01/Fev/2021
A tendência é de preços mais estáveis no curto prazo para o milho, com compradores retraídos no mercado interno, forte alta das cotações ao longo do mês de janeiro, exportações crescentes – mas ainda em níveis abaixo dos últimos dois anos – e melhoria da situação climática para a 2ª safra de 2021. O dólar em patamares elevados e próximo de R$ 5, a alta das cotações futuras em Chicago para próximo de US$ 5,50 por bushel e a oferta interna restrita neste primeiro semestre no Brasil são fatores que deverão impedir uma pressão baixista sobre as cotações no curto prazo. Depois de terem atingido recorde real em algumas regiões, os preços do milho voltaram se enfraquecer. Muitos vendedores passaram a ficar mais ativos no mercado, no intuito de aproveitar os valores elevados de negociação e de liberar espaço nos armazéns para a entrada da safra de verão (1ª safra 2020/2021). Os compradores, atentos a esse movimento, se afastaram, à espera de novas quedas nos preços.
Nem mesmo as altas externas e as exportações aquecidas foram suficientes para impedir as recentes quedas internas. Para as próximas semanas, de modo geral, os agentes ainda estão bastante incertos e divergentes quanto à produção e à demanda brasileiras. Enquanto alguns apostam em alta nos preços, fundamentados no baixo volume em estoque e na entrada da safra de soja (que deve limitar a disponibilidade de caminhões para fretes), outros acreditam em queda, indicando que o excedente disponível para negócios é suficiente para suprir a demanda e que produtores precisam liquidar estoques, especialmente com o avanço da colheita. O fato é que problemas durante o desenvolvimento da safra verão (1ª safra 2020/2021) no Brasil e em países vizinhos devem prejudicar a produtividade, e consumidores podem enfrentar disponibilidade restrita, pelo menos até a entrada da 2ª safra de 2021. Com isso, é preciso que a colheita de soja acelere, tornando possível cultivar o milho 2ª safra de 2021 em sequência e ainda dentro da janela ideal de plantio.
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra queda de 2,1% nos último sete dias, cotado a R$ 83,25 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as quedas são de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), as novas negociações estão paradas, devido à redução do interesse do comprador. Além disso, tradings estão focadas na comercialização de soja. Nos últimos sete dias, o milho se desvalorizou 0,8% em no Porto de Paranaguá (PR), a R$ 80,21 por saca de 60 Kg. Até a terceira semana de janeiro, foram embarcadas 1,9 milhão de toneladas de milho, o que aponta para exportações em torno de 34,5 milhões de toneladas no ano-safra 2019/2020 (fevereiro/2020 a janeiro/2021). As importações também estão aquecidas, chegando ao Brasil 199 mil toneladas, quantidade que já supera a registrada em todo o mês de janeiro de 2020.
Na B3, todos os vencimentos apresentam recuo nos últimos sete dias. O contrato Março/2021 registra baixa de 4,5%, a R$ 84,41 por saca de 60 Kg; Maio/2021, 3,1%, a R$ 81,79 por saca de 60 Kg, e Julho/2021, 2,4%, a R$ 75,03 por saca de 60 Kg. A colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021) ainda não ganhou ritmo, já que a chuva vem limitando os trabalhos em muitas regiões. No Paraná, apenas 1% da área de verão foi colhida. A safra de verão deve somar 3,36 milhões de toneladas, contra 3,63 milhões projetadas anteriormente. Para a 2ª safra de 2021, o volume esperado agora é de 13,58 milhões de toneladas, contra 14,52 milhões de toneladas estimadas antes. Até o momento, o plantio corresponde a 1% da área estimada no Paraná. Em São Paulo, a colheita foi iniciada em algumas regiões, como São Carlos. O volume de chuvas também tem limitado os trabalhos no Rio Grande do Sul, mas em menor intensidade. A colheita atingiu 27% da área, avanço de 9% na semana.
Em Mato Grosso, o cultivo do milho 2ª safra de 2021 foi iniciado com certo atraso. Em Mato Grosso, até o dia 22 de janeiro, a semeadura totalizou apenas 1% da área total do Estado, contra 9,8% no ano anterior. Em Goiás e Mato Grosso Sul, com a colheita de soja atrasada por conta das chuvas, os produtores ainda não deram início à semeadura de milho. Na Argentina, o cultivo está praticamente finalizado, mas as altas temperaturas podem prejudicar a produtividade. Por enquanto, com 6,3 milhões de hectares estimados para a safra em andamento, a semeadura atingiu 97,9% da área. Na Bolsa de Chicago, as vendas norte-americanas do grão dão suporte às cotações. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, somente na semana passada, foram vendidas 3,74 milhões de toneladas do cereal à China. O contrato Março/2021 registra alta de 2,2% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,47 por bushel. Os contratos Maio/2021 e Julho/2021 estão cotados a US$ 5,47 por bushel e a US$ 5,36 por bushel, altas de 2,2% e 1,3% nos últimos sete dias, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.