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19/Ago/2020

Preços do milho devem seguir sustentados no País

Os preços do milho devem seguir sustentados nos próximos meses. Mesmo com a colheita da 2ª safra de 2020 avançada, a oferta do cereal não tem aumentado no mercado de lotes, e as cotações sobem há várias semanas. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), no pico da colheita, em julho, a média dos preços em Mato Grosso (maior produtor nacional) ficou entre R$ 30,00 e R$ 33,00 por saca de 60 Kg, contra entre R$ 20,00 e R$ 23,00 por saca de 60 Kg no mesmo período do ano passado. Esse patamar deve se manter pelo menos até outubro, quando a safra dos Estados Unidos estará definida e os preços dos futuros na Bolsa de Chicago se ajustarem. Em Mato Grosso do Sul, os produtores apostam em preços mais altos e não se interessam por fazer negócio a R$ 48,00 por saca de 60 Kg, nem a R$ 50,00 por saca de 60 Kg. Preferem esperar. Até a última sexta-feira (14/08), as indicações de compra no Estado chegavam a R$ 46,00 por saca de 60 Kg, ante R$ 40,00 por saca de 60 Kg no fim de julho.

A sustentação das cotações nas diversas regiões vem, em boa medida, da ampla comercialização antecipada da 2ª safra de 2020. Em Mato Grosso, até maio, 80% da produção estimada para o Estado, de 33,272 milhões de toneladas, já tinha sido vendida. Dois fatores levaram a isso: a escassez de milho no mercado interno desde o fim do ano passado, com forte exportação, e a demanda externa aquecida também este ano. Além disso, o câmbio é favorável. A moeda norte-americana acumula alta de cerca de 5% em agosto e de 36% em 2020. As melhores condições da BR-163, que reduzem o custo de transporte até o terminal fluvial de Miritituba (PA), são outro fator de estímulo às vendas para o exterior. Miritituba recebe parte da produção de Mato Grosso destinada à exportação, que segue em barcaças até portos da região. A necessidade das usinas de etanol, que na Região Centro-Oeste têm o milho como matéria-prima, é mais um elemento de sustentação do mercado. As usinas devem fazer novas compras nos próximos meses.

Os Estados que mais consomem o etanol de Mato Grosso, São Paulo e os da Região Norte, começam a superar a pior fase da quarentena e ensaiam um retorno gradual das atividades econômicas. A colheita em Mato Grosso do Sul, Estado que disputa com Goiás a terceira posição nacional de produção de milho, está atrasada em relação à do ano passado: até o dia 6 de agosto, alcançava 31% da área plantada, contra 88% há um ano. Algumas empresas chegaram a propor um "pacotão" de negócios, com embarques previstos para setembro, outubro e dezembro, mas a ideia não despertou interesse dos produtores. O produtor está capitalizado e não tem interesse de vender agora. Em Goiás, esse controle da oferta pelos produtores fragiliza em especial as indústrias locais. Quem está mais apertado (com menos estoque) é o mercado interno, menos posicionado (adquiriu menor volume de milho de forma antecipada).

Ao mesmo tempo o mercado de proteína animal está aquecido e os embarques para o exterior continuam fortes. Em Goiás a retirada do cereal do campo equivale a 70% das lavouras. O que falta da safra de milho de Mato Grosso para ser comercializado, cerca de 10%, será disputado por consumidores domésticos (de alimentos), indústria de etanol e exportadores. No Paraná, segundo maior produtor, a colheita da 2ª safra de 2020 atinge 51% da área, enquanto a comercialização antecipada abrange 42% da produção esperada. É o número de negociação mais alto para esta época do ano da série histórica do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). Em julho de 2019, 35% da produção do Estado tinha sido vendida. Nos dois anos anteriores, esse percentual foi de 19%. Não há garantia de que o volume de safra ainda por vender estará disponível ao mercado, pois boa parte já está comprometida para cooperativas do Estado. Quem tem contrato com cooperativa não necessariamente travou o preço. Além disso, o Paraná colherá 1,6 milhão de toneladas a menos do que o previsto inicialmente. A produção da 2ª safra de 2020 está estimada em 11,4 milhões de toneladas.

Em tese, restariam 6,6 milhões de toneladas por vender. Será muito difícil haver uma pressão sobre os preços só por causa desse volume. Pode ter oscilações para baixo, mas pontuais e não significativas. No segundo semestre, tradicionalmente há maior consumo de milho porque um número maior de suínos e aves está em processo de engorda, de olho nas festividades do fim do ano. Esse ano está atípico, mas, mesmo assim, provavelmente haverá uma retomada do consumo, com uma possível migração da demanda por carne bovina para carne suína e de aves, cuja base alimentar é milho. Além disso, há perspectiva de aumento das exportações de carne suína no segundo semestre e alguns frigoríficos estão sendo abertos para atender à aquecida demanda externa. Há outro detalhe relevante: a profissionalização da produção de milho 2ª safra no Paraná nos últimos cinco anos. Hoje, o produtor investe mais em tecnologia e tratos culturais para aumentar a rentabilidade obtida com a cultura. Isso também se reflete na comercialização, pois ele quer canais que paguem melhor. Quem puder vai adiar um pouco mais os negócios. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.