18/Jan/2021
Os baixos estoques, a demanda firme e as incertezas quanto ao tamanho da oferta da temporada 2020/2021 devem manter em 2021 os preços internos do milho em patamares acima da média de anos anteriores. As lavouras brasileiras da safra de verão (1ª safra 2020/2021) foram prejudicadas pelo clima seco, em especial na Região Sul do País. Para a 2ª safra de 2021, o cultivo mais lento e tardio da soja, comparativamente a anos anteriores, traz temores sobre como será a semeadura de milho e se haverá impactos na produtividade. Com isso, a temporada 2020/2021 deve se iniciar com incertezas em torno da oferta de milho. Por enquanto, as estimativas oficiais indicam produção recorde no Brasil e no mundo. Do lado da demanda, deve continuar aquecida nos mercados doméstico e internacional. No Brasil, o consumo segue crescente, refletindo o maior interesse do setor pecuário e de novas usinas de etanol de milho da Região Centro-Oeste. As exportações devem ser favorecidas pelo dólar valorizado e pela alta nas cotações internacionais.
A comercialização antecipada, especialmente para exportação, tende a restringir a oferta no spot nos próximos meses, podendo acirrar a disputa pelo produto. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária, até meados de dezembro, 62,7% da produção 2020/2021 de Mato Grosso havia sido comercializada, um recorde para o período. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de verão (1ª safra 2020/2021) some 24,18 milhões de toneladas, 5,8% a menos que na temporada anterior, resultado da redução de 2,1% na área e da expectativa de queda de 3,8% na produtividade. A maior diminuição na produção é esperada para o Rio Grande do Sul, de 9,3%, seguido pelo Paraná, de 8,9%. No entanto, ainda são esperados novos ajustes devidos ao clima seco durante o desenvolvimento das lavouras. Esta menor produção de verão é preocupante, tendo em vista que dados indicam que, em janeiro/2020, os estoques de passagens estejam nos menores patamares desde janeiro/2017, sendo equivalente a 15,5% do consumo anual.
O consumo interno segue crescendo, estimado em 71,83 milhões de toneladas em 2020/2021, 4,6% superior à temporada passada e 12% acima da média das últimas três safras. A soma da produção do milho safra de verão (1ª safra 2020/2021) ao estoque de passagem resulta em disponibilidade de 34,8 milhões de toneladas para o primeiro semestre, o equivalente a 48% do consumo doméstico no ano, contra 52% na temporada passada, ou seja, na atual safra, o consumo interno deverá absorver quantidade maior da produção de milho da 2ª safra de 2021. Para a 2ª de 2021, por enquanto, a Conab mantém as estimativas de área da temporada anterior, mas prevê aumento de 2,3% na produtividade média nacional. Com isso, a produção do milho 2ª safra de 2021 é estimada em 76,7 milhões de toneladas, crescimento de 2,3% frente à anterior. Caso as estimativas da Conab se concretizem, a produção total de milho deverá atingir 102,59 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, após os problemas enfrentados no início da temporada, a semeadura de soja ganhou ritmo, finalizando acima da média dos últimos cinco anos.
Apesar disso, a janela ideal de semeadura de milho de 2ª safra este ano ainda preocupa parte dos agentes. Até o momento, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que a área plantada no estado deve crescer 2,38%, mas a produtividade pode cair 2,52%, o que resultaria em produção de 36,3 milhões de toneladas em 2021. A disponibilidade interna brasileira para a próxima safra, referente à soma de estoques iniciais, importação e produção, pode superar as 114,2 milhões de toneladas, quantidade 0,4% inferior à da temporada passada. Por outro lado, o consumo interno deve crescer em maior intensidade, e, com isso, a diferença entre a disponibilidade interna e o consumo seria de 42,4 milhões de toneladas, volume 6% inferior ao da safra passada. Esta quantidade estará disponível para exportação. Por enquanto, a Conab estima que 35 milhões de toneladas sejam embarcadas entre fevereiro/2021 e janeiro/2022.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção mundial seja de 1,143 bilhão de toneladas, aumento de 2,4% em relação à anterior, refletindo os incrementos de 6,5% nos Estados Unidos e de 7,8% no Brasil. O consumo deve somar 1,158 bilhão de toneladas, elevação de 2,2%. Quanto às transações internacionais, o USDA projeta crescimento de 5,5%, indo para 184,6 milhões de toneladas. Por enquanto, a expectativa é de que o Brasil siga como segundo maior exportador, com 40 milhões de toneladas, seguido pela Argentina, com 33 milhões, e pela Ucrânia, com 24 milhões. Para os Estados Unidos, esperam-se que 66 milhões de toneladas sejam embarcadas. Com perspectivas de aumento na produção e no consumo, o estoque mundial deverá atingir 288,9 milhões de toneladas, quantidade 4,8% inferior à da temporada passada. A relação estoque final/consumo global para a safra 2020/2021 está em 25%, a menor desde 2013/2014, o que deve sustentar os preços internacionais no médio prazo. Ainda para 2020/2021, o USDA estima as importações da China em 16,5 milhões de toneladas, 117% a mais que na safra anterior, o que pode favorecer as exportações brasileiras nos próximos meses. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.