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17/Nov/2020

Etanol de milho está em forte expansão no Brasil

O relatório do Foreign Agricultural Service (FAS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, denominado “Aumento da Produção de Etanol de Milho no Brasil” afirma que os suprimentos abundantes e geralmente baratos de milho na região Centro-Oeste do Brasil atraíram investimentos no setor de etanol de milho nos últimos anos. Durante a crise do petróleo de 1973, os países produtores de petróleo do Oriente Médio proclamaram um embargo do petróleo, fazendo com que os preços mundiais do petróleo quadruplicassem em questão de meses. Em resposta, o Brasil começou a investir em infraestrutura e produção de biocombustíveis. Hoje, o país é um dos maiores produtores e consumidores de etanol do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos em produção e terceiro (atrás de Estados Unidos e Alemanha) em consumo. A frota de automóveis do Brasil é dominada por modelos de combustível flex, capazes de funcionar com etanol puro, gasolina pura ou qualquer combinação dos dois.

Os postos de gasolina em todo o Brasil estão equipados para vender etanol hidratado puro, que os consumidores geralmente preferem à gasolina se o preço for de 70% ou menos, já que o biocombustível tem apenas cerca de 70% da energia que tem a gasolina. Mesmo a gasolina comum no Brasil contém uma mistura de 27% de etanol. Esses fatores tornam o Brasil um importante mercado para o etanol, tanto produzido internamente quanto importado (principalmente dos Estados Unidos). Ao contrário dos Estados Unidos, a grande maioria do etanol brasileiro é feito de cana-de-açúcar. O Brasil possui 350 usinas de etanol de cana-de-açúcar, concentradas principalmente na Região Sudeste do país. Em 2019, o país produziu 37,4 bilhões de litros de etanol, 96% dos quais provenientes da cana-de-açúcar. No entanto, nos últimos anos, uma pequena, mas crescente fração do etanol brasileiro foi produzida a partir do milho e a indústria se expandirá rapidamente na próxima década.

Os investidores do setor esperam que o etanol de milho se torne uma parte importante da equação do biocombustível no Brasil, uma vez que o consumo de etanol do país deve crescer ao mesmo tempo que a produção de milho deve se expandir. Atualmente, existem 16 usinas de etanol de milho nos estados do Centro-Oeste – Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Pelo menos quatro unidades são exclusivamente de milho, enquanto o restante são usinas flexíveis que produzem etanol a partir da cana-de-açúcar e milho. Apesar de a demanda brasileira por etanol ter caído em 2020, devido à pandemia da Covid-19, os investidores estão otimistas de que o mercado se recuperará quando a construção das usinas for concluída em 18 a 24 meses. A União Brasileira do Etanol de Milho (UNEM) estima que o setor produzirá 2,5 bilhões de litros de etanol de milho no ano comercial 2020/2021. Se todos os projetos em andamento forem construídos conforme planejado, a produção de etanol de milho no Brasil pode ultrapassar 5,5 bilhões de litros por ano, consumindo mais de 13 milhões de toneladas de milho anualmente.

Além do aumento esperado do consumo de etanol no Brasil e no exterior, outro fator que estimula a expansão da produção de etanol de milho no país é o enorme volume da safra anual. Nas últimas duas décadas, a safra anual de milho do Brasil mais que dobrou de volume, atingindo 103 milhões de toneladas no ano safra 2019/2020 e uma produção de 110 milhões de toneladas projetada para 2020/2021. Grande parte dessa expansão vem da expansão do milho 2ª safra, que é cultivado principalmente na região Centro-Oeste do Brasil e plantado após a colheita da soja a cada ano. A produção no maior estado produtor, Mato Grosso, deve crescer mais 35% na próxima década, enquanto os estados vizinhos de Goiás e Mato Grosso do Sul devem aumentar a produção de milho em mais de 20%. A produção total de etanol de milho no Brasil em 2020 é estimada em 2,5 bilhões de litros, um aumento de 1,17 bilhão de litros em relação a 2019.

O etanol de milho representará 8% da produção total de etanol do Brasil em 2020, já que a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar deve diminuir à medida que o mercado de açúcar se tornou mais atraente e o mercado doméstico de combustível cresceu visto afetado pela pandemia da Covid-19. O milho total usado para produzir etanol à base de milho em 2020 é estimado em 6 milhões de tonelada, um aumento de 88% em relação ao volume de milho consumido em 2019, e representa 6% da safra de milho no ano comercial 2019/2020. Cada tonelada de milho pode produzir 417 litros de etanol, 313 quilos de DDG e 18 litros de óleo de milho, além da cogeração de energia elétrica, que grande parte das usinas vende para a rede. Embora a produção de etanol de milho ainda represente apenas uma pequena fração da produção total de etanol do Brasil, a oferta abundante de milho e a crescente demanda interna por etanol, especialmente no centro do país, onde os preços da gasolina estão mais altos, provavelmente significa que a produção de etanol de milho no Brasil continuará a se expandir. Fontes: FAS/USDA, UNEM, UNICA, Reuters e Cogo Inteligência em Agronegócio.