31/Ago/2020
A tendência é altista para os preços do milho, com o dólar girando na faixa entre R$ 5,40 e R$ 5,60, demanda interna aquecida no setor de rações, maior movimentação do grão para exportações, além do patamar mais elevado das cotações futuras em Chicago, com receios de que o clima adverso poderá afetar parte das áreas produtoras dos Estados Unidos. Atentos à colheita, à valorização do dólar, à alta nos preços externos e ao maior ritmo de exportação, os produtores brasileiros de milho seguem afastados das vendas e resistentes em fixar valores do cereal junto a cooperativas e cerealistas. Nos últimos sete dias, os compradores têm elevado as indicações para conseguir atrair vendedores e efetivar negócios. Neste contexto, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas-SP) acumula fortes avanços de 3,2% nos últimos sete dias e de 19,8% no mês de agosto, cotado a R$ 60,87 por saca de 60 Kg. Este é o maior valor nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 2004.
Já o patamar recorde real, de R$ 73,20 por saca de 60 Kg, foi verificado em dezembro de 2007 (valores mensais deflacionados pelo IGP-DI de julho/2020). Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 5,9% no mercado balcão (valor pago ao produtor) e de 5,0% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na parcial deste mês, os avanços são de 16,6% e de 19,8%, respectivamente. Os preços em regiões produtoras também operam em recordes nominais da série histórica. Em Goiás, na região de Rio Verde, o milho é negociado a R$ 51,25 por saca de 60 Kg, alta de 22,9% no mês de agosto. Em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, a elevação neste mês é de expressivos 26%, a R$ 57,21 por saca de 60 Kg. No Paraná, na região oeste, o aumento no mês é de 32%, a R$ 55,43 por saca de 60 Kg e em Mato Grosso, na região de Sorriso, a alta em agosto é de 21%, com o milho cotado a R$ 48,14 por saca de 60 Kg.
Quanto às exportações, nos primeiros 15 dias úteis de agosto, foram embarcadas 4,85 milhões de toneladas de milho, já superando em 16% o volume total de julho. Além dos lotes antecipados, os exportadores também seguem ofertando compras para entregas imediatas, levando os preços nos portos a patamares também recordes nominais. O milho é negociado a R$ 57,54 por saca de 60 Kg no Porto de Paranaguá (PR) e a R$ 59,89 por saca de 60 Kg no Porto de Santos (SP), ambos recordes nominais. O governo federal chegou a aventar a retirada temporária da TEC (Tarifa Externa Comum) do milho, mas a medida ainda não está confirmada. Além disso, por enquanto, não devem ocorrer grandes compras externas, tendo em vista o elevado patamar do dólar e os altos preços no mercado norte-americano.
A colheita da 2ª safra de 2020 já foi finalizada em algumas regiões e outras já iniciam o plantio da safra de verão (1ª safra 2020/2021). No Rio Grande do Sul, os produtores ainda avaliam os impactos das geadas. No Paraná, os produtores aproveitaram o tempo seco para avançar com a colheita da 2ª safra de 2020 e iniciar o plantio da safra de verão (1ª safra 2020/2021). Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos de campo avançaram mesmo diante das chuvas registradas em parte do Estado na semana passada. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 21 de agosto, a colheita havia alcançado 49,2% da área estadual, avanço de 11% ante a semana anterior, mas ainda 49% abaixo do verificado na temporada passada. Nos Estados Unidos, o tempo seco e tempestades de vento prejudicaram as lavouras de Iowa.
Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado do dia 24 de agosto mostra que a qualidade recuou 5%, com 64% da área avaliada em condições boas ou excelentes. 5% das lavouras do cereal estão em maturação, 3% acima do registrado em 2019. Preocupações com o desenvolvimento das lavouras e a maior demanda pelo cereal norte-americano estão elevando os futuros negociados na Bolsa de Chicago. Nos últimos sete dias, o contrato Setembro/2020 registra alta considerável de 6,1%, cotado a US$ 3,44 por bushel. Os vencimentos Dezembro/2020 e Março/2021 apresentam alta de 5,6% e 4,9%, indo para US$ 3,58 por bushel e US$ 3,69 por bushel, respectivamente. O USDA indicou vendas de 1,45 milhão de toneladas do cereal na semana encerrada no dia 20 de agosto. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.