30/Nov/2020
No curto prazo, a pressão é baixista sobre os preços do milho, com a queda do dólar reduzindo a paridade de exportação, vendas externas mais fracas em 2020 e compradores retraídos. Para 2021, a tendência é de preços sustentados no mercado interno, com as cotações futuras em Chicago em patamares mais elevados, probabilidade de quebras na 1ª safra de 2021, riscos climáticos na 2ª safra de 2021 e demanda interna aquecida. As cotações de milho registram pequenas quedas na maior parte das regiões. A desvalorização do dólar frente ao Real e o menor interesse externo tem pressionado os valores nos portos e, consequentemente, no interior do Brasil. Nesse cenário, o ritmo de negociação está lento. Os compradores domésticos também estão retraídos, sem intenção de comercializar grandes lotes. Do lado vendedor, após as chuvas recentes, o clima voltou a ficar seco, o que fez com que os produtores se afastassem do mercado, atentos a possíveis impactos do clima sobre a produtividade.
Em São Paulo, parte dos agentes negocia lotes de outros Estados, como Goiás e Mato Grosso do Sul, com os poucos fechamentos ocorrendo com prazo de pagamento curto e preços praticamente estáveis. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra recuo de 0,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 79,31 por saca de 60 Kg. Em novembro, a queda acumulada é de 3,2%. Na Região Centro-Oeste, em Mato Grosso nas regiões de Rondonópolis e Sorriso, os valores do milho no mercado disponível apresentam queda de 1,1% e 0,5%, respectivamente, nos últimos sete dias. Em Mato Grosso Sul, ainda são verificadas vendas com destino à Região Sul do País, mas a menor demanda do próprio Estado pressiona os valores. Na região de Dourados, a desvalorização é de 0,6% nos últimos sete dias.
No Paraná, os compradores adquirem apenas pequenos lotes, atentos ao avanço do desenvolvimento da safra e aos altos patamares indicados pelo vendedor. Na região norte e na região de Ponta Grossa, as cotações apresentam queda de 2,5% e 0,8%, respectivamente, nos últimos sete dias. No Rio Grande do Sul, a situação é distinta. Novembro chega ao fim e o volume de chuva ainda está abaixo do ideal, o que pode comprometer a safra de verão (1ª safra 2020/2021). Assim, na região de Santa Rosa, nos últimos sete dias, a alta é de 1,6% nos preços do milho negociado no mercado de lotes. Na Região Nordeste, a finalização da colheita em algumas localidades deixa a oferta restrita e sustenta as cotações. Em Recife (PE) e em Barreiras (BA), as valorizações são de 0,9% e 0,4% no mesmo período.
Nos últimos sete dias, são observadas pequenas quedas de 0,2% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). No campo, as atenções se voltam ao desenvolvimento da safra, sobretudo na Região Sul do País, que tem sido mais castigado por falta de chuvas. No Rio Grande do Sul, o tempo seco tem prejudicado o desenvolvimento das plantas. Até o momento, 83% das lavouras estão cultivadas, 3% de avanço em relação à semana anterior. Em Santa Catarina, o plantio totalizou 96% da área estimada. No Paraná, o cultivo foi finalizado. Das lavouras implantadas, 76% estão em condições boas, 20%, em médias e 4%, em ruins. A produção da safra de verão (1ª safra 2020/2021) está estimada em 3,39 milhões de toneladas, 5% menor que a temporada 2019/2020. A menor área plantada nesta safra aliada a queda na produtividade poderá diminuir a oferta em 2021.
Em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, as chuvas auxiliaram na melhora do solo e os trabalhos de campo chegaram a 80%, 80% e 65%, respectivamente. Na Argentina, os trabalhos são favorecidos por chuvas. Dados do dia 26 de novembro da Bolsa de Cereais de Buenos Aires mostram que o plantio havia chegado a 31,9% da área. Quanto aos preços externos, registram leves oscilações. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2020 registra queda de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 4,20 por bushel. O vencimento Março/2020 se mantém praticamente estável, cotado a US$ 4,27 por bushel. Na B3, os contratos apresentam queda, influenciados pelo câmbio e pela menor demanda. O contrato Janeiro/2021 registra desvalorização de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 78,69 por saca de 60 Kg. O contrato Março/2021 apresenta queda de 0,4%, indo para R$ 78,48 por saca de 60 Kg. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.