01/Mar/2021
A tendência é altista para o milho no mercado interno, com as cotações futuras em Chicago sustentadas ao redor dos US$ 5,50 por bushel, dólar em patamares elevados e ultrapassando a marca de R$ 5,50, vendedores retraídos, demanda externa e interna aquecidas e atraso na implantação da 2ª safra de 2021. Os valores do milho continuam registrando altas no mercado interno. No Brasil, prevalece a pressão de vendedores, que estão firmes em suas posições. Os produtores estão atentos à colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021) nas Regiões Sul e Sudeste do País e à semeadura da 2ª safra de 2021, principalmente na Região Centro-Oeste e em algumas regiões do Paraná, com baixo interesse nas negociações. Os compradores com necessidades imediatas, por sua vez, acabam cedendo a valores maiores. Assim, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está subindo, cotado a R$ 85,59 por saca de 60 Kg, recorde nominal da série do Cepea, com alta de 1,8% nos últimos sete dias.
A média mensal de fevereiro do Indicador foi de R$ 83,80 por saca de 60 Kg, a maior desde agosto/2004, em termos nominais. Considerando os valores reais (deflacionados pelo IGP-DI), o maior patamar foi observado em dezembro/2007, de R$ 86,76 por saca de 60 Kg. No geral, o ritmo de comercialização tem sido lento, sendo registrados apenas negócios pontuais. Além dos atuais patamares elevados de preços, os agentes seguem enfrentando dificuldades logísticas. Tipicamente, os fretes sobem neste período, e a disponibilidade de caminhões está restrita, devido à intensificação da colheita de soja. Além disso, as recentes valorizações dos combustíveis dificultam ainda mais as negociações. Nos últimos sete dias, os avanços são de 0,9% no mercado de balcão (preço ao produtor) e de 0,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Em São Paulo, os preços estão subindo de forma ainda mais intensa, diante das atuais necessidades dos compradores de recompor estoques. As altas no mercado interno aumentaram a diferença entre as cotações no interior do País e nos portos.
Em fevereiro, o preço médio em Campinas (SP) chegou a ficar R$ 4,13 por saca de 60 Kg acima das cotações no Porto de Paranaguá (PR), bem superior aos R$ 2,81 por saca de 60 Kg em janeiro. Com as negociações pontuais nos portos brasileiros e a menor demanda internacional pelo produto nacional neste período, o mercado interno está mais atrativo a vendedores. Na B3, as elevações refletem as preocupações com o atraso na semeadura do milho 2ª safra de 2021 e incertezas quanto ao clima. Nos últimos sete dias, o contrato Março/2021 apresenta reação de 2,6%, a R$ 88,92 por saca de 60 Kg. O contrato Maio/2021 registra alta de 4,4% no período, para R$ 89,06 por saca de 60 Kg. De modo geral, os agentes brasileiros estão atentos aos trabalhos de campo, como o ritmo de colheita das lavouras da safra de verão (1ª safra 2020/2021) e, principalmente, o cultivo de 2ª safra de 2021. Apesar de o clima ter sido favorável nos últimos dias na maior parte das regiões, os produtores têm dado preferência à comercialização da soja, pois necessitam entregar os lotes negociados antecipadamente.
A semeadura da 2ª safra de 2021 em Mato Grosso avançou de forma significativa nos últimos dias, mas o ritmo ainda está abaixo da média de anos anteriores. Até o dia 19 de fevereiro, 35,9% da área estadual havia sido semeada, avanço semanal de 15%. O andamento mais rápido é justificado pela necessidade de produtores de colher soja ainda com umidade acima do padrão, para manter os trabalhos de campo dentro da janela ideal. Em Mato Grosso do Sul, os produtores avançaram com a colheita em 8,9% da área estadual até o dia 19 de fevereiro. Com o clima favorável, os produtores seguiram com as operações na última semana, já que há previsão de elevados volumes de chuvas. Com os patamares de preços considerados elevados, a área pode ser ainda maior no Estado: até o momento, a alta deve ser de 5,7%, passando para 1,890 milhão de hectares. Em Goiás, os produtores avançam com a colheita de soja e já iniciam a semeadura da 2ª safra de milho de 2021, tentando também manter a janela ideal para o cereal. 10% da área de Goiás já foi semeada.
Apesar de ainda em ritmo lento, os produtores de São Paulo e Minas Gerais também iniciaram pontualmente a semeadura. No Paraná, até o dia 22 de fevereiro, a colheita da safra de verão (1ª safra de 2020/2021) avançou 13% em relação à semana anterior, atingindo 34% da área do Estado. A semeadura da 2ª safra de 2021, por sua vez, segue avançando. 11% da área estimada para o cereal já havia sido implantada até o dia 22 de fevereiro, progresso semanal de 3%. As atividades estão mais avançadas na região sudoeste do Estado. No Rio Grande do Sul, 48% da área esperada havia sido colhida até o dia 25 de fevereiro, com o clima favorável. As lavouras apresentam condições diferentes, devido a problemas no desenvolvimento da atual temporada. Em Santa Catarina, enquanto os trabalhos de campo estão mais adiantados em algumas cidades, em outras, como Campos Novos, a expectativa é de intensificação dos trabalhos a partir desta semana.
Na Argentina, a semeadura da safra 2020/2021 segue lenta. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, apenas 0,8% dos 6,3 milhões de hectares projetados já foram semeados. A área deve recuar 3% frente à campanha anterior, refletindo em queda de 11% na produção. Quantos ao cenário externo, os futuros também estão em alta, fundamentados nas preocupações com o clima nos Estados Unidos, no Brasil e na Argentina. Além disso, a expectativa de que a China necessite de mais cereal para recomposição do plantel de suínos e as altas das cotações de petróleo dão suporte às cotações. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março e Maio de 2021 seguem firmes no patamar ao redor dos US$ 5,50 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.