22/Mar/2021
A tendência é altista para os preços no mercado brasileiro, com futuros em Chicago entre US$ 5,40 e US$ 5,55 por bushel nos primeiros vencimentos, dólar em patamares ainda elevados, atrasos na implantação da 2ª safra, com maiores riscos durante o desenvolvimento das lavouras de inverno no Brasil e suprimento interno ajustado nesta temporada de 2021. Além disso, 42% da 2ª safra de milho de 2021 já estão comercializados, o que deverá conter uma pressão baixista mais acentuada sobre as cotações domésticas. Para o segundo semestre de 2021, caso se confirme a projeção de uma colheita recorde nos Estados Unidos em 2021/2022, as cotações futuras em Chicago deverão recuar para uma faixa entre US$ 4,70 e US$ 4,90 por bushel. No Brasil, a tendência é de preços internos sustentados ao longo de 2021, com projeção de aumento das exportações e de queda dos estoques finais na temporada 2020/2021. O câmbio segue sendo o único fator com potencial para pressionar negativamente os preços internos. Impulsionados pela demanda aquecida e pela restrição da oferta no spot nacional, os preços do milho seguem em alta na maior parte das regiões.
Apesar do avanço da colheita das lavouras da safra de verão (1ª safra 2020/2021), os compradores relatam dificuldades em realizar negócios. Muitos produtores, mesmo diante dos preços recordes, comercializam apenas pequenas quantidades. Estes agentes relatam não ter problemas com armazenagens. Os vendedores estão à espera de valores ainda maiores, fundamentados na baixa disponibilidade do cereal no spot, em incertezas quanto à oferta do milho da 2ª safra de 2021 e no dólar valorizado. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) renovou o recorde diário real da série histórica, ao atingir R$ 93,44 por saca de 60 Kg (valores deflacionados pelo IGP-DI). O Indicador está cotado a R$ 93,30 por saca de 60 Kg, com elevações de 1,7% nos últimos sete dias e de 9,2% na parcial de março. Nos últimos sete dias, as altas são de 1,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,9% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na parcial do mês, os aumentos são de 4,6% e de 5,6%, respectivamente.
Assim como no curto prazo, as negociações envolvendo o milho da 2ª safra de 2021 também estão pontuais. Os consumidores têm interesse em garantir ao menos parte da mercadoria para o segundo semestre, mas os produtores limitam os negócios, atentos ao clima e incertos quanto à produção. Por enquanto, para entrega em setembro, os preços do milho estão, em média, a R$ 76,50 por saca de 60 Kg no Porto de Paranaguá (PR), a R$ 68,50 por saca de 60 Kg em Londrina (PR), a R$ 61,00 por saca de 60 Kg em Sorriso (MT) e a R$ 71,00 por saca de 60 Kg em Rio Verde (GO). Com as expressivas altas internas, o mercado brasileiro se mostra mais atrativo que o internacional, o que tem reduzido as negociações para exportação. Segundo dados da Secex, até o dia 12 de março, saíram de portos brasileiros apenas 226,3 mil toneladas. O ritmo diário está em 22,63 mil toneladas em março/2021, contra 45,71 mil toneladas em fevereiro e 21,48 mil toneladas em março de 2020. A colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021) se aproxima do final, e a semeadura da 2ª safra de 2021 segue intensa nas principais regiões produtoras do Brasil.
No Paraná, 64% das lavouras da safra de verão (1ª safra 2020/2021) foram colhidas até o dia 15 de março, avanço semanal de 11%. Quanto à 2ª safra de 2021, a semeadura totaliza 72% da área prevista, contra 43% no período anterior. Os produtores do Estado se mostraram preocupados com o desenvolvimento das lavouras, devido às altas temperaturas e à falta de chuvas, que estavam prejudicando a germinação. No entanto, nos últimos dias, as chuvas voltaram às regiões produtoras. No Rio Grande do Sul, 64% das áreas com milho foram colhidas até o dia 18 de março, ritmo próximo da média dos últimos cinco anos (de 54%). No Estado, a falta de chuvas também intensificou o estresse hídrico da cultura. Em Mato Grosso, 88,3% da área havia sido cultivada até o dia 12, avanço de 15,2% em relação à semana anterior, mas atraso de 11,3% frente à safra passada. A expectativa é que a semeadura seja finalizada nas duas próximas semanas em Mato Grosso.
Em Mato Grosso do Sul, com a melhora do clima, a semeadura apresentou considerável progresso, chegando, até o dia 12 de março, a 56,5% da área estadual. As atividades também avançaram em Goiás, São Paulo e Minas Gerais, somando 65%, 35% e 35% das respectivas áreas. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos futuros estão em alta, impulsionados pela demanda chinesa por grãos norte-americanos. No dia 16 de março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgou que, após um período de ausência nas compras, 1,15 milhão de toneladas da temporada 2020/2021 foram vendidas para a China. Porém, as altas estão sendo limitadas pela melhora do clima na América do Sul e pela queda dos preços do petróleo, que enfraquece a demanda por etanol, resultando em menores preços do cereal, que é a principal matéria-prima utilizada na produção do biocombustível nos Estados Unidos. Assim, o contrato Maio/2021 registra valorização de 1,5% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,46 por bushel. O contrato Julho/2021 apresenta alta de 0,4%, cotado a US$ 5,30 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.