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15/Mar/2021

Tendência é de alta dos preços do milho no Brasil

A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com as cotações futuras em Chicago ao redor dos US$ 5,40 por bushel, dólar em patamares ainda elevados, atrasos na implantação da 2ª safra e maiores riscos para o desenvolvimento das lavouras no Brasil e suprimento interno ajustado nesta temporada de 2021. A acentuada queda do dólar nos últimos dois dias trouxe para baixo os preços indicados para a segunda safra de milho em algumas regiões, brecando momentaneamente um movimento de valorização do cereal. A taxa Ptax da sexta-feira (12/03) fechou em R$ 5,5640. O recuo, contudo, praticamente não foi notado por produtores, que estão às voltas com a colheita da soja, cumprimento de contratos envolvendo a oleaginosa e plantio do milho. A perspectiva para o ano, contudo, é de preços sustentados, inclusive no período de colheita do milho de inverno.

No Sul, as negociações envolvendo o milho de verão ocorrem muito lentamente, com compradores administrando estoques e evitando elevar preços, e vendedores apresentando pedidas bem superiores aos valores de compra. E caso ocorra alguma intempérie que comprometa as lavouras da segunda safra, que serão parcialmente plantadas fora da janela ideal, haverá espaço menor para arrefecimento de preços. A estratégia de comprar milho no segundo semestre após a colheita pode não trazer mais resultado. Apesar dos atrasos na colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021) e de preocupações quanto ao desenvolvimento da 2ª safra de 2021, as estimativas da nossa Consultoria apontam para uma produção recorde de milho de 107,8 milhões de toneladas, 5,2% acima da temporada passada, cuja colheita totalizou 102,5 milhões de toneladas. Esse cenário é resultado do aumento nas áreas brasileiras das primeira e segunda safras de 2020/21, além da utilização de novas tecnologias, que acabaram amenizando os impactos do clima e dos atrasos na semeadura, especialmente na 2ª safra.

Para a safra de verão (1ª safra 2020/2021), a estimativa é de 23,5 milhões de toneladas, recuo de 8,4% ante o ano anterior. No caso da 2ª safra de 2021, deve haver aumento de 6,1% na área cultivada com produção estimada em 82,5 milhões de toneladas, 9,9% a mais que em 2019/2020. A 3ª safra, por sua vez, está estimada em 1,8 milhão de toneladas. No agregado (três safras), a área deve ser de 19,4 milhões de hectares (+4,8% frente à safra anterior) e produtividade de 5.553 quilos por hectare. Do lado da demanda, a projeção é de 72,1 milhões de toneladas consumidas internamente e 38 milhões de toneladas exportadas. Em relação à produção mundial, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), deve somar 1,13 bilhão de toneladas, alta de 1,7% sobre a temporada passada e 0,2% superior ao relatório de fevereiro. O consumo deve crescer 1,5% frente à safra passada, para 1,15 bilhão de toneladas. Com isso, os estoques mundiais podem ser os menores desde 2015/2016, totalizando 287,66 milhões de toneladas.

No mercado spot, a liquidez continua baixa, mas os preços do milho seguem avançando em todas as regiões. As negociações seguem lentas no Brasil, devido à retração de vendedores. Nas Regiões Sudeste e Sul do País, os produtores estão à espera de novas valorizações, fundamentados na baixa disponibilidade. Na Região Centro-Oeste, muitos produtores estão concentrados na colheita da safra verão (1ª safra 2020/2021) e/ou na semeadura da 2ª safra de 2021. Os compradores, por sua vez, mostram dificuldades na recomposição de estoques. Em São Paulo, os preços registram valorizações expressivas nos últimos sete dias, de 4,5%. Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F apresenta avanço de 3,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 91,72 por saca de 60 Kg, próximo ao recorde real verificado em 30 de novembro de 2007 e agora atualizado para R$ 92,33 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 2,9% nos mercados de lotes (negociação entre empresas) e de balcão (preço pago ao produtor).

Na B3, o contrato Março/2021 registra valorização de 3,7% nos últimos sete dias, a R$ 92,33 por saca de 60 Kg. O contrato Maio/2021 apresenta leve queda de 0,3% no mesmo período, para R$ 94,06 por saca de 60 Kg, enquanto Setembro/2021 tem avanço de 0,5%, a R$ 89,30 por saca de 60 Kg. Com o clima mais favorável na Região Sul do País, a colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021) tem caminhado em ritmo mais acelerado. A semeadura da 2ª safra de 2021 também avança nas principais regiões, mas os produtores de algumas regiões do Centro-Oeste relataram algumas dificuldades pontuais nos trabalhos, devido ao elevado volume de chuva nas últimas semanas. No Paraná, a semeadura já atingiu 43% da área prevista para a 2ª safra de 2021. A colheita do milho safra de verão (1ª safra de 2020/2021) chegou a 53% da área. No Rio Grande do Sul, a colheita de milho atingiu 60% da área, com as recentes chuvas auxiliando no desenvolvimento dos grãos. Em Mato Grosso, os produtores estão preocupados com o atual atraso na colheita de soja, tendo em vista que o período ideal para finalização da semeadura de milho seria até o fim de fevereiro. Contudo, até o dia 5 de março, 73% da área estadual havia sido semeada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.