12/Abr/2021
A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com a forte elevação das cotações futuras, que se aproximaram dos US$ 6 por bushel na Bolsa de Chicago, dólar em patamares elevados, oferta interna restrita, riscos climáticos para a 2ª safra brasileira, que teve parte expressiva da área semeada fora da janela considerada ideal. Os preços do milho seguem renovando os patamares recordes na maior parte das regiões. Em importantes regiões produtoras, o valor do cereal nesta parcial de abril já representa o dobro da média verificada no mesmo mês de 2020. As contínuas altas estão atreladas à baixa oferta do milho no spot nacional. Preocupados com os possíveis impactos do clima sobre a produção da 2ª safra de 2021, os produtores limitam as vendas. Pontualmente, apenas alguns lotes da safra de verão (1ª safra 2020/2021) são ofertados em Goiás e em Minas Gerais, mas não o suficiente para limitar as elevações nos preços no físico.
Os consumidores, por sua vez, estão preocupados com os atuais patamares, que extrapolam os custos de produção em muitos casos. Os compradores que precisam recompor estoques têm tido dificuldades em encontrar novos lotes e os que conseguem se esbarram nos elevados preços negociados. Em Sorriso (MT), Dourados (MS), Rio Verde (GO), norte do Paraná e Mogiana (SP), os aumentos nos preços entre abril/2020 e abril/2021 são de 73,2%, 93,8%, 84,8%, 101,8% e 83,2%, respectivamente. Nos últimos sete dias, especificamente, os avanços são de 2,1% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (base Campinas – SP) registra alta de 1,7% no período, a R$ 95,49 por saca de 60 Kg, novo recorde real da série histórica do Cepea.
Na B3, com agentes preocupados quanto à produção da 2ª safra de 2021, os contratos são negociados próximos de R$ 100,00 por saca de 60 Kg. O contrato Maio/2021 está cotado a R$ 99,86 por saca de 60 Kg. Julho/2021 apresenta avanço de 2,8% em sete dias, cotado a R$ 95,21 por saca de 60 Kg no mesmo período. A produção da safra de verão (1ª safra 2020/2021) está estimada pela nossa Consultoria em 24,5 milhões de toneladas, queda de 4,5% em relação à de 2019/2020 e a menor em 29 anos. Na 2ª safra de 2021, a produção está estimada em 82,6 milhões de toneladas, 10,1% acima da temporada anterior, impulsionada sobretudo pelos aumentos de 6,9% na área e 3,0% na produtividade. Quanto à 3ª safra de 2021, está estimada em 1,9 milhão de toneladas. A safra total está estimada em 109,1 milhões de toneladas.
O consumo interno está estimado em 72,1 milhões de toneladas. Mesmo com as fortes altas nos preços domésticos e da consequente perda de competitividade no mercado externo, a estimativa de exportação brasileira de milho é de 38 milhões de toneladas (entre fevereiro/2021 e janeiro/2022). Já as importações devem atingir 1 milhão de toneladas. O tempo seco favorece a colheita do milho da safra de verão (1ª safra 2020/2021) no Paraná, que está na reta final. Por outro lado, a baixa umidade em algumas regiões do Estado pode prejudicar a 2ª safra de 2021, que está em fase decisiva para a determinação da produtividade. Com 99% da área semeada, as lavouras do Paraná estão em desenvolvimento vegetativo (87%), em germinação (8%), floração (4%) e em frutificação (1%). Em Mato Grosso, a semeadura foi finalizada, com 45% da área fora do período ideal.
Em Mato Grosso do Sul, também há atraso, com 98% da área estadual semeada. No Rio Grande do Sul, o clima favorece o avanço da colheita, que havia atingido 75% da área até o dia 8 de abril. A produtividade vem apresentando melhora, após um início de colheita com perdas significativas em função da estiagem. Na Argentina, a colheita segue firme com o clima favorável. Até o dia 8 de abril, 12% da área estimada havia sido colhida, avanço de 4,1% em relação à semana anterior. Nos Estados Unidos, as atenções também se voltam à oferta e à demanda, e agentes têm expectativa de redução nos estoques mundiais. Diante disso, os vencimentos futuros estão em alta. O contrato de Maio/2021 está cotado a US$ 5,79 por bushel, Julho/2021 a US$ 5,61 por bushel e Setembro/2021 a US$ 5,10 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.