09/Nov/2020
A tendência é de sustentação para os preços do milho no mercado brasileiro, mesmo com as exportações ainda abaixo do ano passado. Entre janeiro e outubro, o Brasil exportou 25,363 milhões de toneladas de milho, 36% abaixo das 34,447 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado. O recuo do dólar também serve para frear novas altas em algumas regiões do País. As cotações futuras estão em alta na Bolsa de Chicago, o que deverá garantir preços sustentados até o final de 2020 e no início de 2021 no mercado doméstico. Os preços de milho registram comportamentos distintos entre as regiões. Em São Paulo, os compradores estão mais ausentes, resultando em pequenas quedas nos preços. Assim, depois de o Indicador ESALQ/BM&F (região de Campinas/SP) subir por semanas consecutivas e atingir recorde real no final de outubro, voltou a cair neste começo de novembro. Nos portos, a desvalorização do dólar pressiona as cotações. Nas demais regiões, a baixa disponibilidade mantém os valores em alta.
Nos últimos sete dias, o Indicador do milho ESALQ/BM&F registra recuo de 1,6%, cotado a R$ 81,27 por saca de 60 Kg. Nas regiões ofertantes de São Paulo, como Sorocabana e Itapeva, as quedas são de 2,5% e de 1,1%, respectivamente. No geral, as negociações seguem pontuais. No mercado spot dos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), os valores apresentam queda de 0,7% e 1,9%, respectivamente, a R$ 76,67 por saca de 60 Kg e R$ 76,88 por saca de 60 Kg. Na Região Sul do País, os compradores do Rio Grande do Sul buscam mercadoria de outras origens, especialmente de Mato Grosso do Sul. Em Santa Catarina e no Paraná, apesar dos preços elevados, demandantes conseguem, na maioria das vezes, adquirir o milho no próprio Estado. Na Região Centro-Oeste, os produtores de Mato Grosso negociam apenas lotes pontuais, à espera de novas altas. Em Mato Grosso do Sul, as efetivações ocorrem regionalmente e parte do excedente é comercializada com agentes da Região Sul do País.
Em Goiás e no Triângulo Mineiro (MG), os produtores ainda se mantêm ofertando alguns lotes para consumidores de São Paulo. Nos últimos sete dias, a alta é de 3% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 2,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Além da retração de vendedores brasileiros, a demanda internacional também tem influenciado os valores domésticos. Em outubro, foram embarcadas 5,156 milhões toneladas do cereal, quantidade 22% inferior a setembro, mas, ainda assim, um volume elevado. As importações cresceram em outubro, o que pode estar atrelado à retirada da taxa de compra externa para o cereal. No mês passado, chegaram aos portos brasileiros 190 mil toneladas de milho, 30% a mais que em setembro. Ressalta-se, contudo, que os compradores seguem esbarrando nas dificuldades logísticas e nos elevados valores que o cereal chega no interior do Brasil.
No campo, a irregularidade das chuvas segue preocupando, principalmente devido aos atuais atrasos do plantio de soja e aos possíveis impactos na segunda safra em 2021. Em Mato Grosso, as previsões de chuvas dos últimos dias não se concretizaram e o plantio de soja segue atrasado, o que deve atrapalhar a janela ideal de plantio de milho 2ª safra. Em Mato Grosso, até o dia 30 de outubro, haviam sido plantados 53,9% da área estimada para soja, 27,7% inferior à temporada anterior. Em Mato Grosso do Sul, o atraso é menor, de apenas 1,9% em relação a temporada anterior. Para a safra de verão (1ª safra 2020/2021), mesmo com chuvas esparsas registradas nos últimos dias, os produtores seguem com os trabalhos de campo. No Rio Grande do Sul, a área semeada até o dia 5 de novembro atingiu 75%, avanço semanal de 3%.
No Paraná, o semeio se aproxima da reta final e 92% da área de milho da safra de verão (1ª safra 2020/2021) já havia sido semeada no Estado até a semana passada. Na Argentina, com o retorno das chuvas e a melhora da umidade dos solos, o semeio atingiu 30,9% da área estimada até o dia 4 de novembro. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que 82% das lavouras norte-americanas já haviam sido colhidas até o dia 1º de novembro, avanço de 10% em relação à semana anterior e 13% acima da média dos últimos anos, de 69%. Quantos aos preços, as cotações estão avançando, impulsionadas pelas vendas aquecidas. Relatório semanal de exportações do USDA mostra que, entre 22 e 29 de outubro, o país norte-americano escoou 2,61 milhões de toneladas, volume 16% maior que na semana anterior e 75% acima da média das últimas quatro semanas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2020 registra alta de 2,7% nos últimos sete dias, cotado a US$ 4,09 por bushel. O vencimento Março/2-20 apresenta alta de 3,3% no mesmo comparativo, a US$ 4,14 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.