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03/Nov/2020

Tendência de preços sustentados do milho em 2021

A tendência para o milho em 2021 está se configurando e apontando para preços sustentados em patamares elevados, com o risco climático que ameaça a 1ª safra 2020/2021, diante da confirmação do fenômeno La Niña, alta do dólar, bons volumes exportados nos últimos meses de 2020, baixos estoques de passagem para 2021, mais de 55% da 2ª safra de 2021 comercializada antecipadamente pelos produtores de Mato Grosso, o maior produtor do País, e demanda interna aquecida. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) do milho chegou à casa dos R$ 82,00 por saca de 60 Kg, recorde real da série diária do Cepea, iniciada em agosto de 2004 (os valores diários foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). O Indicador fechou outubro a R$ 81,89 por saca de 60 Kg, forte aumento de 6,8% em sete dias e de 30% em outubro.

A sustentação para o movimento de avanço, que segue firme há sete semanas, vem da demanda aquecida, do alto preço internacional e do dólar valorizado, estes dois últimos fatores que mantêm a paridade de exportação elevada. O atual patamar do prêmio para exportação evidencia o maior interesse externo pelo milho brasileiro. Nos últimos sete dias, os avanços são de 6,9% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 6,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). No acumulado de outubro, os aumentos foram de respectivos 25,7% e 26,7%. Nos últimos sete dias, o destaque é para o milho negociado no mercado de lotes de Santa Rosa (RS), onde a valorização chegou a 28,7%. Muitos compradores, especialmente de São Paulo e do Rio Grande do Sul, relatam dificuldades em negociar grandes volumes. Na Região Centro-Oeste, mesmo com a safra maior, os vendedores seguem retraídos, atentos ao bom ritmo de exportação do cereal.

Neste contexto, a comercialização segue lenta na maior parte das regiões. Nos portos, os preços estão em firme movimento de elevação, devido à demanda externa aquecida. Em outubro, as médias do milho posto no Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP) estão apenas R$ 1,69 por saca de 60 Kg e R$ 0,06 por saca de 60 Kg, respectivamente, inferiores à do Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP). Novas efetivações nos portos têm sido verificadas, mas a preferência de tradings tem sido para recebimento dos lotes negociados antecipadamente. A expectativa é de que as exportações de outubro e de novembro registrem bom desempenho. Segundo dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de outubro, o Brasil havia exportado 4,310 milhões de toneladas de milho, com ritmo diário de 269,5 mil toneladas.

Na B3, após atingirem patamares recordes, os preços foram reajustados negativamente nos últimos dias. O vencimento Novembro/2020 está cotado a R$ 81,56 por saca de 60 Kg, baixa de 1,6% nos últimos sete dias. Os contratos Janeiro/2021 e Março/2021 registra desvalorização 0,9% e 1,6% no mesmo comparativo, a R$ 82,19 por saca de 60 Kg e R$ 81,00 por saca de 60 Kg, respectivamente. No campo, chuvas em maior intensidade foram observadas em algumas regiões brasileiras. No Paraná e no Rio Grande do Sul, contudo, as precipitações ainda estão irregulares e, portanto, é preciso maior umidade para favorecer as lavouras. No Paraná, 92% da área estimada havia sido semeada. Do total cultivado, 10% estão em germinação, 89%, em desenvolvimento vegetativo e 1% está em floração, sendo que 81% apresentam boas condições.

No Rio Grande do Sul, o plantio do milho da safra de verão (1ª safra 2020/2021) chegou a 72% da área estimada, contra 74% no ano anterior e 70% na média dos últimos cinco anos. As chuvas auxiliaram o plantio na Argentina, que havia chegado a 30% da área, avanço de 2,3% nos últimos sete dias, mas 10% inferior à temporada anterior. Na Bolsa de Chicago, os valores do milho registram queda nos últimos sete dias, influenciados pelo aumento dos casos de coronavírus nos Estados Unidos. As quedas só não foram mais intensas em função das vendas aquecidas para a Ásia nas últimas semanas. O primeiro vencimento (Dezembro/2020) registra recuo de 4,2% nos últimos sete dias, cotado a US$ 3,98 por bushel. O vencimento Março/2021 apresenta recuo de 4,0%, a US$ 4,01 por bushel. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que, até o dia 25 de outubro, 72% do cereal norte-americano havia sido colhido, avanço de 12% em relação à semana anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.