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16/Nov/2020

Tendência de mais estabilidade do preço do milho

A tendência é de maior estabilização para os preços do milho no mercado brasileiro, embora em patamares ainda elevados, diante da queda do dólar, retração dos compradores, exportações abaixo das registradas no ano passado e dificuldade em repassar as altas recentes para o mercado de rações animais. Por outro lado, a expectativa de adversidades climáticas advindas do La Niña, tanto sobre a colheita da 1ª safra 2020/2021, como do plantio e desenvolvimento da 2ª safra de 2021 mantém um suporte às cotações futuras. As negociações envolvendo milho estão lentas no Brasil. Diante do elevado patamar de preço, compradores adquirem apenas pequenos lotes. Esses demandantes também se atentam à desvalorização do dólar, que pode diminuir a atratividade nos portos brasileiros. Do lado vendedor, muitos seguem retraídos, à espera de que compradores voltem ao mercado de forma mais intensa para recomposição de estoques.

Além disso, os produtores estão preocupados com o clima adverso e com a possível redução na safra verão. Nesse ambiente, os valores ainda apresentam movimentos distintos dentre as regiões, refletindo as diferentes condições de mercado. Nos últimos sete dias, a alta é de 1,9% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 0,2% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra recuo de 0,9% no mesmo período, a R$ 80,55 por saca de 60 Kg. No front externo, apesar da diminuição do interesse de compradores, os embarques seguiram aquecidos no início de novembro. Na primeira semana do mês (4 dias úteis), saíram de portos brasileiros 1,15 milhão de toneladas de milho, com ritmo diário 289,9 mil toneladas. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revisou para cima a previsão de exportação de milho em novembro para 4,831 milhões de toneladas, ante 4,149 milhões de toneladas projetados na semana passada.

Se confirmado esse volume, ficará 17,5% acima do montante embarcado no mesmo mês do ano passado. Se as projeções para novembro se confirmarem, nos 11 meses do ano as vendas externas do País devem totalizar 29,993 milhões de toneladas de milho, 22,3% abaixo do embarcado entre janeiro e novembro de 2019. A desvalorização do dólar frente ao Real nos últimos sete dias enfraqueceu os valores nos portos. Assim, nesse mesmo período, os preços do milho apresentam recuo de 3,5% no Porto de Paranaguá (PR), indo para R$ 73,99 por saca de 60 Kg, e de 1,1% no Porto de Santos (SP), a R$ 76,04 por saca de 60 Kg. Na B3, os contratos registram queda. O vencimento Novembro/2020 acumula forte queda de 3,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 80,18 por saca de 60 Kg. O contrato Janeiro/2021 registra baixa de 4,4%, a R$ 80,11 por saca de 60 Kg, e Março/2021 apresenta desvalorização de 3,7%, a R$ 79,91 por saca de 60 Kg. O clima é desfavorável ao plantio e desenvolvimento das lavouras da 1ª safra 2020/2021, sobretudo na Região Sul do País.

Assim, a produção da safra de verão (1ª safra 2020/2021) está estimada em 26,5 milhões de toneladas. A produção total 2020/2021 é projetada pela nossa Consultoria em 110 milhões de toneladas. Para 2ª safra de 2021, os produtores ainda aguardam a finalização da temporada de verão para se programarem. Muitos estão preocupados se a janela ideal de plantio será cumprida. Quanto à 3ª safra de 2021, os produtores das Regiões Norte e Nordeste estão atentos ao clima, uma vez que as chuvas também estão irregulares. Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, no dia 10 de novembro, cortes na produção e nos estoques. Para a temporada 2020/2021, a produção mundial está estimada em 1,14 bilhão de toneladas, queda de 1% frente ao relatório de outubro, devido à redução na produtividade das lavouras dos Estados Unidos. Com a menor produção mundial e o consumo se mantendo em patamares elevados, principalmente diante da aquecida demanda asiática. Os estoques mundiais do grão devem chegar ao final da temporada com o menor volume desde 2014/2015, estimados em 291,4 milhões de toneladas, o que representa 25% do consumo doméstico mundial na temporada 2020/2021.

No campo brasileiro, o clima está distinto entre as regiões que cultivam a safra de verão. Enquanto na Região Sul a falta de chuvas preocupa, nas Região Sudeste e Centro-Oeste, precipitações têm aliviado os produtores. No Paraná, até o dia 9 de novembro, a área plantada de milho na safra de verão (1ª safra 2020/2021) havia atingido 95% do total estimado. No Rio Grande do Sul, a falta de precipitações dificulta os trabalhos de campo e prejudica o desenvolvimento das lavouras já semeadas. Até o dia 12 de novembro, 78% da área destinada à safra de verão (1ª safra 2020/2021) foi semeada. Em São Paulo e na Região Centro-Oeste, chuvas permitiram o avanço do plantio. 50% do total estimado em São Paulo, 75% em Minas Gerais e 30% em Goiás haviam sido semeados até a semana passada. Na Bolsa de Chicago, os contratos se valorizaram no início da semana passada, influenciados por dados de oferta e demanda, mas perderam a força diante do avanço da pandemia de Covid-19 nos Estados Unidos. Nos últimos sete dias, o contrato Dezembro/2020 registra recuo de 0,24%, cotado a US$ 4,08 por bushel. O vencimento Março/2021 apresenta avanço de 0,84%, a US$ 4,18 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.