17/Fev/2021
A tendência é de preços mais estáveis do milho no mercado brasileiro, com melhoria das condições climáticas, tanto para a colheita da 1ª safra, quanto para implantação da 2ª safra de 2021, exportações brasileiras em ritmo ainda lento e comercialização travada. Os preços futuros para os vencimentos março e maio de 2021 em patamares próximos dos US$ 5,50 por bushel, o dólar em patamares elevados e a expressiva parcela da 2ª safra deste ano negociada antecipadamente à colheita impedem uma pressão baixista mais acentuada sobre as cotações no mercado brasileiro. O ritmo de negócios envolvendo milho está lento no mercado brasileiro. Os produtores estão atentos aos trabalhos de campo e ao desenvolvimento da safra de verão 2020/2021. Diante disso, muitos vendedores estão afastados do spot, alguns agentes tentam negociar os lotes finais de 2019/2020. Os compradores, por sua vez, estão resistentes em negociar nos atuais patamares de preços. As desvalorizações externa e do câmbio pressionaram as cotações nos portos e, consequentemente, em muitas regiões.
Apesar disso, as médias da parcial deste mês ainda estão mais que o dobro acima das de fevereiro do ano passado. Nos últimos sete dias, os valores registram alta de 0,6% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 0,3% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). As quedas só não foram mais acentuadas devido à sustentação dos preços no Rio Grande do Sul, nesse estado, agricultores estão preocupados com a produtividade, mesmo diante da melhora do clima. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta leve alta de 0,2%, a R$ 83,19 por saca de 60 Kg. Um maior volume de milho vindo da Região Centro-Oeste a preços mais competitivos segue sendo observado na região de Campinas. Na B3, os preços estão em alta. O vencimento Março/2021 registra alta de R$ 86,48 por saca de 60 Kg, valorização de 1,3% nos últimos sete dias; o contrato Maio/2021 está cotado a R$ 84,48 por saca de 60 Kg, avanço de 0,6%. Na Bolsa de Chicago, os contratos recuaram após os dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que indicaram estoques mundiais acima do esperado pelo mercado. Nesta terça-feira (16/02), entretanto os futuros do milho fecharam em alta na Bolsa de Chicago.
As quedas nos valores externos foram amenizadas pela demanda internacional aquecida, pois o USDA também relatou que foram vendidas mais 1,45 milhão de toneladas de milho na semana encerrada em 4 de fevereiro. Os contratos Março/2021 e Maio/2021 fecharam a terça-feira (16/02), cotados, respectivamente, a US$ 5,51 por bushel e a US$ 5,48 por bushel. As condições das lavouras em desenvolvimento, assim como o ritmo de colheita, estão distintas dentre as regiões em função do clima. Em São Paulo, mesmo com as chuvas pontuais, a colheita das áreas pivô avançou. Em Goiás e no Triângulo Mineiro (MG), os produtores também iniciaram as atividades, mas de forma tímida. No Paraná, a colheita apresentou considerável avanço, mas chuvas ainda interrompem pontualmente as atividades, que alcançam 10% da área da safra de verão (1ª safra 2020/2021). Os produtores do norte e oeste do Estado estão atentos ao atraso na colheita de soja, que pode limitar o período de semeadura do cereal para a 2ª safra de 2021. Até o momento, 3% da área estadual de 2ª safra foi semeada, frente a 7% da temporada 2019/2020.
No Rio Grande do Sul, as chuvas intercaladas com sol permitiram o avanço nas atividades de campo. 39% da área está colhida no Rio Grande do Sul, praticamente o mesmo percentual da safra anterior (40%). Apenas produtores de Santa Catarina ainda não iniciaram as atividades, previstas para começarem em março. Em Mato Grosso, o tempo seco favoreceu a semeadura. Até a última semana, 8,2% da área estimada havia sido plantada, percentual abaixo da temporada anterior. A produção da safra de verão (1ª safra 2020/2021) deve somar 23,6 milhões de toneladas, 8% inferior à temporada anterior e a menor desde 1990/1991. As reduções estão atreladas a irregularidades das chuvas durante o desenvolvimento das lavouras na Região Sul e na maior parte da Região Sudeste do País. Para a 2ª safra de 2021, a estimativa da nossa Consultoria é de aumentos de produção de 80,9 milhões de toneladas. Para a 3ª safra, a estimativa é de 1,8 milhão de toneladas. Com isso, a produção total é estimada em 106,3 milhões de toneladas, alta de 4% frente ao ano anterior.
A estimativa é de aumento no consumo, previsto em 72,14 milhões, 4 milhões de toneladas a mais que em 2019/2020, refletindo o maior interesse de usinas de etanol e do setor de proteínas animal. Quanto às exportações, estão estimadas em 38 milhões de toneladas. Assim, os estoques de passagem ao final de janeiro de 2022 devem recuar para 7,7 milhões de toneladas, equivalentes a apenas 39 dias de consumo interno. Quanto à safra mundial 2020/2021, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados em fevereiro, indicam oferta de 1,130 bilhão de toneladas, 1,5% superior a 2019/2020. O aumento foi limitado pela redução de 4 milhões de toneladas na safra da Argentina. Para o consumo mundial, a estimativa é de crescimento de 1,4%, para 1,150 bilhão de toneladas. Essa demanda seria puxada sobretudo pela China, que, nesta temporada, deve aumentar seu consumo em 10 milhões de toneladas. As importações chinesas devem totalizar 24 milhões de toneladas, três vezes mais que no ano anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.