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26/Out/2020

Tendência é de alta dos preços do milho no Brasil

A tendência é de alta dos preços do milho soja no mercado brasileiro, com a escalada das cotações futuras na Bolsa de Chicago acima dos US$ 4 por bushel, dólar em patamares elevados, restrição de oferta do grão pelos vendedores no mercado interno, ritmo mais aquecido das exportações, com grande volume de vendas antecipadas para a 2ª safra de 2021 e com a ameaça do La Niña tanto sobre a safra de verão (1ª safra 2020/2021), quanto para a implantação da 2ª safra do ano que vem, com o atraso do plantio da soja. A isenção da tarifa de importação, até o momento, não trouxe nenhum impacto baixista sobre o mercado, até pelo fato de que as opções de compras chegariam ao País a preços superiores aos praticados atualmente no mercado interno. As cotações do milho seguem em forte alta no mercado brasileiro e, agora, começam a se aproximar dos patamares recordes reais.

O impulso vem da retração de vendedores, pois muitos estão preocupados com os possíveis impactos do clima sobre a produtividade da safra de verão (1ª safra 2020/2021). Além disso, a elevação dos valores nos portos, diante da maior paridade de exportação, por conta das valorizações internacionais e do dólar, e as aquecidas demandas doméstica e externa também influenciam os preços no Brasil. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra alta de 10,1%, cotado a R$ 77,33 por saca de 60 Kg, máxima nominal e se aproximando do recorde real, de R$ 81,40 por saca de 60 Kg, registrado no dia 30 de novembro de 2007 (valores deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). A média do Indicador na parcial de outubro, de R$ 69,33 por saca de 60 Kg, está 42% acima da verificada em outubro do ano passado, em termos reais.

Na B3, os contratos futuros já são negociados a patamares que seriam recordes reais no físico nacional. O vencimento Novembro/2020 registra valorização de 12,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 82,89 por saca de 60 Kg. O contrato Janeiro/2021 apresenta avanço de 12,4%, a R$ 82,97 por saca de 60 Kg, e o Março/2021, 13,3%, a R$ 82,31 por saca de 60 Kg. Muitos compradores já demostram dificuldades em encontrar novos lotes de milho no spot e indicam ter margens comprometidas diante do atual preço. Com isso, no dia 16 de outubro, o governo anunciou a suspensão temporária das tarifas de importação de milho e soja. Contudo, ao avaliarem a viabilidade das importações, demandantes se esbarram nas dificuldades logísticas e no dólar elevado. Enquanto a importação é facilitada, o milho brasileiro segue atrativo ao mercado internacional, contexto quem mantém firme as exportações. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros 11 dias úteis de outubro foram embarcadas 2,93 milhões de toneladas do cereal.

Quanto aos preços, nos últimos sete dias, as cotações do cereal registram alta de 8,1% no Porto de Paranaguá (PR) e 9,2% no Porto de Santos (SP). As efetivações para embarques em novembro e dezembro estão lentas. Os preços do milho estão em alta em todas as regiões, mas as valorizações mais intensas são verificadas nas consumidoras, como São Paulo e Santa Catarina, devido a dificuldades em encontrar o cereal para negociar. Nos últimos sete dias, os preços do milho registram alta de 14,2% na região de Mogiana (SP) e 12,1% na de Chapecó (SC). Também há relatos de baixa disponibilidade de cereal no spot do Rio Grande do Sul, fazendo com que os compradores busquem novos lotes de Mato Grosso do Sul, do Paraná e, até mesmo, de países vizinhos, como a Argentina. Assim, os valores do milho na região de Passo Fundo apresentam avanço de 10,3% nos últimos sete dias.

No Paraná, apesar de a colheita da 2ª safra de 2020 ter sido finalizada há poucos dias, os produtores limitam as ofertas e se concentram nos trabalhos de campo. Neste contexto, na região de Ponta Grossa e no norte do Estado, as valorizações nos últimos sete dias são de respectivos 10,1% e 10,6%. Quanto à Região Centro-Oeste brasileiro, a colheita foi elevada neste ano, mas os produtores, aproveitando os altos preços, já comercializaram boa parte da produção, mantendo armazenado o volume restante, à espera de novas valorizações. Em Rio Verde (GO), Dourados (MS) e Sorriso (MT), as altas nos últimos sete dias são de 9,6%, 10,3% e 5,3%, respectivamente. Na Região Nordeste, nem mesmo a colheita regional em estados como Sergipe limitou o avanço nas cotações. Em Barreiras (BA) e em Recife (PE), as valorizações são de 9,8% e de 6,2% nos últimos sete dias.

No balanço das regiões, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 8,7% nos últimos sete dias e de 9,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O cultivo de milho da safra de verão (1ª safra 2020/2021) segue com pontos isolados de atraso, devido ao baixo volume de chuvas em regiões produtoras. No Paraná, boa parte das regiões já está na fase final de semeadura, que soma 86% do total esperado. No Rio Grande do Sul, o tempo seco reduziu a umidade do solo e preocupa os produtores. Ainda assim, não há registros de perdas significativas. Na Bolsa de Chicago, as cotações também avançam, impulsionadas pelas vendas aquecidas à China e pela expectativa de redução da produtividade da safra norte-americana. A colheita alcançou 60% da área estimada até o dia 18 de outubro. Os contratos Dezembro/2020 e Março/2021 registram altas de 3,1% e 2,5% nos últimos sete dias, cotados a US$ 4,16 por bushel e US$ 4,18 por bushel, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.