19/Out/2020
A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com oferta restrita por parte dos vendedores, alta das cotações futuras na Bolsa de Chicago com a redução da projeção de produção no Relatório de Oferta e Demanda dos Estados Unidos (USDA) de outubro/2020, aumento dos volumes mensais exportados pelo Brasil neste segundo semestre e alta do dólar que eleva a paridade de exportação nos portos brasileiros. Os prêmios nos portos para o milho brasileiro registram fortes altas nas últimas semanas, atingindo +US$ 1,55 por bushel, acumulando uma elevação de 80% nos últimos três meses. As cotações devem seguir sustentadas também em 2021, com a ameaça de quebras na safra de verão, diante da confirmação da efetiva instalação do fenômeno La Niña que se estenderá até o outono do próximo ano. As cotações futuras estão em alta na Bolsa de Chicago, com o contrato maio/2021 acumulando incremento de 17,6% desde o início de agosto. Em Chicago, os vencimentos futuros para 2021 estão acima do patamar de US$ 4 por bushel.
No atacado, em São Paulo, o preço do milho acumula uma alta de 13,4% em 30 dias, de 41,4% de janeiro a outubro de 2020 e de 66,8% nos últimos 12 meses. O Indicador ESALQ/BM&FB (Campinas – SP) do milho vem registrando altas consecutivas há 12 dias e atinge R$ 70,30 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o Indicador subiu 4,1% e, na parcial de outubro, 10,5%. O impulso aos valores segue vindo da baixa disponibilidade interna, da maior demanda em todas as regiões produtoras e nos portos e da retração de vendedores, que estão atentos ao clima e ao semeio da safra de verão (1ª safra 2020/2021). Além disso, o avanço nos preços internacionais e o dólar em alto patamar também reforçam a valorização doméstica do cereal, tendo em vista que elevam a paridade de exportação. Esses aumentos nos preços têm preocupado os consumidores domésticos do cereal. Apesar de alguns demandantes se mostrarem abastecidos, estes temem que os valores do milho se mantenham elevados, pelo menos no curto prazo.
Em alguns casos, agentes pagam fretes mais caros para conseguir adquirir o cereal de lugares mais distantes. Nos últimos sete dias, os avanços são de 4,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 3,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Na B3, os vencimentos Novembro/2020 e Janeiro/2021 registram valorização de 4,1% e 3,6% nos últimos sete dias, a R$ 73,90 por saca de 60 Kg e R$ 73,79 por saca de 60 Kg, respectivamente. Mesmo com os avanços nos preços domésticos, os compradores externos seguem firmes nas aquisições do milho brasileiro. Isso ocorre porque os valores internacionais também estão elevados, mantendo o cereal nacional competitivo. No Porto de Santos (SP), principal porto para escoamento do cereal, os preços apresentam alta de 4,2% nos últimos sete dias. No Porto de Paranaguá (PR), as cotações registram leve recuo de 0,4% no mesmo período.
Neste início de outubro, os embarques de milho seguem intensos. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos sete primeiros dias úteis do mês, foram embarcadas 2,05 milhões de toneladas, com ritmo diário de 293,75 mil toneladas. Caso este ritmo permaneça até o encerramento de outubro, as exportações podem somar 6,16 milhões de toneladas, acima das 6,02 milhões de toneladas escoadas em setembro. Na Bolsa de Chicago, os contratos Dezembro/2020 e Março/2021 registram alta de 4,33% e 3,36%, respectivamente, a US$ 4,03 por bushel e a US$ 4,08 por bushel. Esses contratos voltaram a operar nos patamares de janeiro/2020. Essa alta está atrelada à aquecida demanda chinesa. Ressalta-se que os preços do milho na China são os mais altos em 14 meses, devido a especulações indicando aumento na importação do país asiático, após as lavouras terem sido atingidas por tufões no início da temporada.
Além disso, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando redução nos estoques mundiais do cereal também influenciaram a elevação externa. Por outro lado, o avanço nos trabalhos de campo dos Estados Unidos limitou os ganhos na Bolsa de Chicago. Segundo o USDA, ao final da temporada 2020/2021, os estoques devem totalizar 300,45 milhões de toneladas, 6 milhões de toneladas abaixo do relatório de setembro. Essa queda é reflexo, sobretudo, das baixas nas produções dos Estados Unidos e da Ucrânia, que passaram a ser estimadas em 373,94 milhões e em 36,5 milhões em outubro. De acordo com o relatório semanal do USDA, a colheita nos Estados Unidos chegou a 41% da área até o dia 13 de outubro, considerável avanço semanal de 16%. No Brasil, chuvas foram verificadas em regiões produtoras, mas ainda em volume insuficiente, especialmente em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Caso as precipitações não sejam significativas nos próximos dias, a janela ideal para a 2ª safra de 2021 pode se atrasar e as lavouras da safra verão (1ª safra 2020/2021) já semeadas na Região Sul do País podem ser prejudicadas. 78% da área total do Paraná já tinha sido implantada até o dia 13 de outubro, das quais 85% apresentam boas condições. No Rio Grande do Sul, a baixa umidade limitou os trabalhos, que estão em 66% da área estimada para o Estado. Na Argentina, a baixa umidade do solo também dificulta o avanço nos trabalhos. Dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicam que 23,3% da área estimada para 2020/2021 havia sido implantada até o dia 15 de outubro, avanço semanal de 2,5%. O lado bom é que há previsão de chuva para esta segunda quinzena de outubro na maior parte das regiões produtoras do Brasil e da Argentina. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.