da safra 2021 já foi negociada, o que reforça a preocupação de produtores e o movimento de alta nos valores. Assim, na região de Rondonópolis, a valorização do milho nos últimos sete dias é de 6,4%. Nesse cenário de incertezas climáticas, os contratos na B3 seguem em alta e operam, pela primeira vez, acima dos R$ 100,00 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2021 registra alta de 1,9%, cotado a R$ 102,73 por saca de 60 Kg. Julho/2021 apresenta valorização de 2,2% no mesmo período, a R$ 98,19 por saca de 60 Kg. Os contratos com vencimento no segundo semestre também estão em alta. Setembro/2021 subiu 4,2%, a R$ 93,96 por saca de 60 Kg, e Novembro/2021, 4,5%, a R$ 94,84 por saca de 60 Kg.
No campo, o tempo seco favorece a colheita do milho da safra de verão (1ª safra 2020/2021) no Paraná, que está na reta final. 92% da área havia sido colhida até o dia 12 de abril. Por outro lado, a baixa umidade pode prejudicar a 2ª safra de 2021 do Paraná, que está em fase decisiva para a determinação da produtividade. Com 99% da área semeada, as lavouras do Paraná registraram piora nas situações: o percentual de lavouras em situação boa caiu de 92% para 76% na semana passada. Ainda assim, está mantida a expectativa de aumento de 13% na produtividade do milho no Paraná frente à safra anterior. Em Mato Grosso, a projeção é de redução de 3,5% na produtividade média, de 102 sacas de 60 Kg por hectare. Com essa redução, a estimativa de produção é de 34,970 milhões de toneladas na 2ª safra de 2021. A maior queda na produtividade média deve ser observada na região norte do Estado, de 5,6%, seguida pela região nordeste, com recuo de 4,8%, e pela região centro-sul, de 2,9%.
No Rio Grande do Sul, o clima também favorece o avanço da colheita, que havia atingido 77% da área até o dia 15 de abril. As áreas plantadas tardiamente apresentam bom potencial de rendimento, devido ao retorno das chuvas. Até o momento, 9% dos grãos estão em formação, 2%, em floração e 12%, em maturação. Na Argentina, o retorno das chuvas prejudicou os trabalhos de campo. Até o dia 15 de abril, 14,2% da área total semeada no país havia sido colhida, avanço de 2,2% em relação à semana anterior. Apesar de um início de temporada tumultuado, as chuvas dos últimos dias melhoraram a expectativa de rendimento das lavouras, principalmente na região de Córdoba, o que fez com que a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aumentasse a estimativa de produção de 45 milhões de toneladas para 46 milhões de toneladas, mas ainda 5,5 milhões de toneladas inferior a 2019/2020. Apesar das preocupações com o clima no Brasil, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve em 109 milhões de toneladas a estimativa de produção brasileira da safra 2020/2021.
A produção mundial da safra 2020/2021 foi reajustada positivamente, para 1,137 bilhão, como consequência dos aumentos na União Europeia e nas Filipinas, principalmente. O consumo global também foi reajustado para 1,156 bilhão de toneladas, puxado pelo aumento da demanda dos Estados Unidos. Com isso, o estoque é estimado em 283,8 milhões de toneladas, queda de 6,3% frente ao da temporada anterior. Esse cenário de estoques mundiais apertados e preocupações com a semeadura do cereal nos Estados Unidos têm elevado os preços internacionais. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2021 registra valorização de 1,8% nos últimos sete dias, para US$ 5,90 por bushel. O contrato Julho/2021 está cotado a US$ 5,76 por bushel, ganho de 2,6% no período. Segundo o USDA, até o dia 11 de abril, a semeadura de milho nos Estados Unidos totalizou 4% da área. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.