08/Fev/2021
A tendência é de cotações mais estáveis do milho no mercado brasileiro, com a melhoria do clima tanto sobre as lavouras da safra de verão (1ª safra 2020/2021), quanto para a safra de inverno (2ª safra 2020/2021). Entretanto, as exportações mais aquecidas neste início de ano, o dólar em níveis elevados e a oferta ainda apertada neste primeiro semestre do ano devem impedir uma pressão baixista sobre os preços internos, pelo menos até a chegada da 2ª safra de 2021 ao mercado. As negociações envolvendo milho estão lentas no spot brasileiro. Os compradores seguem afastados do mercado, atentos à colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021), à necessidade de produtores liberarem armazéns e a possíveis quedas nos preços. Chuvas, no entanto, têm dificultado as atividades de campo em importantes regiões brasileiras, o que tem limitado a disponibilidade do milho no spot nacional.
Diante disso, as negociações são realizadas apenas de forma pontual, para atender a necessidades de curto prazo, e os preços se estabilizaram. Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F opera na casa dos R$ 83,00 por saca de 60 Kg desde 25 de janeiro. Nos últimos sete dias, o Indicador recuou 0,3%, cotado a R$ 83,02 por saca de 60 Kg. No mesmo período, a alta é 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas recuo de 1,0% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, os contratos foram reajustados positivamente, influenciados pelo aumento nos valores externos do milho. Nos últimos sete dias, o contrato Março/2021 registra valorização de 1,2%, indo para R$ 85,41 por saca de 60 Kg. Maio/2021 apresenta avanço de 2,7%, a R$ 83,98 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços do milho registram leve queda de 0,2% no Porto de Paranaguá (PR), com média a R$ 80,05 por saca de 60 Kg.
Apesar da forte alta externa e da valorização do dólar, poucos compradores sinalizam intenção de novos negócios para o primeiro semestre. Por enquanto, esses agentes seguem embarcando os lotes negociados antecipadamente. Em janeiro, foram exportadas 2,548 milhões de toneladas de milho, volume 21% superior ao de janeiro/2020. No acumulado da temporada 2019/2020 (de fevereiro/2020 a janeiro/2021), foram exportadas 35,112 milhões de toneladas, recuo de 14% frente à safra anterior. Com isso, o estoque de passagem em 2019/2020 está consolidado em 10,5 milhões de toneladas, quantidade 3% acima da temporada passada. Para os próximos meses, é típico que as exportações de milho recuem, tendo em vista a prioridade de escoar a soja. As importações também estiveram aquecidas em janeiro, somando 277 mil toneladas. No ano-safra 2019/2020, foram 1,490 milhão de toneladas adquiridas pelo Brasil.
No campo, o volume de chuva tem limitado o trabalho de campo. No Paraná, apenas 2% da área da 1ª safra 2020/2021 de milho havia sido colhida. Do cereal que está na lavoura, 22% estão em condições médias; 71%, em bom estado e 7%, em ruins. Com relação à 2ª safra de 2021, 1% da área já foi semeada no Paraná. No Rio Grande do Sul, os produtores já colheram 37% das lavouras da safra da 1ª safra 2020/2021 até o dia 4 de fevereiro. No Estado, as chuvas, ao mesmo tempo que limitam o avanço na colheita, têm ajudado o rendimento das lavouras tardias. Do total da área cultivada no Estado, 17% estão em germinação ou em desenvolvimento vegetativo; 13%, em floração; 21%, em enchimento de grãos e 12%, em maturação. Em Mato Grosso, até o final de janeiro, o plantio avançou apenas 1,1% ante a semana anterior, chegando a 2,1% da área estimada, contra 21,9% há um ano.
Esse cenário, que preocupa os produtores, também está atrelado às chuvas, que atrasam a colheita da soja e, consequentemente, a semeadura do milho. Na Bolsa de Chicago, as cotações estão avançando, impulsionadas pela forte demanda chinesa pelo cereal norte-americano. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na semana encerrada em 28 de janeiro, foram escoadas 7,5 milhões de toneladas de milho (sendo que 5,86 milhões de toneladas tiveram como destino a China), esse é o maior volume semanal já registrado. Nos últimos sete dias, o contrato Março/2021 apresenta valorização de 2,9%, cotado a US$ 5,50 por bushel, um dos maiores patamares desde a abertura deste contrato, em dezembro de 2018. O contrato Maio/2021 registra valorização de 2,1% no período, a US$ 5,47 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.