23/Nov/2020
Diante das possibilidades de quebras na 1ª safra de milho 2020/2021, em função do fenômeno La Niña, assim como adversidades para o cultivo da 2ª safra de 2021, a oferta interna estará muito apertada no primeiro semestre de 2021. Com cotações futuras em alta na Bolsa de Chicago, somente uma forte queda do dólar ante o Real poderá impor uma pressão para recuo dos preços do milho no mercado interno nos primeiros meses de 2021. As chuvas aliviaram parte dos produtores de milho, especialmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, tendo em vista que favoreceram o desenvolvimento das lavouras da safra de verão (1ª safra 2020/2021). Na Região Sul do País, as precipitações ainda são pontuais e os produtores estão preocupados, à espera de maiores volumes. Nesse cenário, os preços de comercialização do milho continuam registrando movimentos distintos dentre as regiões.
Em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, as recentes chuvas deixaram agentes mais otimistas quanto à produção da safra de verão (1ª safra 2020/2021) e, por isso, houve um leve aumento na oferta e consequente quedas nos valores. Por outro lado, temerosos, os produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina seguem limitando a oferta, levando, inclusive, os consumidores a buscarem o milho em Mato Grosso do Sul. Esse contexto sustenta as cotações do milho nestes Estados da Região Sul. No Paraná, os produtores estão atentos ao baixo volume de chuva e ao desenvolvimento das lavouras, se mantendo afastados do mercado. Porém, o recuo do dólar e a demanda enfraquecida nos portos limitam as altas em algumas regiões. Assim, o movimento de preço é distinto dentro do Estado, enquanto na região norte os valores seguem firmes, na região oeste, registram queda. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra queda de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 80,02 por saca de 60 Kg.
Vale ressaltar que, além da maior oferta nessa região, os compradores estão limitando as aquisições, mantendo baixa a liquidez. Em São Paulo, na região da Mogiana e em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, os preços apresentam recuo de 2,5% e 0,5% nos últimos sete dias, respectivamente. Em Mato Grosso, na região de Sorriso, a queda é de 4,3% no período. Em Goiás, na região de Rio Verde, o recuo é de 2,9% e em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, de 1%. Já no Rio Grande do Sul, na região de Santa Rosa e em Santa Catarina, na região de Campos Novos, os valores apresentam alta nos últimos sete dias, de 3,1% e de 1,2%, nesta ordem. No Paraná, na região norte, os preços estão em alta de 1,4% nos últimos sete dias, mas, na região oeste do Estado, há leve queda de 0,1%. Nos portos, os valores também registram recuo, neste caso, influenciados pelo atual enfraquecimento do dólar frente ao Real, de 2,8% nos últimos sete dias. No mesmo período, o milho registra desvalorização de 1,9% no Porto de Paranaguá (PR).
Nos últimos sete dias, as médias de preços registram alta de 0,2% no mercado de lotes (negociação entre empresas), mas queda de 0,1% no de balcão (preço pago ao produtor). No Rio Grande do Sul, o plantio atingiu 80% da área até o dia 19 de novembro. A falta de chuvas no Estado tem feito com que os produtores comecem a acionar o seguro de perdas. No Paraná, 98% da área de milho da safra de verão (1ª safra 2020/2021) foi semeada até o dia 16 de novembro. Na B3, os valores estão recuando, o que pode estar atrelado à desvalorização do dólar e ao recente enfraquecimento da demanda externa pelo milho brasileiro. Os contratos Janeiro/2021 e Março/2021 registram baixa de 1,6% e 1,4% cada, cotados a R$ 78,83 por saca de 60 Kg e a R$ 78,78 por saca de 60 Kg, respectivamente. Os embarques de lotes de milho comercializados antecipadamente, por sua vez, seguem aquecidos.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que as exportações do cereal brasileiro totalizaram 2,27 milhões de toneladas na parcial de novembro (9 dias úteis), praticamente metade do volume embarcado em todo o mês de novembro/2019. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reportou no dia 19 de novembro que 31,4% da área nacional foi implantada, avanço semanal de apenas 0,2%. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 15 de novembro, a colheita norte-americana havia chegado em 95% da área, avanço de 4% em relação à semana anterior e próximo da média dos últimos cinco anos (87%). Na Bolsa de Chicago, os preços estão avançando, impulsionados pela aquecida demanda internacional pelo milho norte-americano. Nos últimos sete dias, os vencimentos Dezembro/2020 e Março/2021 registram valorização de 3,49% e 2,15% respectivamente, a US$ 4,22 por bushel e a US$ 4,27 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.