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07/Dez/2020

Tendência baixista sobre preços do milho no Brasil

A tendência de queda do dólar no Brasil está impactando diretamente na baixa dos preços do milho no mercado interno. A queda do dólar reduz a paridade de exportação nos portos brasileiros, o que se reflete em cotações mais baixas no interior do País. Porém, seguem as adversidades climáticas sobre a 1ª safra 2020/2021 (verão) que poderá sofrer perdas de produtividade, em função do La Niña. Além disso, o atraso no plantio da safra de soja em alguns Estados poderá comprometer o plantio da 2ª safra de milho na janela ideal de cultivo, com possibilidade tanto de migração de cultivos (como o algodão e sorgo) na 2ª safra, como também elevar o risco de frio e geadas nas lavouras mais tardias. O movimento de queda nos preços está ganhando força na maior parte das regiões. Os vendedores estão mais flexíveis nos valores de negociação, enquanto os compradores se mantêm retraídos do mercado, atentos especialmente ao retorno das chuvas, o que trouxe otimismo e perspectiva de maior oferta nos próximos meses.

Além disso, o baixo ritmo de comercialização nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP) e a desvalorização do dólar nos últimos dias estão pressionando os valores do milho nessas regiões, movimento que acaba sendo repassado às demais regiões. Assim, diferentemente de semanas anteriores, os preços, agora, recuam também na Região do Sul do País. Nos últimos sete dias, os preços registram queda de 2,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 2,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). No mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta queda de 4,8%, cotado a R$ 75,47 por saca de 60 Kg. Neste caso, os compradores de São Paulo se mostram estocados e a oferta está um pouco maior, tanto do milho local quanto do cereal da Região Centro-Oeste. Nos portos, os recuos nos preços nos últimos sete dias são de 2,3% em Paranaguá (PR) e de 0,5% em Santos (SP).

Entre o final de novembro e este início de dezembro, o ritmo de novas efetivações se mantém baixo, com vendedores priorizando o mercado interno diante das diferenças nos patamares de preços. Em novembro, especificamente, as exportações seguiram registrando bom desempenho, com o milho negociado em períodos anteriores sendo escoado. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no mês passado, foram embarcadas 4,896 milhões toneladas, 780 mil toneladas a mais que em novembro/2019, mas 5% abaixo do volume de outubro/2020. Entre fevereiro e novembro de 2020, foram exportadas 27,951 milhões de toneladas, 19,6% abaixo das 34,752 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período de 2019. Na B3, os valores estão em queda, influenciados pelo baixo ritmo de comercialização no físico nacional e pela melhora do clima.

O contrato Janeiro/2021 registra forte desvalorização de 7,4% nos últimos sete dias, a R$ 72,87 por saca de 60 Kg. O vencimento Março/2020 apresenta queda de 6,3%, a R$ 73,54 por saca de 60 Kg. No campo, as chuvas favoreceram o desenvolvimento das lavouras. No Paraná, as áreas de milho apresentam boas condições, com 65% das lavouras na fase de desenvolvimento vegetativo, 26%, em floração e 9%, em frutificação. No Rio Grande do Sul, a semeadura de milho alcança 85% da área estimada, avanço de apenas 2% nos últimos sete dias. Das lavouras implantadas, 44% estavam em desenvolvimento vegetativo, 27%, em floração, 28%, em enchimento de grãos e 1% estava em maturação. As recentes chuvas amenizaram o déficit hídrico e permitiram que produtores retomassem os trabalhos de campo.

Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na última semana de novembro mostram que o semeio de milho no Brasil havia atingido 70,7% da área estimada. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o plantio atingiu 35% da área esperada até o dia 4 de dezembro, avanço de 3,1% em relação à semana anterior. Chuvas permitiram os trabalhos em todas as regiões. Na Bolsa de Chicago, as cotações registraram alta em parte da semana passada, sustentadas por perspectivas de novas compras chinesas de cereal dos Estados Unidos. No dia 3 de dezembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que foram exportadas 1,31 milhão de toneladas de milho norte-americano na semana encerrada em 18 de novembro. O contrato Dezembro/2020 registra alta de 0,6% nos últimos sete dias, a US$ 4,22 por bushel. Os vencimentos Março/2021 e Maio/2021 apresentam recuo de 0,23% e 0,35%, a US$ 4,26 por bushel e a US$ 4,28 por bushel, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.